quarta-feira, 26 de dezembro de 2018 | Filed in:
- Pai, vamos vestí-lo de
Papai Noel, para entregar os presentes às crianças, aceita?
Aceitou!
E foi uma festa! Magia misturada com o real, oportunizando criatividade,
imaginação, parceira e brilho no olho. O vô Ico, pela primeira e única vez “de
Papai Noel”, encantou os netos: meus filhos e minha sobrinha afilhada! Todo
mundo sabia de quem eram aquelas canelas finas!!!! No entanto, o personagem tem
força, tem magia e todos ficamos emocionados com a presença do Papai Noel em
nossa casa, naquele ano.
Neste
ano de 2018, assumi meu desejo de vestir a roupa, assumir o personagem e qualquer
censura que pudesse ocorrer! Eu me vesti e me senti Mamãe\Papai Noel!!!!
Muitos Natais passaram entre
um e outro momento. Agora eu estava ali, no lugar do meu pai, como se o tempo
não houvesse passado... mas ele passou! Não temos mais o vô Ico; antes, eu era só mãe e com todos os filhos juntos.
Agora, sou mãe de filhos crescidos e liberados da minha “saia” e fui promovida,
sou avó! Mas senti a mesma magia!
Adoro os círculos! E seu
movimento na vida. Observo como as coisas circulam, enquanto o tempo passa e,
como, de repente, nos reencontramos numa mesma esquina ou situação. Este viver
em círculos é fantástico, surpreendente e desafiador. No mesmo lugar, outra
vez... mais velhos, modificados pelas experiências, tendo ou não feito os
aprendizados sugeridos; mas, de algum modo, sutil ou escancaradamente, na mesma
situação! Bom é perceber quando isto
acontece e ter a opção de escolha: superar, transcender, enriquecer porque
amadurecemos, aprendemos ou, repetir, porque
ficamos aprisionados ou vitimizados naquele lugar.
Neste ano tão cheio de belos
voos, emoções desencontradas, revelações e desnudamentos em todos os âmbitos; vestir a pele da
Mamãe\Papai Noel foi um resgate interno: o sonho e a esperança precisam arder!
E passe o tempo que passar; aconteça a dor que acontecer, sempre é o tempo de
semear amor!
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018 | Filed in:
Soube que um dia, numa cidade do RS, um menino, passeando
pela rua, de mãos dadas com o pai, de repente gritou:
-
Pai, pai, paiêêêê!!!! Olha lá! Olha lá!!!!
-
O que foi, filho?
-
Olha lá, pai! O HOMEM QUE PEDALA DEITADO!!!! Vamos lá!!!! Quero
pedir um autógrafo pra ele!
E
eles abordaram o HOMEM... E não só ganharam um autógrafo como conversaram com
ele e iniciaram uma camaradagem; destas precedidas por uma admiração secreta. A
pessoa admira, daí conhece e gosta mais ainda! E pode virar amizade das
grandes! Certamente porque o sujeito admirado, no caso, além da qualidade de
“pedalar deitado”, é boa gente; gente que tem o coração nos olhos e voz
embargada por qualquer coisa.
Descobri que pelas ruas e estradas do RS e,
também atravessando fronteiras, com olhos “encharcados de horizontes”, pedalava deitado
em tardes nostálgicas de sábado; ou manhãs silenciosas de domingo ou no
entardecer, em dias de semana, quando o sol está mais calmo e o horizonte
enfeitado de cores, abrindo espaço pra quietude, reflexão e tomadas de
consciência. Soube, também, que lá de quando em quando, ele se encontra com
outros de pedal e pedalam juntos, partilhando percursos, estradas, desejo,
alegria! Em todas estas incursões, constatações importantes do ciclista-cidadão
em relação ao trânsito: desrespeito aos pedestres e ciclistas e aos espaços
destinados a eles; às faixas de segurança; o desleixo para com estradas e o
desprezo para com a natureza e suas criaturas às margens das vias públicas. Mas
também, constatações especialíssimas do ciclista-cidadão-ser humano a respeito
de responsabilidade, sonho, amizade, respeito, humildade, singularidade,
desafios, superação, aprendizado, cooperação, sintonia, exercício físico,
contemplação e belezas naturais.
