Aquietar

Na tarde de outono
a praia descansa.
A pequena se extasia
com a vida tão azul,
curiosa, que se abre
e descortina imenso 
e luminoso horizonte!
O pombo desfruta
espaço,  beleza
e,  também
encharca seus olhos
deste horizonte...
Entregue à emoção
com os “pés” bem no chão!
Queria trocar de
lugar com ele!
Voar até o horizonte
e com os “pés” nas nuvens
vislumbrar o horizonte aqui;
aquietar meu coração
que se debate, sensível
aos encantos e desencantos
deste chão.


Duas avós: pura ternura!

- “Agora, conta uma “hitorinha”, vovó”!
E lá foi ela, na estante, escolhendo uma “penca” de livros, esparramando-os pelo sofá, para só então selecionar aqueles do interesse do momento e, entre estes,  o primeiro a ser lido.
- “Quero este, vovó, do Rei “Leião””!
Larguei meus trabalhos e sem a menor resistência, sentei ao seu lado, no sofá e li a história, que também gosto muito. A pequena sempre fica mexida com o enredo: este tio que não gosta do sobrinho; os “leiõezinhos” (como ela fala) teimosos e curiosos que desobedecem os pais e se colocam em perigo; o “leiãozinho” que foge, cresce longe de casa... depois reencontra a amiga de infância; retorna ao lar; luta com tio e assume o seu lugar de rei e depois se torna, por sua vez, o papai de um outro “leiãozinho”... e disto ela gosta muito, vibra: do filhinho ou filhinha que tem um papai e uma mamãe! Fica feliz! Depois, não pediu para repetir a história; escolheu outra. Uma que ela não conhecia, ainda: “Era uma vez duas avós”... Meu coração bateu forte porque eu amo esta historia da Naumim Aizen! Fui lendo e ela cada vez mais centrada, interessada. Não dei conta de conter a emoção e ela percebeu; surpreendeu-se, virou-se para mim e perguntou:
- “Por que ta chorando, vovó”?
- É porque eu gosto muito desta história! Sabia que a gente pode chorar por causa de uma coisa que gosta? A gente gosta tanto, que chora de alegria, ou porque sente uma coisa muito grande, muito bonita, no coração... – respondi; sem certeza de que me entendia.
Ela voltou a atenção para o livro e pediu para que eu continuasse lendo...  No final, pediu:
- “Eu gostei desta “hitória”, vovó! Conta de novo”!
        No texto, a autora fala das suas duas avós, das diferenças e semelhanças entre elas e, do quanto marcaram sua vida, com seus jeitos singulares. Linda demais a leitura que  a neta fez das duas avós; não só do que elas exteriorizavam, mas daquilo que ela interpretava, intuía, capturava nas entrelinhas das falas, atitudes, hábitos das duas... Fundo, fundo demais! Não há como não se envolver, emocionar!
        Em outros momentos; anos passados, quando li este ímpar e belo texto, sempre lembrei das minhas duas avós, suas especialidades e do quanto guardei de cada uma delas. Hoje, pela primeira vez lendo para minha neta, foi muito mais do que isto! Eu lia e as imagens das minhas avós misturaram-se comigo; porque agora, eu sou a avó! E senti, como nunca, a urgência da essencialidade! Existem, sim, coisas impostergáveis, que não voltam ou não se repetem nunca mais e, perdê-las é imensurável. Nada podia ser mais importante do que o momento presente, ali, com ela: ora brincando junto, de massinha;  ora lendo pra ela; ora recortando e ajudando com a cola; ora ficando muito quieta, observando e fazendo de conta que trabalhava em minhas coisas e não prestava atenção ao que ela fazia: experimentando, tentando, persistente, manusear a tesoura; “rabiscando” a folha; misturando as cores das massinhas... de repente dando uma atenção “às filhas” ali ao lado... depois retomando um sem fim de “coisiquinhas” que se pode imaginar e fazer com papel, cola, tesoura e lápis, sem que ninguém interfira... até que:
        -“Vovó, senta comigo, aqui no chão... vem brincar comigo”! – um pedido tranqüilo para interagir, partilhar o momento.
Entendo. Ela descobre que tem coisas boas de fazer sozinha, mas outras, é muito melhor com o outro! Criança tem mais sensibilidade e sinceridade para reconhecer e lidar com isto. E expressar.
Num rápido instante, tentando fazer consciência de mim mesma; vasculhei meu interior para ver se haveria uma única coisa sequer que fosse mais importante do que sentar ali, com ela e brincar. Não havia. Nada.
        Mas preciso admitir que se isto estivesse acontecendo  há alguns anos atrás; talvez eu encontrasse algo mais urgente a fazer, naquele momento... algo relacionado ao trabalho ou à casa... que dor!
        Eu reaprendo. Eu me liberto. Eu me permito. Eu me  humanizo  e  me  reinvento  com minha neta. Meu coração transborda de gratidão: pelas duas avós que tive e pelo presente de ser, nesta vida, mulhermãeavó!



