segunda-feira, 7 de janeiro de 2013 | Filed in:
Meu
amigo querido refletiu e falou que passamos a nossa vida dentro de caixas,
começando pelo útero de nossa mãe e terminando num caixão ou urna funerária.
Ele ia falando e eu viajando nas palavras dele; imaginando e fazendo as
associações com minha história: cada fase, situação de vida; uma caixa
singular... caixas pequenas, grandes, médias, quadradas, redondas,
retangulares, cilíndricas... caixas de madeira, de papelão, de concreto, de
pano, de corda, de vidro, de argila, de isopor, de plástico duro, de palito; caixas fortes, fracas... caixas coloridas, desbotadas, de uma só cor,
sem cor... caixas bonitas, perfumadas, caprichadas, elegantes, produzidas, estilizadas,
personalizadas; caixas mal cuidadas, rasgadas, quebradas, feias, abandonadas,
largadas... caixas leves, pesadas... caixas fechadas, abertas, lacradas...
caixas novas e velhas, recicladas! Tudo
isto, roupagem, aparência. Independente do material, enfeite, durabilidade,
tamanho, preço, forma... tudo caixa! Invólucro. Prisão. Acho que é disto que meu
amigo queria falar: da formatação, do encaixe forçado, da moldagem opressora...
de uma rotina seqüencial de eventos a cumprir: nascer, crescer, estudar,
trabalhar, casar, envelhecer, morrer e tantas outras entrelinhas.... Enquanto
ele falava, eu também lembrei da história da Pituchinha, uma boneca. Ela e os
outros brinquedos de uma loja, à noite, saiam das caixas para brincar,
conversar, fazer e viver uma série de
feitos e, quando o dia amanhecia, retornavam às caixas e à inércia! Um casulo
também é uma “caixa”. Se a borboleta não sai, não vive. Meu amigo queria dizer
que a gente precisa sair das caixas! Viver a nossa singularidade e fazer a
nossa festa! Minha mãe sempre usa uma
expressão: “fulano me saiu fora das
caixas”! Isto sempre que alguém a decepciona, não age como ela quer ou
espera. Em alguns momentos, talvez tenha havido mesmo uma sacanagem; mas na
maioria das vezes, o “fulano” apenas agiu de forma inesperada; fora do
convencional, bem singular; pensando nele mesmo (o que nem sempre é egoísmo).
Assim, desagradando minha mãe, “sai fora das caixas”... dela! Dos conceitos e
preconceitos dela... Mas, com certeza, para sair das caixas da minha mãe, antes
ele precisou sair das suas próprias caixas!!! Um dia destes, meu filho também
falava algo neste sentido, dizendo “mas o
que é que tem se eles brigam, se ficam sem se falar; ficam magoados... deixa
acontecer... quem sabe disso vem uma coisa diferente, interessante...”. Ou
seja, deixe que saiam fora das caixas e saia você também das suas caixas!
Quanta coisa você pode encontrar lá fora! É isto, então... um amigo se põe a pensar, partilha. A gente se põe a pensar e partilha... e daí, num
instante e mesmo que seja só por um instante, um mundo de gente está se
encontrando por aí, fora das caixas! Coisa linda!... Sair fora das caixas!
Pular, brincar com elas; rir delas, dormir em cima delas; construir algo com
elas e sair por aí, livre! Com documento,
contra ou a favor do vento, fora das caixas, seguindo seu pensamento,
seu sentimento...
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