Aí,
fiquei curiosa! Muito curiosa para conhecer tal figura! Na minha imaginação,
ele já estava transformado num “super-herói”: um cara “super” do bem; superando
limites, obstáculos internos e externos e, “de lambuja”, como dizia meu pai,
ajudando quem precisa, com o que dá e pode! E até o que não pode! Porque,
investigando, soube que é dos caras que, também como dizia o meu velho Ximitão,
“se não tem sobrando, tira a camisa do corpo para dar a quem não tem”.
As
suspeitas eram de que ele devia ser das “bandas” do Noroeste do RS, lugares
onde ele era visto com maior frequência e também onde fica a minha cidade
natal; fui investigar e descobri, pasmem, a identidade do HOMEM QUE PEDALA DEITADO!
Na verdade, nem fiz muito esforço, porque não era nada secreto!
O HOMEM QUE PEDALA
DEITADO é singularíssimo! E,certamente faz parte do time dos heróis modernos!
Destes de “carne e osso”; que trabalham “de sol a pino”; que não têm preguiça!
Destes que “vestem a camisa”; que têm palavra; que honram o “fio do bigode”
mesmo não tendo bigode! Destes que não nadam com a maré; dos que “não vão com
os outros”, ou seja, “na onda” dos outros! Dos que se preservam. Preservam
vida, a força, a saúde, o movimento, a atenção, a identidade, a
individualidade, a emoção e sensibilidade e, a justeza das coisas. Destes que
ainda sabem trocar uma lâmpada, trocar uma torneira, uma telha; cortar
a grama, trocar um pneu; coisas dos homens “das antigas” e ainda
trocar uma fralda, ajudar na cozinha, se preciso, coisas dos homens “modernos”! E
encontram tempo e prazer em dar atenção, passear, tomar sorvete; brincar, rolar
no chão e escorregar, em morros gramados, em cima de um papelão, com os netos...
Ele é parceiro bom de jornada: de pedal e de vida! Tem lá
suas questões, como todo mortal. Mas é o tipo do cara com quem você pode
contar; que diz coisas assim: “tamo junto” com cara de quem está mesmo junto
contigo! E isto dá força, coragem, ânimo para quem escuta!
Vou conhecendo e me encantando com as
proezas deste HOMEM QUE PEDALA
DEITADO; admirando sempre mais o
ser humano brilhante que habita ali dentro e que eu conheço há muito tempo; meu
mano véio! Um querido!
domingo, 9 de dezembro de 2018 | Filed in:
“Doce é sentir
em meu coração,
humildemente,
vai nascendo o amor!
Doce é saber,
não estou sozinho,
sou uma parte,
de uma imensa vida...
O céu nos deste,
e as estrelas claras;
nosso irmão Sol,
com nossa irmã Lua;
nossa mãe Terra,
com Frutos, Campos, Flores;
o Fogo e o Vento,
o Ar e a Água pura;
fonte de vida
de toda criatura”...
O
poema é lindo! Desde que o ouvi, pela primeira vez; num filme: “Irmão Sol, irmã
Lua”, lá na adolescência, nunca mais esqueci. Amo! Tocou e inquietou meu olhar
e meu coração para sempre.
Amar
implica ser humilde. Sendo arrogantes, sabichões, egoístas e preconceituosos,
nunca entenderemos, nem aprenderemos, nem viveremos. As guerras, a violência em
todas as suas manifestações, o feminicídio, o genocídio, a homofobia, a
hipocrisia, a miséria, a injustiça, a dor e a exclusão do diferente... bem o demonstram.
