quinta-feira, 8 de janeiro de 2015 | Filed in:
O
engarrafamento parecia grande.
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Ô seu guarda! Como estão as coisas?
-
Ah, meu amigo... umas três horas para fazer estes 15 km e entrar na BR 101!
Bah!
Três horas era muito. Resolvemos voltar para a casa dos parentes e tentar
regressar a nossa casa, mais tarde da noite.
Três
horas depois, nova tentativa. Mas já não foi possível chegar, de carro, até o
posto da polícia rodoviária. O engarrafamento estava visivelmente maior. O
jeito foi caminhar até lá... saber alguma coisa...
-
E daí, seu guarda, como estão as coisas?
-
Pior, como está vendo! Umas seis horas, agora, para fazer os mesmos 15 km até a
BR...
Ah,
não! Seis horas não ia dar para agüentar!
-
Olha, se vocês tiverem onde dormir, melhor voltar e tentar amanhã bem
cedinho... o pior é que os hotéis estão cheios... – completou o guarda
rodoviário.
Sim,
tínhamos a casa dos parentes, dos quais já havíamos nos despedido por duas
vezes naquela noite! O jeito foi voltar, “desasados”. Passar a madrugada dormindo sentado dentro do carro
seria uma péssima opção para marcar estes primeiros dias do ano novo;
especialmente para nós quatro, de cinqüenta, sessenta, setenta e oitenta e
poucos anos (eu, meu marido, minha mãe e meu pai) respectivamente...
Os
parentes, é claro, nos acolheram! Conseguimos chegar em casa no dia seguinte,
não sem antes “engarrafar” por uma hora e meia, naquele mesmo trecho.
De
lá para cá, tenho pensando muito e muito no ocorrido... Ficamos literalmente
prisioneiros naquela noite, em Itapoá, SC. E sem celular e sem internet para
comunicar o ocorrido aos familiares que estavam nos esperando, em BC. Como é
que pode? Minhas férias são em Janeiro e não posso me deslocar de onde moro
para ir onde desejo e quando desejo: visitar pessoas, lugares, ir ao
supermercado que gosto, ao centro da cidade, etc; se não sair de madrugada ou
no horário que o “trânsito” permitir e voltar muito tarde. Ao supermercado, por
exemplo, que fica sete\oito quadras de minha casa, tenho ido entre 1h00-2h00 da
manhã; porque nesta época do ano, atendem vinte e quatro horas... Tenho que
escolher: ou me submeto a isto, ou fico em casa ou perco parte do tempo\dia no
engarrafamento. Foi então que me ocorreu, numa tentativa de adaptação ao que os
“novos tempos” sinalizam; criar uma nova
opção de lazer: engarrafar nas férias!
Assim,
ó: a gente combina e programa: “vamos engarrafar”? No lugar de piquenique na
praia ou na beira do rio; piquenique nos
acostamentos. Em vez de caminhar\correr\andar por trilhas verdinhas ou na
areia, ou na ciclovia; fazer isto por entre os carros enfileirados. Abrir cadeiras
e pegar um bronzeado, aproveitando o sol a pino e o seu reflexo na lataria dos
carros. Para quem não quiser o sol, fixar guarda-sóis entre os carros e bater
papo, tomar chimarrão, comer bolachinha ou comprar quitutes que são oferecidos
pelos quiosques improvisados na beira das estradas. Levar garrafões com água,
para um banho refrescante a cada pouco, como se fosse um banho de mar ou rio,
ou piscina. E, ainda, brincar de jogar água, umas famílias nas outras; fazer
uma “guerra de bexigas”; o que refresca e descontrai, canaliza a raiva (se ela
aparecer). Também outros jogos como: “queimada” (com uma bola bem levinha para
não quebrar os vidros dos carros); “bola
na cesta”... até um bailão dá para fazer entre os carros e no acostamento! Excelentes “pedidas” para estabelecer e
estreitar laços socio-afetivos neste novo contexto....
Estava
“me divertindo” com a ideia até que minha cunhada lembrou das “ondas de
assalto” nos engarrafamentos. Nossa! Minha ironia perdeu feio para o pessoal do “Mal”, ligeiro
na organização, criatividade e agilização do seu fazer; inviabilizando, ou
praticamente, desacreditando o meu, por antecipação. Mas só por um momento; porque o pessoal do
“Bem”, onde me incluo, não esmorece! Muito mais criativo e perseverante! Vamos
encontrar alternativas.
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