quinta-feira, 31 de janeiro de 2013 | Filed in:
Embaixo da parreira, na beira do lago rodeado de verdes e de
helicônias vermelhas, conversava com um amigo, ex-colega. Tão bom! E tinha
chimarrão! Ele enriquecia a interação e fazia as “costuras” entre uma conversa
e outra (de forma única), como tem feito há tantas e tantas gerações... A nossa
era uma conversa de sintonia e de partilha; que começou pelo sentimento de
pesar e solidário com os pais e familiares dos jovens envolvidos na tragédia de
SM\RS. Este assunto nos levou a andar pelo campo onde estão nossos filhos;
falar do quanto nos ocupamos com eles e sobre as inquietudes e delícias que
povoam o nosso cotidiano na lidança com eles... Isto nos conduziu ao campo do nosso ofício, o trabalho nas escolas; do quanto gostamos deste fazer e desta escolha! Adentramos no campo da lidança com nossos pais; nesta inversão de lugares que
ambos experimentamos (eu mais do que ele): de filhos que antes eram cuidados,
para filhos que agora cuidam, se ocupam dos pais, idosos... Prosseguimos
pelo campo dos ideais, partilhando sonhos, planos, projetos sociais onde ele
tem maior experiência, uma vez que sempre foi um articulador implicado com sua
comunidade. E chegamos no campo da espiritualidade, da fé como cada um a
concebe; da oração e sua importância no nosso dia-a-dia; do bem que ela nos faz
no sentido de serenar, compreender, aceitar, encontrar forças, abrir os olhos e
a mente; ter paciência, amor e compaixão e, de como nos faz bem rezar
pelo outro, especialmente por aqueles que amamos! Interrompemos a conversa por
causa da hora! Deixamos um “resto” para um outro dia, que não sabemos quando.
Mas isto não importa, pois os laços de amizade mais dia, menos dia, aproximam
outra vez os amigos. Nos despedimos com um abraço e então ele falou: “eu vim
por isto. Sonhei contigo e vim buscar este abraço”! Eu fiquei pensando no quanto isto
é importante e precioso. Talvez um abraço não esteja na lista das necessidades,
prioridades ou essencialidades da vida atual. Talvez muitos não necessitem de
abraços; não gostem, não deem e não recebam e está tudo bem. Talvez, abraços
estejam banalizados, desvalorizados, mal interpretados. Para mim, um abraço é
uma casa. Desumano não ter uma casa, um lugar para voltar, abrigar, descansar,
refugiar, reabastecer... Desumano não ter ali, alguém que nos cuide, acolha
como somos e com quem possamos contar. Um momento de profunda alegria ou de
tristeza e extremado desespero,
só um abraço compreende, valora e cura. Neste contexto de injustiças, falcatruas,
“jeitinhos”, egoísmo, hipocrisias e muita solidão; nestes dias de tanta dor,
questionamentos, inconformidade e críticas, vamos
doar abraços! Não dói. Só faz bem. Na verdade, é tudo de bom! Dar e receber. Bom precisar e
ganhar um abraço! Doloroso precisar, pedir e não ter escuta. Ou não ter coragem de pedir ou de dar.
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