Sentia-me despir de tudo,
diluir-me, dissolver-me
e me reconstituir novamente...
Ora como uma folha singular
que balançava ao vento ou
como outra amarelada
e esquecida no chão.
Ora como um tronco simples,
esquecido, retorcido pelos ventos
ou como uma árvore majestosa,
bela, imponente,
resistindo ao tempo e
ao mesmo tempo
registrando a passagem do tempo.
Ora como alegres e delicadas flores,
“beijinhos” coloridos multiplicando-se
despretensiosa e amorosamente
pelo caminho ou como bromélias tímidas,
inconscientes de sua beleza,
escondidas no alto das árvores.
Ora como o canto suave e constante
de insetos invisíveis ou
como borboletas brancas,
aqui e ali, brincando entre os verdes,
tranqüilas, livres, felizes!
De quando em quando,
o murmúrio das águas,
em algum lugar;
por vezes cochichando,
por vezes gargalhando,
por vezes recitando canções ternas,
provocando relaxamento e
grande desejo de fechar os olhos e
ir para não sabia onde...
mas com certeza,
lugar delicioso e seguro.
Sentia a floresta misteriosa,
com seus silêncios preenchidos,
seus olhos em toda parte,
seus cheiros, acolhendo-me,
estreitando-me em seus braços,
mexendo com todo meu ser,
avivando uma chama de vida
que não sabia existir ainda
dentro de mim.
E era tudo novo e tudo conhecido,
ao mesmo tempo!
Era novo até sentir e
depois era conhecido
porque parecia recordar.
E quando a noite chegou...
Tudo vibrava! Tudo soava!
Sussurros, vozes, cantigas,
histórias, pausas,
silêncios densos,
melodias apaixonadas...
de onde vinham?
Das árvores, dos seres da floresta,
dos nossos corações,
de tempos passados,
de onde?!!!
Os vaga-lumes piscavam incessantemente,
como fogos de artifício silenciosos;
mostrando-se e escondendo-se;
numa brincadeira séria
que fazia com que pensasse
e fizesse uma associação
com o que experimentava no momento:
sentimentos que se mostravam
e se escondiam;
percepções que
ora eram claras, ora confusas...
compreensões que vinham,
dúvidas que se iam;
medos, felicidades,
culpas, certezas que se alternavam.
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