sexta-feira, 8 de outubro de 2010 | Filed in:
Observava, num momento, o olhar brilhante e atento; o sorriso largo e espontâneo dos alunos; a leveza no rosto dos professores, meus colegas; a alegria no ambiente. Era contagiante. E, me perguntei: isto é uma escola? Gente feliz, sorrindo, não querendo ir embora? Apesar de todo trabalho?Cadê a cara sisuda de escola que a maioria de nós traz na memória? Eu espichei meu olhar, procurei e não encontrei nenhum olhar apático, triste, ranzinza, tenso, à margem. Recebíamos a visita de uma ex-aluna, “matando a saudade” do “quintal”. De quando em quando um destes que já passaram pela escola, vêm passar uma manhã, uma tarde conosco. Eles vêm visitar o “quintal” quando têm um tempinho e vejo como passeiam os olhos pelo espaço, curiosos e nostálgicos, buscando juntar as imagens que têm na memória com estas que agora encontram; algumas que se encaixam e outras completamente diferentes. O burburinho, feito abelhinhas e feito formigas trabalhadeiras e alegres, por instantes e aparentemente sem nenhuma razão, me fez lembrar de “O nome da rosa”. Os monges não podiam rir e morriam quando descobriam o que o filósofo Aristóteles havia escrito: “Talvez a tarefa de quem ama os homens seja fazer rir da verdade, porque a única verdade é aprendermos a nos libertar da paixão insana pela verdade”. Muitos se incomodam com o riso do outro. Com a alegria do outro. Felicidade do outro. Muitos adultos não suportam o barulho das crianças, seu choro, seu riso, sua alegria. Acham que responsabilidade, disciplina, estudo, aprendizado só acontecem com sisudez; olho pregado no professor; boca calada, perna travada na cadeira; pensamento contido, cópia do quadro, respostas mecanizadas e modelos; muitos modelos. Na verdade, com a alegria das crianças, temos a possibilidade de encontrar com a nossa própria alegria! E com isto, a gente salva o dia! Ou ganha o dia?!
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