domingo, 21 de outubro de 2012 | Filed in:
Toda
vez que acompanho meu pai, octogenário, ao banco, ganho um abraço! Ele fica
muito inseguro e nervoso diante do caixa eletrônico; com a digitação de senhas
e com as solicitações que são feitas durante as operações para verificar e
retirar extrato ou fazer uma retirada da sua conta. Eu tento intervir o
menos possível para que ele sinta-se independente; fico ao lado, lendo junto,
ajudando a interpretar e assegurando que está avançando corretamente. Quando finaliza a operação, fica feliz feito
criança, me abraça, agradece muito! Como se tivesse vencido uma grande batalha!
Isto me sensibiliza. Coisas que são
aparentemente tão simples para mim ou qualquer outra pessoa, para ele,
são extremamente difíceis e sofridas. Causa de inquietude, descompasso do coração,
insônia, medo. Quanto mais teme errar, mais erra. O medo de errar é horrível! Crianças, quanto mais inseguras, menos se desafiam e o medo de
errar provoca bloqueios, impedindo-as de aprender, avançar, aproveitar,
deleitar. “escrevem pouco para errar pouco”! Privam-se de brincadeiras, de
participar em tantas coisas por medo de não acertar, de não agradar, de não serem “boas naquilo”, de não serem aprovadas por este ou aquele... por medo de serem criticadas, castigadas, ouvir deboches...isto porque ao lado de um que tem medo, sempre tem
um arrogante autoritário, que sabe tudo, entende de tudo, é melhor em tudo... não tem medo
de nada e sabe tirar proveito do medo do outro. Crescemos... e nos tornamos adultos sem voz e querer; ou com voz e querer distorcidos, limitados, medíocres, Eu tive medo de muitas coisas; isto motivou algumas de minhas
escolhas, quando não tinha a percepção e compreensão de hoje. Lamento ter me deixado dominar por ele em muitas esquinas
e, por conseqüência, sinto saudade dos horizontes que não vi, das melodias que
não ouvi, das paixões que não vivi, das emoções que não senti e dos
aprendizados que não fiz. Percebo que o medo é algo enraizado na infância;
quando somos impedidos de experimentar quando deveríamos ser orientados, estimulados para o
experimentar e pensar, na medida em
que vamos abrindo nosso olhar e nosso desejo inocente de explorar e interagir com o
mundo, nos contextos diversos. Na verdade, nosso primeiro medo não é nosso; é
do outro. E, muitas vezes, o medo do outro não é pelo que possa nos magoar,
ferir e, sim, medo de que sejamos mais felizes ou livres do que ele. O pior de
todos os medos e bloqueios, penso, é o de ser diferente e temer tudo que é diferente; o
que é uma grande bobagem, porque é isto que somos, de verdade, diferentes. Não
há como fugir disto, a não ser, enclausurando. Este "fantasma" é "duro de roer"!
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