Amar
implica ser humilde para VER, SENTIR, RECONHECER o outro, seu valor. Um duro e,
ao mesmo tempo, doce aprendizado. De um ângulo, considero que estamos muito
longe disto. Mas de outro, quando observo nossas crianças, muitos jovens, adultos
e belas semeaduras: aqui, ali, no mundo inteiro e, vejo brilho e encanto em
muitos e tantos olhos; me reanimo!
Vibrei e fortaleci com
as palavras simples e sábias de um pescador aqui, de nossa
região, que esteve na escola, semana passada, conversando com uma turma de
alunos: “a vida não pode desanimar”!
Gosto
de imaginar e perceber a vida como sendo um aprendizado num acolhedor
“Quintal”; onde uns jogam bola, outros sobem em árvores! Uns deslizam pela
rampa; outros pelo escorregador e outros balançam! Uns leem nos cantinhos,
outros escrevem, contam histórias, ensinam e calculam! Uns desenham; outros
constroem casas, castelos, ruas! Uns observam, investigam, fazem misturas para
ver o que acontece! Uns brigam e outros ajudam a atualizar e reconciliar! Uns
caem, outros se machucam e outros, ainda, dedicam-se a cuidar. Um cantam,
dançam, pulam; outros dormem ou assistem! Uns dirigem carinhos; outros,
cadeiras e outros, ainda, uma caixinha, uma bicicleta, um avião ou um sonho,
uma imaginação! Uns se rebelam, questionam, transgridem e aprendem, no seu
tempo, sobre causas e consequências; sobre pedir desculpas, desculpar; sobre
desafiar-se e tentar; modificar! Uns sentem medo, paralisam, ficam doentes e
sofrem; alguns confortam, colocam-se no lugar do outro e animam, tratam, curam.
E alguns, simplesmente contemplam as nuvens a sonhar e poetar! Todos
deparam-se com limites, regras, leis, diferenças e aprendem, no seu tempo e
ritmo, a respeitar, perseverar, transformar, superar!
Gosto
de imaginar a vida como este luminoso e acolhedor “Quintal”; onde cada um é
como é; como se esforça e consegue ser. Onde há escuta, alegria, ombro e colo.
Liberdade para ir e vir; chorar e rir; ficar em silêncio ou tagarelar.
Quietude, espaço e vez.
Gosto
de imaginar a vida, esta que “não desanima”, como sendo este “Quintal”
de labuta; de movimento, experimentação, reflexão e criação; sob o olhar
amoroso, protetor e justo da mãe Terra, do irmão Sol, da irmã Lua, das irmãs
Estrelas e dos irmãos Elementos: nossas fontes de vida!
Gosto
de sentir que, assim, gradativa e humildemente, vai crescendo amor, em mim; em
ti e em quem desejar!
terça-feira, 4 de dezembro de 2018 | Filed in:
- “Vovó”!
- Hum...
- “Sabe o que eu estou pensando”...
Tirei meus olhos das panelas e olhei para a
pequena, que já estava há um bom tempo sem falar, brincando com slime...
- O que você está pensando, querida?
- “Eu estou pensando que se os
ladrões, naquele dia, tivessem lido o que está escrito, ali, na geladeira, eles
não teriam roubado nada, aqui na tua casa”...
Eu sabia a que ela referia. Em 2016; trabalhamos e partilhamos
uma mensagem com familiares queridos, durante o Advento. Na época, anotei a
mesma no bloquinho de recados, na geladeira e ela permanece ali. Ninguém apaga!
De lá para cá, recados e lembretes são registrados no curto espaço ao redor;
mas ninguém fala ou apaga a mensagem, ninguém se atreve! Acredito que foi
um combinado entre corações!
Como sempre acontece, o comentário inusitado da
pequena, mexeu fundo comigo. Escuto com atenção e prazer tudo o que esta minha
neta me fala. E, em relação a este assunto do assalto, tenho andado preocupada...
