Final de tarde de domingo...

Domingo. Fim de tarde.
Ninho vazio.
Vazio dos ruídos, das presenças
dos risos e das singularidades.
Vazio do vivido e também
do idealizado  e do que
poderia ter sido.
Algo escapou. Não deu para segurar.
Foi embora. Desmisturou-se.
A quietude da noite que chega
me abraça forte! 
Eu me entrego e choro.
Choro esta falta. 
Uma falta que não é falta.
É sobra!
De tanto afeto! Tanto bem querer!
Minhas partes que não estão comigo,
que se afastaram ou desmembraram,
independentes, livres,
no final de domingo, fazem falta!
Amanhã, segunda, não mais.
Segunda é outro mundo
a vida se descola, segue e cria,
no tempo presente!
Domingo, não.
No domingo, tudo se atualiza
num tempo sem tempo
que mistura o ontem, o hoje e os sonhos!
No finzinho do domingo,
tudo se separa outra vez
e sou sempre surpreendida,
sacudida e envolvida
pela esta falta, esta saudade,
nostalgia e esta ausência
do que já foi,
do que  nunca foi e
do  que jamais será!
Enquanto escrevo, a noite cresce
e adulta, afrouxa o abraço,
me deixa sozinha
sob minhas próprias pernas
segurando e sustentando
os meus sentimentos.
São só meus!
Sinto o perfume e a energia
da segunda, que já está ali na esquina...
e vou me reerguendo,
resgatando a força
compreendendo que a falta
não é falta
é sobra de amor!
Que preciso endereçar.

 

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2025, 16o aniversário do Blog! Pulei 2024, ano dos 15 anos. Aconteceu sem intenção. Retomo, agora, este espaço e esta escrita e me preparo para metaforizar silêncios e ausências. É o que eu gosto.

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