domingo, 25 de abril de 2010 | Filed in:
Por vezes, vivenciamos uma sequência de momentos verdadeiramente densos, que exigem muita abertura, disponibilidade, paciência, tolerância, compreensão, respeito... numa tentativa de manter o entendimento, a ética, a educação, o clima e a convivência suportável. Em muitas situações como estas, eu pensava, antes, que silenciar, renunciar ao que eu sentia sobre o que acontecia, mesmo que doesse ou fosse duro, era em benefício de algo maior: o consenso, a paz, a harmonia, o bem comum acima do bem individual e em última análise, amor ao próximo. Eu sempre evitei o confronto. Sempre escolhi brigar comigo mesma e viver o inferno interno; do que brigar com o outro e viver o inferno externo. Avaliando o que já passou, acho que em alguns momentos, acertei. Mas, em outros, grandes e inúmeros outros momentos, errei e o que pensava ser compreensão, era covardia ou então infantilidade ou babaquice mesmo! Vejo acontecer com outras pessoas e especialmente comigo, agora, uma crescente indignação e intolerância para com o radicalismo, a arrogância, a grosseria, a falta de respeito, os dogmas, os tabus, o falso moralismo, os preconceitos, o fanatismo, os fechamentos, os julgamentos antecipados e orgulhosos; o apontar deleitosamente o erro ou a fraqueza do outro... o subestimar a compreensão e capacidade do outro; as mesmices, os lugares comuns, a mediocridade, o desdém e menos valia dirigidos a tudo que vem do outro..., todas estas coisas nojentas que estão tanto fora quanto dentro de mim. Vejo meu coração se rasgar neste desejo de crescer e neste momento eu sinto que posso fazer algumas coisas diferentes; posso torcer pelo Grêmio, mesmo sendo colorada; posso ouvir e até mesmo fazer críticas ao Lula, mesmo sendo uma grande e antiga admiradora dele; posso adotar e usar um livro didático com meus alunos, depois de mais de trinta anos resistindo e produzindo meu próprio material pedagógico; posso ouvir e me encantar e aprender com palavras e ensinamentos de líderes, mestres, pessoas de outras religiões e filosofias e escolas; posso aceitar as escolhas singulares dos meus filhos, tão diferentes de mim. Mas ainda é tão pouco e o caminho neste aprendizado tão grande... Descubro que segurança, fora da gente não existe, só existe mesmo dentro da gente, na consciência. Assim como todos os outros sentimentos, nobres ou não. Em algum momento nos deparamos com a consciência e é ali o acerto; é dali que vem o nosso sossego ou a nossa inquietude. Se vale a pena morrer por um sonho, por um desejo, por um ideal, por uma missão, é ali que se decide. Mas isto é pessoal, intransferível. Não dá para impor. Dá para partilhar e conquistar. Aprender a respeitar... antes mesmo de aprender a amar! O respeito antes de tudo. Conversamos sobre isto todos os dias, eu e meus alunos: não precisa amar, porque isto vem do coração e a gente pode até aprender, se desejar. Mas respeitar precisa, é obrigatório! Se não, a gente não vai a nenhum lugar e não ir a lugar nenhum é morrer.
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