sábado, 9 de maio de 2015 | Filed in:
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Profe, é verdade que você sabe fazer mágicas? –pergunta um aluno, ansioso.
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Verdade que você sabe fazer desaparecer uma moeda? – pergunta outro, olhos brilhando de curiosidade.
- Quem
contou isto para vocês? – pergunto, surpresa!
- Ah!
Foi a profe de matemática e a teacher... você sabe, mesmo, Maisa?
- Bom,
faz tanto tempo que não faço mais, isto! Da última vez, meu braço ficou doendo
por meses... então decidi não fazer mais... até porque estou ficando mais velha
e isto pode não fazer bem para minha saúde.
-
Então você faz! Conta pra nós o truque! Mostra como se faz! Mas por que dói?
- Dói
porque eu não faço a moeda desaparecer e aparecer em outro lugar. Eu faço a
moeda entrar dentro do meu braço. Mas não sei fazer ela sair do braço, depois!
– argumento, observando seus olhos brilharem ainda mais, de curiosidade! Coisa
linda!
- Ah!
Conta o truque! Sim, porque isto é um truque, né?!
- Está
bem, na nossa próxima aula, quinta-feira, eu me preparo e tento fazer a mágica.
Só não sei se vai dar certo, porque, como disse, há muitos anos não faço, não
tenho praticado. Mas vou tentar. – prometo ao grupo do 5º ano.
Nossa! A expectativa era grande! Às 7h30 da manhã de quinta, entro na sala de
aula e já estavam prontos para assistir a minha apresentação. Joquei, então, o
balde de água fria:
- Agora
vamos trabalhar; temos muitas coisas para fazer! Depois do lanche, temos mais
uma aula e então eu faço a minha mágica e cada um também pode fazer /apresentar
as coisas “diferentes” que sabe fazer!
Claro
que não gostaram de esperar; mas adoraram a ideia de também mostrar tantas
coisas que sabem fazer... o tempo passou voando e a conversa fluiu, mais do que
nos outros dias; mas não prejudicou a produção de texto; estavam se divertindo
com a produção de limeriques, nos computadores.
Depois do lanche, lá estava eu, na frente do grupo outra vez,
mas uma personagem diferente: o de mágica! Todos sentados, olhos fixos em mim,
curiosos, desconfiados; atentos para descobrir o meu truque: onde eu iria
esconder a moeda de R$ 0,25! Sim, porque de R$0,50 ou de R$1,00 doeria
demais!!! Será que a professora sabe fazer um truque destes? Não, né?!!! Ou
sabe?!!! E será um truque?!!! Hum....
- Bom, gente... agora, concentração, porque eu preciso me
concentrar! Se vocês não colaborarem, não consigo a concentração suficiente
para fazer a moeda desaparecer, ou melhor, entrar no meu braço! – Falo, muito
séria e compenetrada; mas de um jeito diferente do que já conhecem.
Silêncio total, olhos fixos. Ninguém se mexe. Eu entro no meu
personagem e começo a friccionar a moeda no meu antebraço esquerdo. Por três
vezes, ela escorrega, cai em cima da mesa. Eles ficam decepcionados!
- Ela não vai conseguir! – expressa um.
- Fica quieto! Ela vai, sim! – afirma outro.
Eu prossigo. Entre caras e bocas, aumentando a fricção, de
repente... a moeda some!
- Cara! Onde foi a moeda? – diz um, muito surpreso; entre as
demais exclamações!
- Não acredito! – sacode a cabeça, um dos incrédulos!
E nada da moeda estar embaixo da mesa ou da toalha, porque
tive o cuidado de não deixar nada onde pudesse esconder a moeda, à mostra. A
mesa não tinha toalha. Eu estava de camiseta de manga curta; então não tinha
como escondê-la na manga. Estava com o cabelo preso, não podia esconder atrás
das orelhas ou no cabelo... e, no chão não estava! Eu sacudia meus braços e
nada da moeda cair ou aparecer! Eles, de repente, ficaram sérios. Como podia ser isto? Queriam que eu contasse o
truque. Eu não respondi a isto e comecei a expressar a dor que sentia no braço.
Vieram colocar a mão no lugar onde a moeda desaparecera e constataram que
estava um pouco “duro” e “meio roxo”. Daí, esqueceram do truque e ficaram
preocupados com a minha dor.
Mudei o rumo:
- Agora, quem quiser fazer alguma demonstração do que sabe
fazer, venha aqui na frente. Eu também quero ver!
Foi uma sequência bonita! Interessantíssima! Demonstrações de
habilidades singulares: um arroto diferente, grunhidos estranhos, estalos com a
língua, mexer as orelhas; mexer as narinas; entortar dedos pra lá e pra cá (fan-tás-ti-co!); colocar a mão inteira dentro da boca; movimentar o abdome;
entortar os braços... gente! Fiquei admiradíssima! Assim como eles em relação a
mim!
Nos demos a conhecer de outro jeito! Coisa linda! Quanta
coisa a gente não sabe que o outro sabe! Quanta coisa a gente não sabe, que
sabe! Assim passou a quinta...
Mas na sexta, a pressão voltou:
- Maisa, a gente procurou na internet; lá diz que você deve
ter escondido a moeda embaixo do cotovelo! - afirmou um aluno.
- Capaz, cara! Ela erguia o braço, não tinha nada embaixo... –
retrucou o colega ao lado.
-
Meu pai disse que você deve ter escondido a moeda na manga da camiseta. –
Continuou um menino lá do fundo da sala.
- Que viagem, cara! Você
não falou pra ele que a camiseta dela era de manga curta? Não dava para
esconder nada... a gente ia ver ela erguendo a mão para esconder...
Não respondi nada a respeito; apenas comentei sobre o
quanto meu braço estava doído. Elogiei a partilha com os pais, a pesquisa; o interesse; a curiosidade.
Com certeza, alguns deles, vão continuar, por um longo tempo,
perguntando, pesquisando; tentando encontrar uma explicação racional, para o
fato. Outros, simplesmente aceitam o fato, admirados, encantados com ele; com
esta possibilidade do possível impossível. Eu faço parte deste grupo. Não quero
uma explicação sobre o que é uma estrela. Adoro vê-la brilhar! Não quero saber por
que amo. Simplesmente, amar! Não quero definir a poesia; apenas sentir a poesia,
fazer poesia... Não quero uma explicação sobre as mágicas ou magias; saber qual
o truque. Quero apenas sentir seu efeito e me encantar com as possibilidades,
com as habilidades, a criatividade, a emoção! Não conseguirei, nunca, definir o
que sinto, sempre que vivencio esta experiência; percebendo, ao mesmo, tempo, o
que se passa dentro de mim e o que se passa com cada um destes, queridos, me
olhando, admirados! A vida é tão bela também sob este ângulo!!! Ah, como é bom
experimentar estes momentos deliciosos de encantamento espontâneo, gratuito! E o melhor deles: acordar, todos os dias!
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