Tarde de outono


A tarde silenciosa e melancólica
vai entrando, devagarinho
no meu espaço... no meu silêncio...
Vem fazer uma visita. 
Tomar chá comigo,
amiga de tantos outonos.
Traz palavras, tantas!
Varinhas mágicas
que descortinam sentimentos
nomeiam sensações
que combinam com as notas
que o artista extrai, com amor
absurdo e absoluto, do piano!
Combinam com as folhas
que o outono libera
e que se avolumam no chão...
Todas  cumpriram seu papel?
Será que vejo, em alguma delas,
ainda um verde de vida,
um resto de desejo,
uma resistência ao nunca mais?
Ah! Minha doce amiga!
Não sei se te abraço
ou se me escondo de ti...
As palavras que partilhas -
generosa, comigo, agora,
nesta casa
grande  de lembranças;
vazia dos sorrisos, dos sons, abraços
e singularidades dos que saíram;
entre o que de fato tenho
de fato sou -
atualizam saudade.
Saudade! Saudade! Saudade!
E nesta riqueza
que pulsa, vibra
indefinida, dentro de mim
não sei se morro de saudade
do que passou
ou do que nunca será.

Para cada um dos três...

https://youtu.be/1Ntg5hz-Zcw
Obrigada!
Pelo dia,
que foi especial!
Obrigada!
Por estar perto de mim!
Por me fazer sentir especial
por ter vindo de mim,
escolhido nascer de mim!
Tenho orgulho de ti.
Por ser tão melhor do que eu!
Por ir tão mais longe
do que eu fui!
Por saber tão
mais coisas do que eu!
Por estar tão mais
presente neste mundo
do que eu e entender
e participar de tantas
coisas que não compreendo
e não alcanço...
Obrigada!
Por me levar tão longe,
me apresentar outros
jeitos de viver, ser,
pensar e agir, neste mundo
através dos teus olhos,
tuas palavras, tuas pernas,
teus sonhos, tuas asas!
Você é muito mais do
pude sonhar e esperar.
E sonhei e esperei muito por ti!
Desculpa se não fui
e se não sou
como poderia ter sido
como poderia ser!
Desculpa se não sou capaz de
evitar ou minimizar
tua dor, tuas dificuldades!
Mas tu és forte!
Tens valor e essência.
És tonches!
És do amor!
Isto me conforta!
Eu te amo
e neste universo,
sempre que quiser
e precisar, estou
contigo, do teu lado;
segurando tua mão.
O amor é maior
do que tudo,
não esqueça!
Meu amor,
minha força
e minha oração
para ti,
todos os dias!!!
       Mâe



Nossas mães!

             Cinco irmãs. Mães. Avós. Algumas, já bisas! Mulheres trabalhadeiras, caprichosas e peritas na arte do asseio da casa; do passar uma roupa, lavar uma calçada, preparar um mate; fazer uma comida gostosa; um doce mais do que doce!  E ainda, na arte de ocupar-se com os filhos, os netos; acolher uma a outra... Cada uma, a seu modo, agindo e reagindo diante da vida e suas demandas; fortes, talentosas, jeitosas, belas!
      Queridas mães de uma geração de netos e bisnetos que estão aí, no mundo; orgulhosos de vocês; colhendo seus frutos, espalhando suas sementes maternas; dando sequência, novos capítulos e rumos a uma história que já era continuidade, em vocês!
O mesmo amor em atos e performances diferentes. Amor de mãe: que primeiro gesta, depois pare. Depois cuida, protege, nutre. Depois orienta, acompanha, encaminha... e entrega. Porque a vida, as escolhas e as consequências, agora, pertencem aos filhos, aos netos. E então reza! Porque o amor da mãe não envelhece, não se aposenta, não descansa. Ele é vivo e vibrante e está sempre indo ao encontro dos filhos; se não em abraços, palavras e ajudas concretas; em energia silenciosa de fé, força e amor! Amor aprendido com a Mãe Natureza e com a Mãe Divina, através da contemplação, interação e cumplicidade: “de mãe pra mãe” e de “mãe pra filha”.
Deus abençoe vocês, nossas queridas, filhas do nono e da nona! E que o carinho dos seus, seja sempre uma alegria que chega, no dia-a-dia!

