109 - Laços (1)

       “- Que quer dizer “cativar”?
       - É algo quase sempre esquecido – disse a raposa. – Significa “criar laços”...
       - Criar laços?
      - Exatamente – disse a raposa. – Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
     - Começo a compreender – disse o pequeno príncipe. – Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...".
     Algo assim, tão belo, merece um tempo! O tempo de um deleite! Simples! De uma simplicidade que tira o chão porque, de repente... o grande enigma é isto. E pronto! E isto é tudo! E o tudo é este sossego que a compreensão disto, dentro da cabeça, dos olhos e do coração, produz. Instantâneos de alegria, de felicidade, estes laços invisíveis que se instauram - a partir do momento em que alguém se torna único para mim e me torno única para alguém e - toda vez que eles se atualizam nos encontros, sejam cotidianos, sejam tão raros quanto orquídeas florescidas. E de quantos únicos se encontra preenchido o coração da gente?! Neste frio, que delícia recordá-los, torná-los presentes! Aquece. Enternece. Humaniza. Preenche. Significa. E dá saudade. Muita.

 


Minha foto
2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

Arquivo do blog