Cantoria, logo cedo

Que acontece neste dia? O sol nem apareceu ainda e tão cedo as cigarras e os grilos e as aracuãs já fazem tamanho alvoroço por aqui ... o que há? A noite de despede e por entre as árvores vejo que o céu está encoberto; o azul e os brilhos do dia com preguiça de acordar... será que vai chover? De repente, faz-se um longo silêncio... escuto um galo cantando... muito longe...  e só ele agora rompendo o silêncio...  ele chama o dia! Fazia muito tempo que não ouvia este canto e ele, ao mesmo tempo que está no contexto, não parece ser mais do contexto. Quem ainda escuta o canto do galo? Ele ignora os despertadores e a correria... canta suave seu canto triste e espichado... acho que sabe que tem pouca escuta, mas canta assim mesmo. É seu ofício. As pessoas nas suas casas, abrem suas janelas, escovam seus dentes, engolem o café e saem pra vida mecânica, esbaforidas, sem prestar muita atenção ao que se passa, os carros já se movimentam... mas o galo, as aves (e um quero-quero entrou no cenário, agora...), os insetos  estão atentos. Eles sabem.  A rotina, hoje, é outra. O dia nasce diferente. Singular. O que ele quer nos contar? 

 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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