sábado, 16 de janeiro de 2010 | Filed in:
O dentista considerou que seria importante fazer um alinhamento na altura dos dentes e recomendou uma pequena cirurgia, que foi realizada por estes dias. Acomodada na cadeira, por trás de grandes óculos e daqueles aparatos cirúrgicos que só deixavam à mostra a sua boca, ela fechou os olhos para fugir daquela luz forte focada no seu rosto e para afugentar alguns receios, que de repente, vieram e somente naquele momento. Foi bem assistida, o procedimento ocorreu como esperado, tranqüilo e agora se recupera... No entanto, ocorreu algo paralelo durante o processo. De surpresa, apareceu um grande sentimento de desamparo e de questionamento; por que estava fazendo aquilo? Em nome do quê submetia-se a estes momentos de desconforto, dor, invasão ao seu corpo? Para ficar melhor! Esta resposta vinha a todo instante. E melhor em que e para quê? Para sentir-se melhor diante de si mesma e dos outros... Na verdade, estes questionamentos apenas abriram as portas para algo mais fundo. Estava fazendo algo concreto, decisivo e corajoso em benefício de si mesma, querendo melhorar! E como corredeiras de águas cristalinas e gritantes as lembranças vieram, atualizando todas as coisas e momentos em que teve o desejo e a necessidade de mudar e não a coragem para agir! Paralisada pelo medo do novo e de magoar; pela covardia, pelos valores, pelos preconceitos e conceitos endurecidos; pela insegurança e até mesmo pela preguiça e acomodação. Decidir, enfrentar e ir, fazer! Mudar o destino, a rotina, o cabelo, um defeito, um vício, uma debilidade, um sentimento, uma decisão, uma regra, uma norma. Quebrar a mecanicidade, a mesmice; as coisas prontas, as frases feitas, os modelos, os rótulos... vínculos doentios! Isto dói! E não tem anestesia. E não tem a garantia de que vai dar certo. É sempre um salto no escuro. Sempre haverá uma dor; coisas sendo estraçalhadas dentro da gente e dentro dos outros, uma morte. Leva tempo.... e deixa cicatrizes. Por isto é difícil mudar; é como nascer de novo. E então, sentada na cadeira do dentista, ela chorou! (alguém já disse algo semelhante!) O tipo de choro curativo, quando a gente mesmo cuida, afaga os machucados por tudo aquilo que não tem remédio; quando se encontra, perdoa e reconcilia com o próprio coração, com a alma, com a verdade dentro da gente; renovando o pacto de parceria para novas tentativas, olho brilhando.
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