sábado, 6 de junho de 2015 | Filed in:
Depois
de muito tempo, reencontrei com minha prima e sua família, fazendo uma visita a
eles, em Floripa.
Reencontrar uma pessoa querida e próxima, assim como ela, parceira
de infância e adolescência, é emocionante! A gente quer falar, atualizar tudo
de uma vez! As palavras se atropelam; os assuntos se misturam e viajam
desordenadamente.
Então,
nos primeiros momentos, não prestei atenção em nada mais do que nela e nas
impressões que o nosso reencontro oportunizava; recordações de tantas coisas
boas da nossa cidade natal; dos nossos familiares comuns e das vivências e
parcerias. Circunstâncias, caminhos singulares e a geografia nos
mantiveram afastadas por muitos anos. Agora,
temos esta oportunidade de partilhar novamente
a vida, num outro estágio. Coisa boa!
Num
momento em que levantei para entregar a cuia do chimarrão; então sim, prestei
atenção na varanda linda, cheia de sol e de horizonte e foi aí, que eu a vi: a
“preguiçosa”!
Não
pude acreditar! Uma “cadeira preguiçosa”!
Do meu tempo de guria! Emoção funda e uma viagem fantástica e vertiginosa ao
passado, à infância. Nunca mais tinha visto uma dessas! Elas faziam parte dos
acessórios da casa dos meus avós, dos meus pais e dos meus tios. Era quase um
objeto sagrado! O que será que aconteceu com aquela que tínhamos na casa dos
meus pais? Não lembro. Parece que diluiu-se, sutil e silenciosamente, junto com
o tempo e tantas outras coisas, a espera de um inusitado, como este, para
ressurgir, pulsante! A última de que tenho lembrança é a que havia na casa de
tios muito queridos e próximos. Era a cadeira preferida do meu tio. Só podia ser,
porque não lembro de outra pessoa sentada na cadeira, se ele estivesse
presente. Depois que ele faleceu, não vi mais a “preguiçosa”.
Muito
nítida, agora, a imagem do meu pai, sentado na “preguiçosa” que tínhamos em
casa... quieto, saboreando sua “cangibrina”; ouvindo, no rádio de pilhas, as
melodias melancólicas, no final de tarde... Olhar fixado, ora no horizonte, ora
nas rachaduras do piso avermelhado, que
brilhava como um espelho, graças ao capricho da mãe... imagino que aquelas
rachaduras no piso eram como estradas, por onde ele voltava ao passado
longínquo; o que fazia seus olhos lacrimejarem ou, por onde se permitia aventurar ao
futuro, sonhando com as suas “imaginações não comprovadas”.
Quando
o pai não estava; a mãe usava a cadeira. Fazia ali os seus cochilos, entregue,
depois do almoço e de limpar a cozinha; com a “preguiçosa” espichada sem
esforço... Mãe cochilando, relaxada, tranqüila, serena, silenciosa e sorrindo!
Sorrindo e sonhando! Processando a dureza e a frieza da lida cotidiana. E sim,
sonhando com delicadezas, levezas e tantas possibilidades que ficaram no
passado... eu gostava de observá-la neste “recreio”. Ah! Delícia de descanso!
Magia depois do almoço... um soninho que sempre apreciei no cotidiano dos
outros, mas que nunca experimentei!
Mas a nossa “preguiçosa”, eu curti, claro! Às vezes que sentei e deitei
na “preguiçosa”, foram especiais. Não era uma cadeira qualquer, até porque era
pesado abrí-la. Era coisa de adultos. Como toda criança, tinha admiração e
curiosidade em relação ao mundo adulto.
Acessar a algumas coisas deste mundo, era o máximo! Eu gostava daquela magia de
movimentar a cadeira: sentar e deitar; baixar
e levantar! Acho que também sonhei muitos sonhos, ali, contemplando os verdes,
o céu, as pessoas que passavam na rua (imaginando suas histórias...), a chuva,
as noites estreladas (quando fiz amizade com uma estrela a quem eu chamava de
Paulina)...
Linda
“preguiçosa”! Que de preguiçosa, não tinha nada! Mas de companheira, sim! De
lida e de sonho; de vida! Tão bom te rever!
Obrigada,
Rosane e Fernando, por este reencontro duplo!!!!
This entry was posted on 22:05
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2 comentários:
Lindo Maisa!
Adoramos.
Nós e que agradecemos a visita de vcs, foi muito bom, uma tarde ótima, temos que nos encontrar mais vezes com mais tempo.
Bjs
Rosane
Mais uma vez: obrigada, Rosane!!!
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