141 - Outro dia...

Aracuãs
quero-queros

bem-te-vis
cantam por aqui
me encantam
com seu canto e,
então paro o trabalho
paro tudo!
Eles vêm a
minha janela...
me dizem que a
responsabilidade e
a preocupação
com questões externas
são apenas uma parte
do dia e da vida,
não o todo!
Há esta outra parte!
De um novo dia
que chega, alegrinho
me acenando com
tanto carinho!









140 - De repente

Parece que te encontro ali
nas folhas que balançam
no cheiro da rosa
no ar que circula
brincando por aí...
na cantoria
da passarada
que me acorda
na madrugada...
O que de ti
de repente
está em mim
e sinto teu calor
escuto tua voz
e me vejo
nos teus olhos?

139 - Insolúveis

                Como as marés. As ondas no mar. O dia e a noite. As estações.
        Insolúveis, as repetições. Coisas que retornam provocando surpresa, dor e algumas vezes, alegria, felicidade intensa.
           Como aquele ponto, numa relação de qualquer ordem, que é difícil, não avança. Tenta-se de um jeito, ignora-se de outro; num outro momento explodimos de raiva ou nos fechamos no mutismo, na birra; alimentando mágoas e distâncias. E nada muda; nada aproxima e nada se resolve. E a vida segue. O tempo passa. 
         Como os fantasmas, medos, inseguranças. Voltam quando menos se espera; quando se pensa que superou, que não atingem mais; que o aprendizado se consolidou. Voltam, tiram o tapete. 
          Como a impotência diante da dor, da miséria, das limitações, das opções desencontradas, da vontade e da doença. Não há como evitar e elas angustiam, surpreendem e voltam a surpreender; mesmo quando se pensa que nada mais surpreenderá.
            Como a música. Os sons viajam livres pelo corpo, pela mente e pelo coração e nesta inspiração, tudo parece ser possível, bonito; por vezes cheio de nostalgia. Depois passa, o real entra e coloca as coisas nos seus lugares; desmanchando fantasias, sonhos, ilusões. Mas quando a música retorna, o encantamento, a poesia também, difícil impedir. Não há como não sonhar de novo em ser feliz.
           Como os questionamentos, as dúvidas, o certo, o errado. Por vezes um véu encobre, embaralha e o que parece não é. Ser bom. Para mim ou para o outro?
             Como os encontros. Como a gente espera, eles não são. Quando não se espera, acontecem. Os inusitados se repetem, mas nunca se está devidamente preparado e eles arrebatam, desconcertam; jogam para o céu e para a terra com a mesma força e pelo mesmo motivo.
              Como o amor. Como brinca! É uma criança. Está aqui e ali e já não está mais e ao mesmo tempo permanece... e ao mesmo tempo que centra, desconcerta; acalma e inquieta. Está sempre junto e sempre separado. E muda de opinião, ora se contenta com nada, ora quer tudo, exigente. Às vezes tão palpável, concreto, próximo; às vezes tão distante, inatingível, ideal...
               Insolúveis. Belos na forma e no seu momento.

138 - Um abraço

Um abraço
cheio de encanto
num espaço real de
"braços em ninho"!

que enlaçam, acolhem
do jeito certo.
Milésimos dentro dele,
uma felicidade roubada!

Dentro dele,
olhando o mundo, os
olhos brilham
de chuva
de orvalho
de sol
de alegria!
E a palavra borbulha
feito córrego cantante
contando de uma
espera acabada,
já virada em saudade.

137 - Chuva

Chuva miúda
querida
amiga!
Na janela
me chama
quer conversar
contar de mim
daqui
daí
de lá...
de ontens
guardados
quando chamou
e eu não fui.
Achava que sabia.
Não sabia.
Agora chama
e eu quero ir
mas agora, agora
não posso.
Ela lamenta,
chora, se derrama
na minha janela
e vai embora...
mas retorna
insistente como
jamais foi
urgente.
Ela quer contar
(e eu sei)
que me viu outra
sabe onde me esqueci.

136 - Bom dia!

Amanhece
suavemente
e com cuidado...
A natureza é gentil!
Mais do que
qualquer outra coisa
pra encher
o coração da gente
de alegria
vontade
de fazer e viver
é receber,
assim cedinho
de quem a gente ama:
- Bom dia!

135 - Noite da Poesia

Pequenos poetas
curiosos, faceiros,
agitados, ansiosos!
Pequenas poetisas
vaidosas, bonitas
falantes, amorosas!
Olhos inteligentes
expressar criativo
lendo seus versos
envergonhados
orgulhosos!
Pais jovens,
pais maduros
olhar brilhante
emoção exposta
gravada na alma
e na fotografia.
Que momento!
Assim...
extraído da rotina!
Poesia no verso
poesia no encontro
de pura e
singela alegria!
O que era?
Noite da poesia!