Minha Mãe

Mãe querida!
Lembro de ti
quando as roupas
brilham no varal,
cheirosas!
E depois,
passadinhas,
adormecem no roupeiro
sossegadinhas,
macias, gostosas!
Lembro de ti
quando vejo
flores
e recordo,
as conversas
carinhosas,
que tinhas com elas
quando sentias saudade
de mim e dos teus netos!
Lembro de ti, mãe
mulher de força e de fé,
quando rezo
pelos meus filhos!
Aprendi contigo,
com teu coração generoso,
este fazer silencioso
de agradecer e pedir
por quem amo
e prezo!

Meu carinho
e gratidão,
todos os dias,
mãe!


Mágica


- Profe, é verdade que você sabe fazer mágicas? –pergunta um aluno, ansioso.
- Verdade que você sabe fazer desaparecer uma moeda? – pergunta outro,  olhos brilhando de curiosidade.
- Quem contou isto para vocês? – pergunto, surpresa!
- Ah! Foi a profe de matemática e a teacher... você sabe, mesmo, Maisa?
- Bom, faz tanto tempo que não faço mais, isto! Da última vez, meu braço ficou doendo por meses... então decidi não fazer mais... até porque estou ficando mais velha e isto pode não fazer bem para minha saúde.
- Então você faz! Conta pra nós o truque! Mostra como se faz! Mas por que dói?
- Dói porque eu não faço a moeda desaparecer e aparecer em outro lugar. Eu faço a moeda entrar dentro do meu braço. Mas não sei fazer ela sair do braço, depois! – argumento, observando seus olhos brilharem ainda mais, de curiosidade! Coisa linda!
- Ah! Conta o truque! Sim, porque isto é um truque, né?!
- Está bem, na nossa próxima aula, quinta-feira, eu me preparo e tento fazer a mágica. Só não sei se vai dar certo, porque, como disse, há muitos anos não faço, não tenho praticado. Mas vou tentar. – prometo ao grupo do 5º  ano.
        Nossa! A expectativa era grande! Às  7h30 da manhã de quinta, entro na sala de aula e já estavam prontos para assistir a minha apresentação. Joquei, então, o balde de água fria:
- Agora vamos trabalhar; temos muitas coisas para fazer! Depois do lanche, temos mais uma aula e então eu faço a minha mágica e cada um também pode fazer /apresentar as coisas “diferentes” que sabe fazer!
Claro que não gostaram de esperar; mas adoraram a ideia de também mostrar tantas coisas que sabem fazer... o tempo passou voando e a conversa fluiu, mais do que nos outros dias; mas não prejudicou a produção de texto; estavam se divertindo com a produção de limeriques, nos computadores.
        Depois do lanche, lá estava eu, na frente do grupo outra vez, mas uma personagem diferente: o de mágica! Todos sentados, olhos fixos em mim, curiosos, desconfiados; atentos para descobrir o meu truque: onde eu iria esconder a moeda de R$ 0,25! Sim, porque de R$0,50 ou de R$1,00 doeria demais!!! Será que a professora sabe fazer um truque destes? Não, né?!!! Ou sabe?!!! E será um truque?!!! Hum....
        - Bom, gente... agora, concentração, porque eu preciso me concentrar! Se vocês não colaborarem, não consigo a concentração suficiente para fazer a moeda desaparecer, ou melhor, entrar no meu braço! – Falo, muito séria e compenetrada; mas de um jeito diferente do que já conhecem.
        Silêncio total, olhos fixos. Ninguém se mexe. Eu entro no meu personagem e começo a friccionar a moeda no meu antebraço esquerdo. Por três vezes, ela escorrega, cai em cima da mesa. Eles ficam decepcionados!
        - Ela não vai conseguir! – expressa um.
        - Fica quieto! Ela vai, sim! – afirma outro.
        Eu prossigo. Entre caras e bocas, aumentando a fricção, de repente... a moeda some!
        - Cara! Onde foi a moeda? – diz um, muito surpreso; entre as demais exclamações!
        - Não acredito! – sacode a cabeça, um dos incrédulos!
        E nada da moeda estar embaixo da mesa ou da toalha, porque tive o cuidado de não deixar nada onde pudesse esconder a moeda, à mostra. A mesa não tinha toalha. Eu estava de camiseta de manga curta; então não tinha como escondê-la na manga. Estava com o cabelo preso, não podia esconder atrás das orelhas ou no cabelo... e, no chão não estava! Eu sacudia meus braços e nada da moeda cair ou aparecer! Eles, de repente, ficaram sérios. Como  podia ser isto? Queriam que eu contasse o truque. Eu não respondi a isto e comecei a expressar a dor que sentia no braço. Vieram colocar a mão no lugar onde a moeda desaparecera e constataram que estava um pouco “duro” e “meio roxo”. Daí, esqueceram do truque e ficaram preocupados com a minha dor.
        Mudei o rumo:
        - Agora, quem quiser fazer alguma demonstração do que sabe fazer, venha aqui na frente. Eu também quero ver!
    Foi uma sequência bonita! Interessantíssima! Demonstrações de habilidades singulares: um arroto diferente, grunhidos estranhos, estalos com a língua, mexer as orelhas; mexer as narinas; entortar dedos pra lá e pra cá (fan-tás-ti-co!); colocar a mão inteira dentro da boca; movimentar o abdome; entortar os braços... gente! Fiquei admiradíssima! Assim como eles em relação a mim!
        Nos demos a conhecer de outro jeito! Coisa linda! Quanta coisa a gente não sabe que o outro sabe! Quanta coisa a gente não sabe, que sabe! Assim passou a quinta...
        Mas na sexta, a pressão voltou:
        - Maisa, a gente procurou na internet; lá diz que você deve ter escondido a moeda embaixo do cotovelo! - afirmou um aluno.
        - Capaz, cara! Ela erguia o braço, não tinha nada embaixo... – retrucou o colega ao lado.
        - Meu pai disse que você deve ter escondido a moeda na manga da camiseta. – Continuou um menino lá do fundo da sala.
        - Que viagem,  cara! Você não falou pra ele que a camiseta dela era de manga curta? Não dava para esconder nada... a gente ia ver ela erguendo a mão para esconder...
        Não respondi nada a respeito; apenas comentei sobre o quanto meu braço estava doído. Elogiei a partilha com os  pais, a pesquisa; o interesse; a curiosidade.
      Com certeza, alguns deles, vão continuar, por um longo tempo, perguntando, pesquisando; tentando encontrar uma explicação racional, para o fato. Outros, simplesmente aceitam o fato, admirados, encantados com ele; com esta possibilidade do possível impossível. Eu faço parte deste grupo. Não quero uma explicação sobre o que é uma estrela. Adoro vê-la brilhar! Não quero saber por que amo. Simplesmente, amar! Não quero definir a poesia; apenas sentir a poesia, fazer poesia... Não quero uma explicação sobre as mágicas ou magias; saber qual o truque. Quero apenas sentir seu efeito e me encantar com as possibilidades, com as habilidades, a criatividade, a emoção! Não conseguirei, nunca, definir o que sinto, sempre que vivencio esta experiência; percebendo, ao mesmo, tempo, o que se passa dentro de mim e o que se passa com cada um destes, queridos, me olhando, admirados! A vida é tão bela também sob este ângulo!!! Ah, como é bom experimentar estes momentos deliciosos de encantamento espontâneo, gratuito!  E o melhor deles: acordar, todos os dias! 

