quinta-feira, 16 de junho de 2011 | Filed in:
Eu, no meio, observando... o sol me abraçando tão gostoso que deu até vontade de fechar os olhos, fazer um soninho; mas tinha tanta coisa ali para ver... E me deleitei olhando pro mar! Tão lindo! Tão lindo! Suave na cor e no movimento... invadindo o coração com mansidão, sossego; produzindo tanta ternura, tanta... instantes de tocar no paraíso! Quanta diversidade ao redor, jeitos e formas e cores. Silhuetas, posturas, passitos, ritmos, caminhares, singulares! Quantas leituras podia fazer! Tão bom ler livros! Mas que delícia ler pessoas!!! De outro lado, carros apressados zoando que o tempo urge, que o tempo é dinheiro, que tudo era para ontem! Eu no meio. Que sensação deliciosa não estar misturada a nenhum lado e poder observá-los e amá-los nestas diferenças. Vinha de lá, pelo calçadão, um velhinho, ereto e com “tranquinho” compassado, ímpeto contido pelas limitações da idade, mas visível ainda. Eufórico no celular! Coisinha fofa! Ainda vibrando, planejando, fazendo coisas, ágil no desejo e na vontade. E ia para lá uma senhora, de aparência “poquito más” jovem; cabisbaixa, arqueada pelo peso e por uma melancolia que me alcançou. Ela tinha frio e se encobria e escondia, do dia, atrás de imenso cachecol. Andava ofegante e parecia não ver, não se importar, não sentir nada além do que lhe ia nas entranhas. Eles se cruzaram, mas não se viram. Que pena! Reflexos dos aros de uma bicicleta puxaram meu olhar para a praia e fiquei acompanhando por instantes o giro ininterrupto das rodas, sulcando a areia, elegante... a vida girando suavemente, produzindo e deixando marcas. Em cada um, de um jeito. Quantas histórias, emoções marcadas, impressas nos corpos, tão bonitos nas suas diversidades... nenhum igual! Nenhum sentindo, pensando, agindo, querendo a mesma coisa do mesmo jeito! Tantas sutilezas permeando tudo. Quantos significados naquelas mãos entrelaçadas dos casais de namorados que passam; naquilo que cada um está vivendo; nos abraços e beijos que vão alternando... e o que se passa com aquele outro que anda e para e se “queda” olhando o horizonte e logo continua e logo para outra vez; denotando a mais absoluta falta de pressa, como se estivesse degustando cada instante... e devo sentir piedade daquele que dorme ao relento, largado na areia como se estivesse na cama mais gostosa do mundo; esquecido ali, na noite? Será? Foi por falta de escolha ou foi por plena liberdade? E que sonhos agora povoam, fortalecem, acarinham o seu interior? Parece tranqüilo, acolhido... E que sentimento é este que me liga a todos estes desconhecidos? Dá para chamar de amor? Não sei se é; mas gosto da ideia.
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