sexta-feira, 24 de junho de 2011 | Filed in:
Em frente de casa, uma fábrica de colchões. O dono, como eu, curte São João e todo ano organiza uma festa bonita! Convida os vizinhos todos, funcionários, familiares, amigos, fornecedores, clientes. Um festão! Adultos e crianças juntos, “vestidos a rigor”, se divertindo! Bandeirinhas coloridas, fogueira luminosa, comida típica a vontade; brincadeiras, música e danças características; tantas cores! Alegria! Muita alegria! Gosto tanto! Uma festa popular belíssima! Lamento que a cada ano, por aqui, no sul, cada vez mais, é uma festa restrita aos espaços das escolas, isto quando não fica limitada a simples bandeirolas e balões enfeitando salas e corredores. Meu vizinho é uma exceção. Hoje é noite de São João e a festa está linda, animada que só!!! Vai longe... Voltei para casa com desejo de escrever sobre algumas sensações e lembranças lá da infância... lembro de festas na escola; mas especialmente lembro de festas como esta do vizinho. Festas na rua. Nos terrenos baldios perto de nossas casas! Os pais e os guris passavam o dia atrás de pneus e madeiras e erguiam uma fogueira alta, no centro do terreno. Era um desafio erguê-la sempre mais alto. As gurias faziam as bandeirinhas. As mães preparavam os doces, principalmente pipoca, em bacias, que passavam de mão em mão. À noite, com emoção acompanhávamos as chamas da fogueira subindo e não tínhamos medo das bombinhas, dos busca-pés... todo mundo sabia usar e brincar. Gostávamos que amarrar um bombril na ponta de uma varinha, colocar fogo numa das pontas e girar rapidamente, produzindo “estrelinhas”, brilho intenso; motivo de alegria, encantamento! Brincávamos ao redor da fogueira, conversávamos; estreitávamos alguns laços e muitos namoros começavam ali. Era frio e se não chovia, nenhuma noite era mais linda, mais clara, mais cheia de estrelas! Tantas melodias... nunca esqueci porque faziam meu coração bater forte, emocionado: “a lua no céu também quer brincar, não acha com quem, se põe a chorar; mas passa um balão, bonito e encarnado e dança com a lua, um lindo bailado”... “São João, São João, acende a fogueira no meu coração” E haviam tantos rituais... eram dirigidos a um dos santos do mês: Santo Antonio, São João e São Pedro! A gente ia casar? Com quem? Como fazer para encontrar um namorado bom? Quantos filhos teríamos? De que sexo seria o primeiro filho? Seríamos felizes? Provas, simpatias, tantas coisas cercadas de magia, de expectativas que enriqueciam o nosso imaginário. Eu gostava de ir espiar, depois que todo mundo tinha ido embora, o local da festa. Uma fumacinha tênue era o que restava da fogueira, algumas brasas e muitos arames (dos pneus) no meio das cinzas, que a brisa da madrugada fria espalhava suavemente... Havia um silêncio preenchido, como se os risos, as conversas, a alegria, a magia ainda estivessem ali, só que brincando de estátua e, como se a lua, as estrelas, o céu todo, lá em cima, agradecidos, respirassem delicada e compassadamente, para não acordar a gente, aqui em baixo. E o mundo, o futuro era isto, uma promessa de beleza e mistério, como uma noite de São João.
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