Fulni-ô


   Índios Fulni-ô, de Pernambuco, no Quintal...
Homem da terra!
Vejo tuas cores
e me emociono!
Lindo e nobre!
Em ti, vejo a Mãe,
nossa mãe,
que você ama e respeita!
que você escuta e protege!
E que te abraça,
e te acolhe num verde,
grande e silencioso abraço!
Vejo que é só ali  que respiras,
descansas e te fortaleces;
ali adormeces e sonhas teus sonhos
de paz, de fartura e liberdade
em sintonia com as águas,
os cantos da passarada
e o coração  da mata!
Eu sei, irmão mais velho...
Um dia foste acordado
sem cuidado
e expulso deste abraço!
Teus olhos ficaram tristes,
o coração apertado;
teus filhos com fome
e teu povo atordoado,
empurrado para uma
terra violada,
      tornada seca,  
com rios contaminados!
Sofreste muito!
Ainda sofres.
Escuto teu choro
teu grito sufocado!
Teu lamento fundo
e tua história
ecoam no meu coração!
Carregados pelo vento
espalham-se e, num dado momento
eu escuto... sim! A Natureza chora!
Cansada, explorada, agonizante
a mãe Terra chora!
Chora de saudade de ti,
um filho querido!
Saudade dos teus carinhos,
cuidados e respeito.
Saudade do teu canto,
da tua oração!
Eu tenho orgulho de ti,
meu irmão! Admiração!
Ao teu lado
eu me sinto feliz,
eu me sinto em paz.
E tenho vergonha de nós!
De nós, os que viemos depois!
Do que fizemos,
arrogantes e ignorantes,
 a ti  e nossa mãe.
Perdão!
Aprender contigo
é  um desejo grande !
E que meus filhos,
meus netos,
meus alunos 
também tenham e queiram 
este presente!

