quarta-feira, 7 de setembro de 2011 | Filed in:
Chove. A presidente fala em cadeia nacional. Escuto. Escuto. Escutei o dia inteiro. Tantas e tantas histórias, queixas, dores, problemas, questionamentos, desafios, misérias, críticas, pedidos, xingamentos também. Mas ouvi um elogio e vários parabéns pela condição de futura vovó. E escutei flautas andinas! E ganhei um abraço. Houveram momentos em que, ouvindo, me enchi de desesperança por causa da impotência diante dos fatos. Vontade de não estar mais ali, de sair, ir embora, porque não há mais nada que se possa fazer. A cabeça até doeu e o estômago ficou embrulhado. Nas horas da desesperança a gente precisa rapidamente cercar-se de todas as coisas boas, certificar-se de que nada foi em vão, de que há coisas pelas quais a gente pode ainda lutar, acreditar. Uma coisa boa é estar perto dos meus alunos; eles ilustravam suas poesias para a Noite da Poesia. Escutar seus barulhos, risos, cochichos é muito bom! Vão falando e os traços e as cores se delineando, junto, ao mesmo tempo, concomitante! Inseparáveis: o pensamento e a ação; o riso e a produção. E os olhos brilhantes! Eles, a pura poesia na forma espontânea de falar, de criar hipóteses, de cativar! Uma menina me chamou: “profe, aqui na minha poesia não era “bom”, era “bem”.... Eu digitara errado; talvez não estivesse bem claro no original, não lembrava; mas aos meus olhos, ali, o “bom” ficava melhor do que o “bem”. Mas ela foi insistente, segura do que tinha escrito e do que queria; argumentativa. Bem ao gosto das propostas pedagógicas “formar sujeitos críticos, autônomos, criativos”... Mas é fácil? Difícil. Os sujeitos assim não são cordatos, quietinhos; não aceitam e não se contentam com “qualquer coisa” E eu voltei ao computador e reescrevi. Orgulhosa dela! Eu poderia exercer poder; argumentar que seria um desperdício de papel; que o “bom” cabia como uma luva naquele contexto...mas seria justo? Não. Não seria. Esta escuta produziu bem estar, uma satisfação interna muito boa. De dever cumprido. E as poesias que ilustravam! Intensas, profundas, sensíveis, espontâneas, como eles. Revitalizante escutá-las no final do dia. E sim! Muitas coisas ainda valem a pena, não são em vão! Estava diante de uma delas.
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