domingo, 19 de janeiro de 2014 | Filed in:
Duas mulheres fortes, uma em frente a outra,
mostrando sua arte, a arte de vender. Vender coisas de uma essência
marcadamente feminina, mas não preconceituosa: jóias e produtos para o corpo e
ambientes. Dos mostruários saíam os produtos, acompanhados de palavras e
demonstrações. Cremes com fragrâncias deliciosas eram espalhados em mãos e
braços, deixando um rastro de suavidade
na pele e bem estar no ambiente, que, antes, já exalava verdes de todo tipo. Anéis,
correntes, pulseiras, brincos, dourados, prateados, coloridos brilhavam diante
de nosso olhos, numa combinação fantástica com os perfumes e com o universo
feminino. Eu observava, cativada. Gostava daquilo; dava vontade de comprar
tudo! De me enfeitar toda com aquelas jóias e ficar assim, tão perfumada! Pele
sedosa e atraente. Ficar bela! Concluí que todas nós, mulheres, merecíamos
isto. Enfeites! Adornos. Perfumes, delicadezas. Eu observava. Mas, confesso,
que muito mais do que pelos produtos, cativada por aquelas duas mulheres ali,
na minha frente. Belas e fortes; enfeitadas e perfumadas de singularidades.
Uma viaja todos os dias, cada dia um itinerário,
certo ou incerto; uma nova cidade, um novo bairro, uma nova rua... levando seu
mostruário de porta em porta, conclamando a vaidade feminina; mobilizando
desejos, alimentando fantasias, preenchendo vazios, acrescentando alegria aos
olhos do “mulheriu” por aí afora. Desbravadora! Destemida e persistente: “todo “não” que eu recebo, me motiva e eu volto
lá”. Uma sedutora ensinado sedução; sem intenção! A intenção é vender,
trabalhar, ganhar o sustento. Mas eu desconfio. Faz muito mais do que isto!
Então, porque teria esta alegria e brilho todo no olhar e nos tons de voz
falando de um trabalho desgastante e tão incerto, quanto este, de bater de
porta em porta, debaixo de sol, chuva, frio, calor; ciente da incerteza;
oferecendo algo, aparentemente supérfluo, como jóias; sabendo que quem tem
interesse e possibilidades, pode ir à lojas especializadas, existentes para
todos os gostos e bolsos, nas cidades? Ela própria poderia trabalhar numa loja
destas, no conforto, no ar condicionado; com salário certo e etc.
A outra, diferente, mas do mesmo jeito apaixonada,
vibrante: “eu tenho meu trabalho, sou
enfermeira, mas eu gosto das vendas”! Oferece o seu produto nos círculos
mais restritos, o dos amigos e conhecidos; depois do expediente. Não se cansa.
Não almeja ir pra casa, descansar em frente à TV. Um complemento à renda
familiar? Sim. Mas não só. Não! Também não descuida de nada da casa, filhos,
marido. Mas há algo a mais! Sim! Há muito brilho no olhar! Muito desejo
impulsionando a curiosidade a lugares tão distantes; a procurar e buscar
produtos, implicar-se com eles e sair oferecendo a outras mulheres; decidida,
convicta! Também esta poderia, então, trabalhar numa loja, num contra-turno;
com o amparo de uma estrutura montada, mais segura e confortável.
Eu observava, cativada! Admirando; porque é
admirável! Tanta garra, tanta força, ânimo para fazer! Fiquei pensando nisto e
a lembrança de outras tantas mulheres guerreiras, veio à mente. Nossa! Sou
privilegiada neste quesito. Rodeada por valorosas e virtuosas (em todos aspectos) descendentes
das amazonas!
Observo, agora, da minha janela, a Mãe Natureza. Vem dali, desta nossa
Mãe extremosa, o exemplo! Ela trabalha muito! É incansável e persistente. É
bela, cheia de sutilezas e mistérios. E forte! Com mil e uma utilidades e
sempre com o olho brilhante! Resistindo bravamente; verde, cheia de esperança e
desejo! Obviamente, todas nós “puxamos à Mãe”! Até Maria, tão pequenina,
já se identifica com esta Mãe guerreira bela, perfumada, enfeitada, cheia de
iniciativa, doçura e força e, também ela já se lança no mundo, decidida, em busca do
que quer. E a Mãe não esquece, não nega e não omite, às filhas, no entanto, que cada passo tem seu
preço. E não é barato.
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