Efêmera

  







Breve
e “perfumosa”
ali, no meu jardim
em fases, a rosa.
Expectativa em botão,
abre-se em pétalas viçosas!
Alquimia de cor, cheiros,
beleza, ansiedade e prazer
entregando-se aos braços
e abraços do tempo!
Depois, ato inverso;
tempo vivido e cumprido:
volta, "despetalando-se"
em sabedoria
e regressa ao
ventre fértil
da grande mãe.
Movimento pulsante,
vai-e-vem da vida!

Minha linda!

Minha rosa 
de poucos dias!
Acordando enfeitada
de maciez,
perfume
e de chuva!
Comove meu coração
silencia meu verbo
encanta meus olhos...
doce majestade!



Vida, em vice-verso!

    Pitaia
   
    “Flor-da-lua” e “Dama da Noite” são outros nomes da pitaia, esta planta exótica. Alguns até chamam de “fruta dragão”, o que eu não aprecio; gosto mais dos dois primeiros “apelidos”! É porque ela só floresce à noite e por pouquíssimas noites! Se observei bem, aqui em casa foram três noites e, nesta última, já estava denotando fragilidade. Tão linda, tão breve, tão intensa, tão despretenciosa!
Assim como são tantas criaturas partilhando espaço, conosco, neste planeta, neste plano. A quem, muitas ou na maioria das vezes, ninguém, sequer, dirige o olhar;  percebe, ou se percebe, não valora e elas se vão! Cumprem seu papel e nós, não curtimos, não desfrutamos. Pena!  
     Lamentações se erguem de todos os lados, em todas as partes, o tempo todo, por tudo que nos falta, que nos incomoda ou que não contempla nossos desejos. Nem todos, muitos ou poucos, de fato, conscientes de si, do seu lugar e exercendo seu talento, seu papel com generosidade e gratidão.
        Eu penso, observando do meu contexto, agora, em todas as criaturas em todos os “reinos da natureza”, que têm esta vida tão breve e que a vivem tão plenamente, sem ostentação e sem lamúrias; cujo ensinamento prático é este: o prazer de viver, de se entregar tão profundamente a sua essência, sua função, seu presente.
        Imagino a delícia que foi, para esta minha bela e doce “Dama da Noite”, estas poucas noites  ali, na beira do lago, entre sons, perfumes e movimento das helicônias, plantas nativas, temperos, frutas silvestres, mariposas esvoaçantes, aranhas tecelãs,  grilos e saparia cantante! Acho, até, que a batucada e as “cantadas” do “sapo martelo”, eram para ela, em combinação com a doce lua cheia e com os vaga-lumes, que não saíam dali, produzindo um efeito maravilhoso, mágico, de luzes e sombras! Puro apaixonamento!
     A gente não sabe ou faz-de-conta que não percebe, por inumeráveis e frívolos motivos; mas todos os dias e todas noites, em todos os lugares e em muitos corações, a vida é uma celebração sem fim! Uma grande festa para milhares de criaturas; que no seu esplendor, radiantes e singulares, se dão, se mostram, expressam e vivem, dentro do seu ciclo e limitações, no seu melhor e único presente: os seus talentos! E, mesmo depois que se vão, deixam legados que animam, embelezam e dignificam a continuidade da vida. No caso específico da nossa pitaia, a “Dama da Noite”: um fruto delicioso, que eu espero poder experimentar logo, logo. 


Doce “Dama da Noite”,
linda e exuberante;
segredando
com o tempo,
entre verdes enluarados
e incógnitas pulsações
da noite;
mistérios
que me encantam
e não alcanço...


Paciência

Paciência...
Brota e entrelaça,
do fundo e tão fundo:
a paz e a ciência
de olhar, silenciar
e esperar...
... o dia da flor e do fruto
na plenitude de sua
cor, beleza e sabor!
.. a chuva mansa
contornando e
diluindo a
sede dos rios,
dos campos,
das criaturas empoeiradas,
ressequidas do calor
e da solidão.
... a lua cheia
destes mistérios
de ti e de mim
e das sutilezas
de cada não e de cada sim.
... o dia em que a saudade
no mesmo abraço,
morre de prazer
e já renasce de dor!
Paciência...
tempo vivido!
Cada tempo,
uma emoção
uma história
uma gestação.

Cebolas

Cebolas são lindas
e deliciosas!
Divertidas
quando ficam
escondidas
atrás das saias
transparentes!
Ah! Bom brincar
de procurar!
Mas... surpresa!
Atrás da última saia...
encontradas,
elas param de brincar;
vingam-se!
Ardidas,
fazem  chorar
a pequena “cheff”,
num de repente!

Sala de aula



Li um post, um dia destes, que dizia: “as crianças de hoje não têm o privilégio de subir em árvores, de curtir a Natureza. As que podem, preferem TV, celulares, tablets, etc... Pobre geração”.
Infelizmente, esta é uma realidade. Triste. Muitas crianças, de fato, não experimentaram e nem experimentarão este prazer, esta delícia; por pura falta de oportunidade, algumas e, por falta de estímulo, outras. Quem tem acesso a uma árvore? As cidades, os muros, os perigos, os automóveis, o asfalto, as agendas cheias, afastaram as crianças e as árvores. Uma grande e inestimável perda para ambas! Tablets e outras modernidades, nunca substituirão  brincar tão rico, tão sério e tão necessário quanto este oportunizado pela interação das crianças com os elementos e elementais da natureza. Com o brincar criativo, onde a exploração, a imaginação, o “faz de conta” estimulam curiosidade, pensamento, inteligência e, socializam. 
Para grande felicidade minha (e com certeza de outros privilegiados, aqui e ali), ainda observo criança brincando, subindo em árvore; fazendo buraco na areia do quintal e bolo de lama! Na escola temos uma árvore enorme, que cresce e já abraça quase todo o quintal, enchendo-o de sombra deliciosa, muita luz e cantoria de uma passarada pra lá de animada.  As crianças adoram a nossa árvore! Sobem, disputam lugar! Lá em cima conversam, se escondem, trocam segredos; viajam no imaginário, observando e pensando o mundo... Sempre tem um e outro balanço de corda pendurado... É bonito e inspirador! Uma sala de aula.

A Tata e os manos


Eles vieram como presentes.
Generosidade da vida
e das divindades!
Meus três irmãos.
Três abraços onde gosto de estar
e para onde, muitas vezes,
retorno, ancoro,
atualizo a vida,
fortaleço as raízes.
Afeto, admiração
parceria, confiança e respeito
construídos e fortalecidos
ao longo do tempo
(não sem dor e
desencontros);
amadurecendo laços de sangue,
desvelando laços profundos
das almas!



Minha foto
2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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