sábado, 8 de fevereiro de 2020 | Filed in:
Ouvi meus filhos, meu marido, meus irmãos e sobrinhos expressando carinho,
respeito e gratidão pela vó Ica e isto encheu meu coração de alegria! Porque
considero vital este “pertencer”, o estar, importar-se, valorar, respeitar e
cuidar um do outro; reconhecendo e atualizando diferenças, as dificuldades, os
limites, as imperfeições de um e de todos, das crianças aos velhos. Não
acredito no apontar; acredito no estender a mão! No olhar, escutar, perceber,
perdoar e recomeçar. Mas nem sempre as coisas são como gostaríamos. São como
podem ser, porque temos o direito sagrado, graças a tantos e tantas lutas, de
escolher; de ir e vir! E nisto de escolher, por vezes descuidamos, magoamos,
rejeitamos... deixamos de ver, escutar e nos afastamos. Por isto, ainda, em
nossa cultura, muitos idosos estão à margem. Esquecemos que um dia seremos os
velhos.
Há um
livro, belíssimo, do Valter Hugo Mãe: “A máquina de fazer espanhóis”... “ele
conta a história de um barbeiro que aos 84 anos perde a esposa e se sente
desolado, assustado, descontrolado, com raiva por sua filha nem ter esperado
superar o luto de sua esposa e ter lhe colocado em um “lar para idosos”, longe
de seus pertences, distante da memória de quem um dia fora, como um inválido.
Ler o livro é não deixar de pensar sobre nossa própria velhice, sobre o futuro.
É pensar em quem você foi e quem agora é... Ler esse livro é também lembrar dos
avós que você não mais conversa e que devem ter um mundo de vivências das quais
você não mais se dá conta quando passa rápido por eles, e só acena um rápido
“oi”. Um livro imperdível! Oportuniza extensiva reflexão e um encontro muito
verdadeiro com a realidade.
E hoje, no dia do aniversário da minha mãe, eu me sento inflada de gratidão por
todo carinho e cuidados que ela teve para comigo, meu pai, meus irmãos,
sobrinhos e com meus “filotes”, desde sempre! Dentro de suas possibilidades. E
me ponho a pensar, refletir; comparando a jovem que ela foi com a senhorinha
que hoje é... vislumbrando e fazendo minhas leituras sobre a passagem do tempo,
ali, nas marcas, postura, atitudes, olhar, mãos da nossa vó Ica ... Ah! Tanta
coisa, ainda, para trocar, com ela... E atualizo, renovo, com urgência, meu
desejo de estar junto, conversar, rir, ouvir e relembrar histórias... Curtir
sua presença! Feliz aniversário, mãe! Belos horizontes para todos nós, juntos!
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