O fato se deu no domingo, dia do segundo turno das eleições deste ano. Enquanto
votávamos, ladrões invadiram nossa casa. Quando chegamos, encontramos a mesma
toda revirada! Foi algo extremamente chocante para nós, adultos; imagine para
ela, que estava conosco!
Difícil tratar deste assunto, especialmente com uma
criança. Bom se pudéssemos poupar os pequenos destas violências... de todo e
qualquer tipo de violência!
Os ladrões, entrando em nossa casa,
não invadiram somente o imóvel; invadiram meu íntimo, levando coisas preciosas,
que não têm preço; produzindo uma dor que ainda não consigo nomear. Mas não
sinto raiva, ódio. Por enquanto, só tristeza e luto. Lamento
esta realidade. Triste realidade a que todos estamos submetidos,
cotidianamente.
Combinamos, entre os familiares, não tocar no
assunto em presença da pequena e nos mantermos atentos às reações dela.
Observei que cada dia, comigo, algo aparecia: um comentário, uma pergunta, um
medo, uma insegurança, um olhar fazendo uma varredura atenta no ambiente, etc.
E hoje, expressou este pensamento! Algo mais profundo. Vindo com reflexão. Não
só do instinto.
Ela podia ter concluído, como muitos, que: “ih,
vovó, de que adianta você rezar por nós... isto não impediu esta coisa ruim
acontecer... não adianta ser bom, etc. Mas não! Ela só disse que “se tivessem lido, não teriam
roubado”! E nisto, eu vislumbrei esperança! E eu encontrei palavras:
- Verdade! E sabe que eu acho que eles leram!
Ela me olhou, atenta!
- Acho que sim, querida! Eles entraram na casa
através de uma janela do quarto da vovó, na parte de cima e pegaram coisas que
estavam lá, né? Então, quando chegaram aqui embaixo, na cozinha; é bem provável
que tenham visto a nossa mensagem e foram embora! Não levaram nada do que
estava aqui!
E não levaram mesmo; nem mexeram na cozinha.
Não sei se fiz certo, falar assim. Fiz o que o
coração inspirou e senti que para ela, ouvir isto, foi bom; relaxou. E foi isto
que importou, para mim, no momento. Em outros “amanhãs”, certamente ela fará
novas perguntas, reflexões e associações. Aí veremos. Será outro dia e nós
duas, o acréscimo de outros dias e experiências.
Mas hoje!!!! Hoje foi especial. A sua fala animou
minha crença e minha esperança. Maria Margot acha que, se os garotos, sim
porque as evidências indicam que foram jovens; soubessem que deviam semear
amor, não teriam assaltado nossa casa! Ela não sabe, ainda, que esta é uma
realidade extremamente complexa. De minha parte, tenho preocupação. Muita! Como vamos resolver e tratar
esta violência que ganha espaço e parece já nascer dentro de alguns indivíduos? Penso
muito sobre isto e sobre as causas.
Minha neta, como é natural nas crianças, fez uma
generalização: quem lê, sabe. E sabendo, faz ou não faz; escolhe.
Simples.
Ela ainda vai aprender que acessar à leitura, para
muitos e muitos, não é assim fácil como foi para ela; que não é
porque um sujeito lê, que se pode dizer que sabe. Saber passa por muitas conquistas, que estão relacionadas ao
desejo, às oportunidades, à reflexão, à autonomia, à autoestima, à saúde, ao
respeito e valor que lhe dá o outro, ao exercício cotidiano de questionamento, investigação,
experimentação e reelaboração de conceitos, preconceitos e limites; à
generosidade e ao benquerer recebido ou não. Sem falar do exemplo, das
atitudes, do jeito de “ser” dos que estão educando o sujeito.
Crianças fazem isto: ora nos deixam sem palavras,
sem ação; ora inspiram palavras e pensamentos sem fim... sou grata! Tem sido um
privilégio conviver e aprender com alunos, filhos e agora com Maria. Nos
momentos mais insípidos, eles estão ali, lembrando sobre o que semeamos e sobre
o valor da semeadura; resgatando nossa fênix, nossa alegria e esperança!
