quinta-feira, 22 de março de 2018 | Filed in:
- O que será que está
"escrito" ali, profe?
Referia-se às inscrições
rupestres que investigávamos no Museu Ao Ar livre do Costão do Santinho,
Floripa.
O mar sabia, mas eu não. E
ele nos contemplava, silencioso, ciumento dos segredos que guardava e, ao mesmo
tempo, curioso, olhos brilhantes e desafiadores: eu saberia ler? Intuir?
Imaginar?
Tentei. Fechei os olhos e
tentei esquecer minha ralidade, minha história, meus aprendizados e buscas.
Tentei me concentrar apenas na brisa, no canto de algumas aves navegando o azul
solitário e nas águas do mar
espalhando-se no infinito e por entre as rochas e na areia silenciosa da
praia... Que significantes tiveram para os nossos ancestrais? O que lhes falaram
as tempestades noturnas? As ondas inconstantes? As gigantestas rochas? O interior
das matas, seus incontáveis tons? As noites estreladas? O lamento do vento; a
cantoria da chuva? O que seus olhos viam e que inquietudes ardiam em sua alma diante do sol surgindo no
horizonte? Da lua espelhada nas águas? Da maré ondulante? Da alternância do
frio e do calor? Da impotência diante da dor; da ignorância diante dos
sentidos, dos mistérios da vida e da morte?
Um fio de emoção percorreu e
unificou meu corpo. Depois, diluí no momento...
Agora, atrevo-me, sim, a
dizer o que eu sinto: são inscrições poéticas! Certamente, entre os primitivos, também
havia os inquietados, os apaixonados, os doidivanos que ansiavam expressar o
que lhes fustigava as entranhas, numa tentativa de inscrever, de traduzir o intraduzível.
Riqueza maravilhosa! Um
ponto, uma possibilidade de encontro... como assim é, até hoje, a escrita. Maravilhoso este "interseccionar" singular dentro e fora, passado e presente, a vida e sua grafia!
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