Trabalho

Hoje, dia do Trabalho, celebro o meu ofício! Há 36 anos, na escola!   Os primeiros anos, foram os anos da juventude! Tempo de luta, dos ideais lançados, gritados ao mundo; das broncas, dos questionamentos, dos enamoramentos com ideais políticos e teorias sobre educação. Estes últimos anos, têm sido os anos da maturidade; reflexão e da paciência cultivada e construída. A escola trouxe a escrita e os livros para minha vida. A escola sempre foi lugar especial para mim. Até hoje, aprendi muito mais do que ensinei. Aprendi, reaprendi e fortaleci tudo sobre a vida, tudo que é essencial. Especialmente sobre respeito e amor ao universo todo, suas criaturas e sobre ser cidadã e educar cidadãos.   Na vida, nestes anos, nem tudo foi  como o sonhado e mudei, abandonei e encontrei muitas outras coisas e caminhos; mas permaneci na escola!
Trabalho é tudo de bom: produzir, criar, transformar, construir, colaborar, cooperar, ajudar, curar, alegrar, pensar, refletir, aprender, melhorar! Trabalhar enlaça. Enlaça fora, enlaça dentro. Se a gente olha para trás, por onde andou a humanidade pode ver os laços, as trocas fomentando (ou não!) os avanços, reconstruindo, protegendo, lutando por algo justo e melhor.
Trabalho também pode ser tudo de ruim! O trabalho forçado,  não amado, não desejado e o trabalho que não é valorado. Duro demais ver homens, mulheres, jovens e crianças submetendo-se a atividades injustas e desumanas para sobreviver. Duro demais ver muitos adultos exercendo uma profissão que não escolheram. Duro demais ver pais  pressionando direta ou indiretamente os filhos para escolherem esta ou aquela profissão por causa do status ou retorno monetário. Duro demais ver os índios Fulni-ô saindo da sua terra, viajando pelo país em busca de recursos para manter sua tribo! Submetendo-se a mais humilhações; porque a nossa civilização tirou, deles, o direito de trabalhar e viver a seu modo. Duro demais ver a educação, a escola neste lugar onde está: desacreditada, desvalorizada e seus profissionais, assim, tendo que abandonar o trabalho e reivindicar, pelas ruas, algo que já é de direito e ficar nesta exposição dolorosa; alvo de chacota, violência, desrespeito, tanto nas salas de aula, quanto nas ruas. Quem estimula seu filho para ser professor? Duro demais ver esta nossa realidade, tão cheia de tecnologia e tão vazia de valor, de calor humano, de respeito, de proximidade. Dura realidade, cheia de solidão, espinhos, grosserias; preconceitos; de dedos arrogantes apontando culpados e verdades para lá e para cá; de vazios imensos; de sonhos engavetados; de tanta gente fugindo para outros lugares, em busca de felicidade, de uma oportunidade... 
       Apesar de tudo, sou agradecida por labutar neste ofício. Eu acredito que ele tem uma função essencial na vida das pessoas e do nosso país! Acredito que através da educação, podemos mudar! De dentro para fora! Sem os vícios, vislumbrar as prioridades; permitir a cada um encontrar o seu lugar  e neste lugar, produzir e viver com dignidade e possibilidades.
Trabalho: reflexão, esforço, perseverança. Desafio atualizado cotidianamente. Nesta lida se descobre habilidades e limites; fortaleza e fragilidades! Valores e grandezas; sombras, exageros e pequenezas. É viver e fazer a vida render... render frutos! (tantos e de tantos tipos...) São eles que respondem se valeu a pena.

         

Mãe

Mãe,
               rima  com  flor,
                               amor,
                               calor!
Mãe,
                     rima com  mulher,
                                       colher,
                             bem-me-quer! 
Mãe, 
                            rima  com  passarinho,
                                                    filhinho,
                                                     carinho!
Mãe,
                rima  com  mel,
                                   véu,
                                     céu! 


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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