Maria, num momento ímpar, sublime; atualizou nossa
tristeza e, ao mesmo tempo, resgatou a minha, a nossa crença mais profunda: que
semear amor é o melhor jeito de
transformar e melhorar os sujeitos e o mundo!
Agora, estou aqui, imaginando a continuidade desta nossa
conversa... sobre como se semeia amor e onde encontrar as sementes!!!
Maria, eu te amo!
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018 | Filed in:
Advento!
Adventus!
Advenire!
Gosto
imensamente
deste
tempo!
Aos
sessenta,
contabiliza
fundo
esta
experiência
de
vida, de mundo,
de
repetição e de crença.
Revisar
é preciso,
imperioso;
vem da alma!
Tudo
do mesmo jeito,
mesmo
tom,
mesma
resposta,
mesmo
feito,
não
dá.
O
mundo gira,
a
vida passa...
Tantos
encontros
e
desencontros interferem,
marcam,
transformam
e
num piscar de olhos
não
somos mais como antes.
A
mecanicidade parece conforto,
mas
não é! Ela espinha, maltrata.
Quem
eu sou, agora,
merece
outro trato!
Merece
o novo que se anuncia
na
inquietude interna
e
nas luzes, enfeites,
nos
perfumes e cores,
nas
demandas externas.
O
novo é este menino
que
nasce e nasce de novo!
Não
nasce fora, nasce dentro;
na
simplicidade, na quietude,
na
maturidade forjada
e
tem pensamento, tem sentimento
de
menino, de criança;
que
eu quero, que eu sinto
e
que me encanta:
olhar
curioso e de respeito;
palavra
útil, sincera;
atitude
ética, generosa;
interação
tranquila,
partilhada,
gentil
e amorosa.
quinta-feira, 22 de novembro de 2018 | Filed in:
Bailarina!
Com
o vento
gira no movimento;
com
a música
revira
sentimentos!
Equilibra
peso,
palavra
na ponta da língua
desconforto
na ponta do pé.
Baila
alinhada,
comportada;
nada
fora do lugar,
nenhunzinho "cabeloflor" sequer.
É flor bailarina!
Dança,
gira,
revira,
equilibra
e
revela
sensibilidade
sensibilidade
talento,
amor
à
música,
à
dança
à
natureza mulher,
à
vida:
esta
borboleta dançante
em metamorfose constante,
despetalando-se
cotidianamente em flor:
bem-me-quer
malmequer...
cotidianamente em flor:
bem-me-quer
malmequer...
terça-feira, 20 de novembro de 2018 | Filed in:
O outono iniciava
mas foi um restinho de
primavera
que festejou em meus olhos,
aquecendo a manhã geladinha:
uma explosão de flores!
Não em canteiros;
mas em esculturas!
Esculturas de flores!
De repente, a vida
descansou,
meu olhar quedou
o joelho dobrou...
- “É a Te Fiti, vovó!” –
diria Margot...
Do meu mais íntimo
brotou um soluço
que, incontido,
virou correnteza
de emoção, de lágrima...
Era ela, sim!
Plasmada em flores,
bela! Sorrindo para mim!
O eterno feminino!
A Grande Mãe Natureza!
Doce! De olhos cerrados
vasculhando minha alma,
com uma delicadeza de doer...
Mãe amorosa!
Grande Mãe!
Provendo com amanheceres,
sol, água, possibilidades!
Com a fertilidade da terra,
com os talentos individuais,
com as singularidades!
Me deixei envolver,
abraçar e ali ficar...
entregue e esquecida de mim;
mergulhada nesta maternagem
que me liga aqui, lá e a ti!
Ai que cansaço,
irmãos de ventre,
que me deu ali!
Das querelas,
das injustiças,
do medo,
das asperezas e engodos.
Depois do cansaço,
o silêncio do vazio...
Ali, então, ela semeou!
