sábado, 29 de junho de 2013 | Filed in:
A
carinha triste estava lá. Eu a flagrei por entre os transbordamentos, faceirices mal contidas dos pequenos grupos espalhados pela sala de aula, no
final da sexta-feira ensolarada, depois de tanta chuva... Poderia não ver, mas
vi. A imagem ficou recortada e aquele olhar desmanchado me convocava. Tão
linda, tão estudiosa, tão madura na fala, na compreensão e processar das
ideias, na reflexão sobre o que vê... tão criança, ainda e, já experimentando
tamanhas agruras! Não que os outros não tenham as suas! Alguns, até maiores.
Mas ninguém exteriorizando e sofrendo como ela. O que faz com que alguns
experimentem esta fragilidade na interação com o outro? Sintam-se “menos” e, de
alguma forma, apesar de todos os predicados, sejam, em alguns momentos,
excluídos do grupo; ou tenham esta sensação? O que faz com que alguns sejam tão
populares, que mesmo não estando presentes, se fazem presentes, impondo sua
singularidade e vontade? O que faz com que alguns não se importem com
popularidade, se bastem e não se ocupem com o fato de estar ou não sozinhos ou
num grupo e, circulem com tranqüilidade aqui e ali, sem prender-se a um e
outro? E outros, como ela; articulados em tantas coisas, menos nesta,
sentindo-se e sem querer (querendo), colocando-se à margem? O quanto é preciso que me envolva? O que é
possível mediar? O que é urgente pontuar para um e outro; uns e outros, neste
sentido, dentro de um grupo? Meu olhar
abraça todos. Não posso permitir a discriminação, o preconceito, a malvadeza.
Mas preciso respeitar as escolhas, os sentimentos, as preferências. Preciso
ouvir e desafiar o pensamento, a reflexão; sensibilizar para a percepção do
outro. Mas, antes, para a percepção de si mesmo... foi o que fiz. Acolhi seu
choro, sua fala, suas queixas. Não minimizei nada. Agradeceu e me deu um abraço
apertado antes de ir embora. Na semana que vem, a lidança continua. E a responsabilidade aumenta no sentido de
que não posso ficar omissa ou apenas “olheira” ou ouvinte. A “costura” (como diz minha diretora)
entre os discursos, argumentos e questionamentos; poesias, leituras, escritas e reescritas
(conteúdos de minhas aulas) terá que ser delicada e bem feita, cuidando e
trazendo “à tona” estes pensamentos e sentimentos. O grupo merece crescer.
Educar é muito sério e trabalhoso. Não começa e nem acaba com o expediente; mexe e remexe profundamente com a vida da gente, o
conteúdo da gente.
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