134 - Intercecção

Dentro da terra
embaixo da floresta
que se ergue tranqüila
cheia de beleza
e manifestações diversas...
... salões belíssimos!
Adornados com
suntuosas e delicadas
estalactites
estalagmites!
Arte! Sensibilidade!
Beleza!
Construídas ao longo
dos séculos...
Com paciência
sem fim.
Com tenacidade
sem fim.
Por quem?
Inspirado em quem?
E para quem?
Que silêncio preenchido!
Que escuridão!
Que coisa!
Que abertura para
a vida, para aprender!
Mundos extraordinários
verdadeiros presentes
convivendo com a gente...
Tão pertinho e tão distante
partilhando espaço e tempo,
mas ali..escondidos, palpitando!
A um passo, a um toque
de mão estendida...
mas é preciso
ir ao encontro,  descobrir!
E quando a gente descobre
acontece este encontro
de mundos diferentes
e afins... que nos
surpreende, gratifica,
enriquece e ressignifica...
Assim como quando
adentramos o
nosso interior,
também um outro mundo,
descobrindo um pouco
mais sobre o “desconhecido”
que habita dentro de nós mesmos...
E que nos surpreende e
“tira o tapete” de quando em quando
com ações e sentimentos
que não controlamos.
Assim como quando
encontramos com o outro
e algo mais acontece
além da contemplação
e da surpresa!
São encontros com algo
conhecido e próximo
bom, que nos imprimem
uma sensação “oceânica”
de pertencer,
fazer parte e estar em paz.

133 - poesia

Poesia...
folia e
harmonia
de palavras
que se juntam,
se encontram
para dizer
coisas
que o olhar viu
sentimentos
que o coração sentiu!
Coisas que
vêm e vão
vão e vêm
ao sabor
do vento...
Vento de fora
vento de dentro
às vezes lento
às vezes rabugento
às vezes ciumento
às vezes ...
cheio de encantamento!

132 - Procurando...

         Como seriam as coisas se não tivéssemos, todos os dias, coisas, belezas, palavras, toques, sons, algo aqui e ali no momento, sutilezas, sentimentos para capturar o nosso olhar, desafiar nosso pensamento e alimentar a nossa alma? Uns dizem que por decisão divina, outros por sorte, por acaso, por merecimento e outros por nada disto... sobre o fato de habitarmos um planeta lindo, dadivoso (ainda)! Às vezes eu penso que parece mesmo uma compensação pelas penações, pelo trabalho todo que temos para lidar, organizar, conviver e aprender com os desejos, as limitações, inquietudes, contradições e mazelas individuais e coletivas. Por outro lado, que significado têm as coisas e as rotinas, por si sós? Parece que é aquele que damos ou nos dão os outros, com seu olhar, sua presença, sua ação. Minha amiga cuida do jardim e entre outras tantas coisas, faz bonecas de pano, lindas e delicadas. Este seu fazer, interpreto, acrescenta sentido a sua vida e enche de alegria e prazer aqueles que contemplam ou compartilham seu espaço. Quanto mais ela cuida do jardim; mais ele responde com profusão de espécies, cores e perfumes! E ela se desdobra em maiores cuidados e descobre novas técnicas, novos arranjos e o jardim está sempre maravilhoso; produzindo encantamento, bem estar em tantos que passam, contemplam... Num outro lugar, alguém constrói, outro compõe melodias; outro extrai uma imagem da argila, da madeira; outro desenha, pinta; outro conta histórias, escreve poesia; outro cura animais e pessoas; outro canta, dança; outro estuda, viaja; outro costura, outro calcula; outro pesquisa, descobre uma medicação, outro inventa algo que facilita a vida; outro planeja e organiza; outro planta e colhe; outro limpa e protege; outro dirige, governa; outro investiga, questiona, defende; outro exercita o físico; outro discursa, faz leis, outro tem fé, reza, medita... a formiga trabalha e a cigarra canta. O que nos move? O que nos toca? O que dá sentido ou inspira o fazer ou não fazer e o perseverar?

131 - O ciclo....