E, de lá para cá
meu desejo é sair por aí
esculpindo, com abraços,
um sem fim de belezuras !
quinta-feira, 8 de novembro de 2018 | Filed in:
No
sábado passado, apareceram dois gatinhos pretos, bebezinhos. Um,
bastante ativo e chorão; outro, tranquilo e dorminhoco.
Trouxemos
para dentro de casa; demos leitinho com conta-gotas, acarinhamos e aplicamos
“reikinho”, como diz a netinha Maria Margot. A primeira noite não foi nada boa. O
Chorão não sossegou. Mas seguimos a rotina, alimentando, cuidando.
A
segunda-feira amanheceu com os miados de uma gata adulta, pelas redondezas. A
suspeita foi a de que era a mãe dos gatinhos, procurando por
eles! Mais tarde, chegou a notícia de que também havia um gatinho
abandonado, miando embaixo da rampa, na escola, ao lado de nossa casa... e que
quando foram resgatá-lo, não o encontraram mais. A hipótese era a de
que a mãe viera buscá-lo. Será?!
Acendeu
uma esperança! Se fora isto, então era provável que a gata viesse em busca dos
que estavam conosco. Retiramos os gatinhos de dentro de casa e os deixamos à
vista, no quintal, dentro de uma caixa. Ficamos escondidos, vigiando. Eu tinha
preocupação; moramos no abraço de uma floresta; outros animais poderiam vir
atacar os pequeninos... felizmente, isto não aconteceu!
Na
segunda, à tarde, a mãe apareceu! Também preta. Ela entrou em nosso quintal e
miava desesperadamente; mas não aproximou-se dos filhotes. Foi embora. Naquela
noite, depois de alimentá-los, nos arriscamos deixar os dois filhotinhos fora
de casa; acreditando que a gata só viria pegá-los se não estivéssemos perto.
Dormi pouco, apreensiva, escutando o Chorão.
Logo
cedo, na terça, vimos que um deles, o Tranquilo, não estava na
caixa! E que o Chorão, chorava ainda mais desconsolado! Que
barbaridade! Mas por que a gata não levara os dois filhotes? Durante o resto do
dia, o Chorão ganhou muito colinho, “reikinho”, papinha e cuidados especiais de
todo mundo. Aquietou um pouco. À noite, resolvemos dar uma última chance à gata
mãe e deixamos, novamente o Chorão do lado de fora, na caixinha... Perto da
meia noite, não escutando mais os miados, fomos averiguar... ele não
estava mais na caixa! Então ela viera!!!! A mãe gata! Linda! Veio atrás e fez o
resgate dos filhotes perdidos!!!! Demais!!!
Que
coisa! O que teria acontecido? Os vizinhos próximos
não sabiam do que se tratava. De onde vieram os gatinhos? Quem tentou separar
esta mãe e seus filhotes? E como esta gata veio atrás? Que amor e grande
paciência moveu esta mãe para resgatar os filhos!!! Haveria outros gatinhos espalhados pelas redondezas? Mas, e se não foi a gata, quem pegou os
filhotes? Por vezes este pensamento me assalta... porém as evidências apontam
para o resgate e meu coração, apesar do “batalhar das antíteses”, lá na mente,
está sossegado!
E
eu gosto de imaginar esta “mãezona”, heroína, solitária e enlouquecida de
dor... mas corajosa! Procurando suas crias... investigando cada canto, cada
cheiro, cada miado... desafiando obstáculos; enfrentando a maldade e a má
vontade humana; virando “mundos e fundos” para recuperar seus filhotes! Para
estar com seus filhotes, apesar da adversidade e daqueles que se julgaram no
direito de separá-los!!!! Já estávamos nos apegando aos gatinhos, fazendo
planos para integrá-los aos nossos outros gatos... mas nada pode ser melhor
para eles do que estar com sua mãe! Ainda mais uma mãe destas! Vida longa ao
Chorão, ao Tranquilo e sua mãe guerreira!
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