"Meu cachecol"

        

           “ERA UMA VEZ, DUAS AVÓS”, livro escrito por Naumim Aizen e ilustrado por Eliardo França, é encantador! Naumim fala de suas duas avós, materna e paterna, destacando suas singularidades e posicionamentos diferenciados diante da vida e o amor que ambas nutriam por ela, querendo mostrar-lhe, cada uma a seu modo, que a vida era boa e bela! Uma história muito linda, sensível, tocante.
        Criança, tive uma relação muito próxima com meus avós, especialmente minhas duas avós. Um pouco mais próxima da avó paterna, porque se ocupava comigo, era minha madrinha e ensinou-me bordar, tricotar, crochetar,  gostar de flores e estimulou, porque gostava,  o meu gosto pela leitura e para ouvir música. Com a nona, avó materna, era uma sintonia diferente. Gostava de visitá-la e encontrá-la em sua cadeira de balanço, sempre num balancinho cadenciado... olhar brilhante e melancólico que perdia-se, com frequência, no horizonte, lembrando ou sonhando algo... eu sentia empatia e curiosidade em relação a este olhar; ele me encantava;  adivinhava segredos, tristezas, saudades de um passado distante. Por vezes, ela contava alguns “causos”, mas sobre outros, nunca sobre suas vivências. As lembranças destas minhas avós, são muito nítidas; me fazem bem e gosto de alimentá-las.
        Minha mãe e minha sogra foram ótimas avós para meus filhos; sempre presentes em momentos importantes, até cruciais na vida de todos nós, especialmente dos pequenos; amorosas e dedicadas.
        Agora chegou minha vez, nesta linhagem! Primeiro fui filha e fui neta. Então fui mãe e agora eu sou a vovó! Estes eventos apaziguaram a minha vida. Como vó, vejo um mundo que não via como filha, nem como neta e nem como mãe. E agora tenho mais coisas: tenho tempo. Tenho escuta. Tenho paciência. Eu me delicio com os horizontes, a cada dia e quase não penso no futuro. Repenso o passado, aprendo e reescrevo, com minha neta, outras atitudes, olhar e fala. Além do meu amor e respeito, compartilho com ela alguns saberes, os de herança e os conquistados! Ah! E aprendo sem interrupção! Ela é um livro novo, todo dia! Quando chega no portão de casa, lá embaixo, e se anuncia: - “Vovóóóó”!!!! Eu me preparo; meu coração palpita, sinto um sorriso iluminando meu rosto e, por vezes, um certo assustamento diante do inusitado que se aproxima: - O que me espera?!!!!  Então, sua ternura me toma e acarinha: - “Vovó, você é meu cachecol”!!! 

Em tempo de pandemia, muita poesia!










Coisa mais linda!
A manhã e tarde luminosa
exalando  beleza, sol, alegria
resiste à pandemia!
Também resisto e persevero!
Acompanho meus alunos
produzindo poesia
através da tela do computador!
Gente! Gente! Que amor!
 “Carinhas” pensando...
Sorrindo diante de
uma ideia, uma lembrança...
Brincando com  palavras,
rimas, combinações
bem humoradas;
metáforas espontâneas,
ideias, emoções misturadas!
Isolados mas conectados
pela magia da escrita,
numa criação prazerosa!
Ah! Meu coração agiganta!
Depois, feito onda,
sob o céu azul, dilui-se
num infinito de esperança!

Amor, trabalho duro!

Amor enraíza.
Inicia apaixonado!
Casamento
é todo dia.
No seu cotidiano,
coisas casam
outras descasam.
Se desrespeitado,
fragiliza,
banaliza.
Amortece com a
a opressão e indiferença
antes de tombar, enrijecido.
Mas amor, de fato,
enraíza!
Há chance de resgatá-lo!
Se, em algum momento de luz,
acontece escuta, reflexão,
querer e humildade,
ele ressurge!
Não mais como antes, claro!
Com outras vestes, formas,
expressões. Transformado
amadurecido.
E pode voar, respirar, inteiro!
Cada lado, com suas asas!
Independente e forte;
sem demandas de complemento,
bengala, receitas
e ignorâncias
do tipo “aguentar”.
Respeitado, o amor agrega,
reaproxima e convoca o olhar
para o horizonte, esperançado!
Constrói, cria
e, livre,
descobre a poesia!
Finalmente, o amor
deixa a superfície
torna-se real,  encarnado,
florescido, dentro e fora;
bem singular,
longe do “lugar comum”.
Trabalho duro.

Delicadeza

De repente
senti uma suavidade,
diferente...
Abri os olhos
e, surpresa,
vi uma delicada libélula
pousada na minha mão…
Esta foi a resposta mais tocante
que já tive, em resposta
a uma oração.

Agrado


Era tão suave,
tão suave
o movimento
dos verdes, 
na tarde ensolarada e geladinha;
que julguei  vislumbrar
agrado e respeito
à nossa clausura!

Poesia on-line e a lua


Ela passeava pelo céu,
solitária e bela,
a minha cúmplice da madrugada;
sem ligar para a noite fria.
Surpresa, porque eu dormia,
acordou-me, para saber do meu dia!
Em algum lugar,
o vento, agora comportado,
lhe segradara
que pela manhã e tarde,
eu chorara de emoção, alegria!
Deslumbrante lua, sim, é verdade!
O vento, por vezes delicado,
outras, agitado e inconsequente,
não mente!
Como não emocionar, amiga,
ao ver meus alunos,
através do meu computador,
depois de uma fala,
de uma leitura;
produzindo poesia,
rostinhos concentrados, envolvidos
cada um em  sua casa,
por causa  desta pandemia
que nos isola, mas
não impede a sintonia?!!!
Que delicadeza! Que queridos!
Que momento! Que amor!
Lua, musa minha e de tantos,
a poesia provoca, “liga”, cativa,
aprofunda sentimento,
olhar, pensamento...
sutiliza!
Nos deixa tocados;
com ou sem palavras...
Sensíveis, próximos,
criativos, humanizados!
Revendo meu dia, querida
penso que um pouco de poesia
faria bem a tantos
que andam por aí, azedos,
desrespeitosos e mal intencionados
semeando dor e espanto
por todos os cantos...
Vai, lua!
Pela noite bela e fria,
semeando,
esperança e poesia!


Minha foto
2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

Arquivo do blog