        Gradativamente as fases e as lidanças da vida vão se apresentando. Nossa infância, depois a adolescência, juventude, o trabalho, casamento, filhos; a vida dos filhos por sua vez ascendendo e a gente envelhecendo e os nossos pais, tios, a nossa frente, murchando e se encaminhando para algo inevitável. De onde estou, agora, posso ter uma visão da vida inteira: o início, o meio e o fim. Inevitável. Claro. Certo. Antes não pensava no fim. Não via o fim. Agora vejo. Agora presto mais atenção. Antes esperava com ansiedade as folhinhas das violetas aparecerem, desenvolverem e por, fim, as flores delicadas surgirem e isto era tudo! A minha alegria em vê-las! Uma flor sucedendo a outra. Não prestava atenção naquelas que iam murchando, se tornando adubo. Agora eu vejo como vão perdendo o brilho, a cor, se encolhendo, desmanchando. E sinto; me despeço delas e agradeço o que me deram. Antes não tinha este sentimento. Agora, o que ocorre ao redor convoca meu olhar para a velhice. Não para a velhice digna que sonhamos para nós e para os nossos queridos; não para o ideal de uma velhice tranqüila, com lucidez e sabedoria. Mas para uma velhice que parece ser a realidade maior: uma colheita triste de equívocos, enganos, ilusões, abandono, dor, solidão, imaturidade, despreparo. Como parece ter sido a vida toda. Com a velhice vem a fragilidade e se não há amparo de afeto, de acolhimento de outros ou uma força pessoal construída no aprendizado duro da vida, o sujeito cai, marionete ou atrapalho na “ vida organizada” dos outros, especialmente nesta nossa cultura, que se fecha e resiste aos imprevistos, aos inusitados que atrapalham, questionam ou querem furar a rotina construída, os muros erguidos para proteger nossa intimidade; esconder nossos egoísmos, medos e inseguranças. Todo meu ideal de amor conflitua e é questionado, posto a prova. Por que acabar assim? Por que asilos, a doença, a miserabilidade, a perda da memória, da razão, dos sentidos, dos movimentos, da dignidade? Há culpa? Algo que um abraço, uma palavra, um dia, num momento especial e necessário tivesse feito a diferença? Como saber...

130 - Pátria amada

      Todos os dias, agora, estas mensagens depondo contra este ou aquele candidato à presidência, especialmente contra os que lideram as pesquisas. Eu sinto vergonha ao ler, ao receber e nunca repasso. Particularmente, neste ano, não me sinto envolvida, pois não estou cativada por nenhum deles; mas considero sumamente importante participar, votar, exercer este direito e estou pensando como vou decidir o meu voto; pois não vou anular. Eu sou uma brasileira que tem orgulho da pátria! Adoro nossa bandeira, nosso hino, esta nossa terra, nossa gente, nosso povo, nossa singularidade, nossas conquistas e organização enquanto nação. Procuro fazer a minha parte como cidadã e ensinei e ensino sobre a importância de valorar e lutar pelo respeito, trabalho, justiça, ordem, liberdade de pensar e de escolher, estudo, preservação dos costumes, tradições... aos meus filhos e alunos, como formas de exercer e ser cidadão e patriota. Eu acredito que isto se ensina no berço e que a família e a escola têm esta responsabilidade partilhada. Mostrar o mapa, lembrar a história, falar das nossas riquezas e possibilidades, ter e agitar a bandeira não somente em época de copa, ensinar e cantar o hino; são coisas importantes; mas como digo aos alunos: mais importante ainda é ser brasileiro e gostar de ser e preparar-se para ser um bom brasileiro: estudar, respeitar as leis, as diferenças, a liberdade , os direitos e os deveres; trabalhar honestamente; não pegar o que não é seu; falar a verdade, assumir os erros, não oprimir e nem explorar, criticar e se comprometer. Utopia? Não acho. As crianças, os jovens estão sedentos para aprender, para se encantar com projetos, idéias e ideais; só precisam de semeadura. De exemplos. É o que falta. E falta paixão! Esta que motivou homens e mulheres no decorrer da nossa história e de que nos fala os versos do poeta no hino da Independência: “brava gente brasileira... ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil! ..vossos peitos, vossos braços, são muralhas do Brasil... do universo entre as nações, resplandece a do Brasil...”.


















129 - Escrever

Sabor
saber
sonho
cor
valor
canção
poesia
melodia
profundidade
tempo
encontro
alegria
canal
expressão do sentir
compreender
todos os dias:
prazer de escrever.

128 - Agora

Obrigada.
Há um momento
que é pleno
que é inteiro
que é intenso
único.
Onde tudo está
no seu lugar
tudo certo.
É este agora.
Aqui.
Obrigada.

127 - Madrugada

É cedo, é escuro
há um burburinho
discreto, contido
cochichos ritmados,
aqui pertinho da
minha  janela... o que
se passa ali fora
na mata? Que
criaturas são estas
que como eu, se
deleitam e debatem
enquanto os outros
dormem na quietude
da madrugada?
Não consigo vê-las!
Há tanto mistério
por entre folhas,
galhos e sombras...
Mas ouço, sinto a
vida palpitando
acontecendo
é real. É bom.


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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