sábado, 6 de junho de 2015 | Filed in:
Ao amanhecer do outro dia, só Brigite
cantou e pôs seu ovo, cumprindo com sua obrigação, antes de sair ciscando e
brincando de desencavar tesouros por todas as partes do seu rico universo... Mas tem graça brincar sozinha? Cacarejar sozinha vocalises galináceos?
Desbravar mundo e fundos, sozinha? Não. E Brigite voltou logo para perto do
galinheiro, chamando sua amiga! Veementemente! Invadindo, com audácia, os
limites da casa, desconfiando que sua amiga pudesse estar escondida ou
prisioneira. Mas não estava.
Lola apareceu no meio da tarde. Veio
morrer em casa. Veio
cambaleante, fraca, quase inconsciente. Veio, pelo afeto e pelo dever. Veio
morrer em casa, entre os seus e, num esforço de dar dó, cumprir sua sina
feminina: por um ovo, seu último ovo.
Tão grande era este desejo que conseguiu, mas ele não estava pronto; era
um ovo em formação, ainda ... mas valeu a intenção, Lola!
Nunca saberemos o que aconteceu com ela,
durante o tempo em que ficou desaparecida; penas que foi ferida mortalmente.
Aparentemente não estava marcada; não tinha ferimento aberto e nem vestígios de
sangue. Mas seu peito estava sujo e sem algumas penas. Mereceu carinhos, um
banho, uma caminha limpa. E se entregou. Morreu.
Brigite não se conforma. Não entende o
que houve. Está atônita. Elas eram boas parceiras. Estavam sempre juntas.
Imagino a dor. Todos estamos mexidos.
Chegaram, hoje, mais dois pintinhos; na
verdade, duas “pintinhas”. Logo crescem, sabemos e farão amizade e boa parceria com a Brigite;
porque todas são galinhas do BEM. Mas, a Lola, nunca mais! Lugar, no espaço físico, pode ser ocupado por um outro; mas no coração... no coração, não! Cada um tem o seu lugar. Ninguém ocupa o lugar de
ninguém, no campo dos afetos. Lola não
era apenas uma galinha. Era nossa galinha e ela nos deixou órfãos da sua presença e generosidade cotidiana.
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