Frutos em prosa e poesia

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O quintal,
semeado de letras
germina, agora,
em palavras,
prosa e poesia!
Literatura em
árvores
e paredes?
Como se
frutos e flores
fossem?
Cheirosas,
maduras
e coloridas!
Ali, ao alcance
do olhar guloso,
da mão curiosa?
Só chegar e pegar,
cheirar, degustar
e se lambuzar!!!!
... de ideias,
de palavras confeitadas
e perfumadas
de fantasias...
mil possibilidades!
Ah! Brincar de viajar,
de ser feliz...
na quietude
do eu sozinho
ou no buliço
do eu contigo!
Nas alturas ou no chão,
ao alcance da mão!
Ah! Na tarde ensolarada
é tudo de bom!




81... e quantos dias de sol, pai?

    O vô Xmitão, a neta Llian e a bisneta Maria Margot
     
      Hoje, 81 anos, né, pai!  Vai haver um bolinho, sei. Meus irmãos e os filhos deles, teus netos e os bisnetos daí, certamente vão passar  à tardinha, para o abraço, o chimarrão e aquelas conversas características entre o Ximitão e sua prole. Eu não estarei, nem meus filhos e nem a bisneta daqui. É tão longe para uma visita de final de semana... Ao telefone, hoje cedo,  disseste que tua meta é chegar aos 82, “bater o record” dos teus irmãos... Eu não imagino o mundo sem ti, pai! Vais viver muito, ainda! O tempo passou. Passou tanto e a música que ouço agora me leva tão rapidamente, de volta, por tantos caminhos, estradas e dias do passado... me enchendo de emoção a cada reencontro, que preciso chorar a distância destes dias vividos; porque foram tão belos, mesmo os de dureza e dor. Tudo tão intenso! Intensas presenças e intensas faltas. Intensas marcas.  Eu me lembro de ti, pai, em tantos dias, tantos contextos, tantas histórias... na minha infância, na adolescência, na juventude e neste meu tempo de vida madura e também na vida dos meus irmãos. Lembro de nós, todos pequenos, esperando tua chegada de viagem, nos finais de semana, ansiosos pelos presentinhos, coisas boas pra gente: rapadurinhas, queijo, ovos, frutas! Das visitas na casa do vô e da vó. Gostavas dos teus pais, havia um grande carinho não falado, mas perceptível, como um fio que nos enlaçava e eu gostava daquele aconchego, de escutar as conversas de vocês. Aquilo me dava uma sensação de pertencer. Recordo da delícia que era irmos, de quando em quando, a um restaurante! Ou tomar sorvete! Ou ganhar um “diamante negro”! Dar uma voltinha ao redor da praça! Pequenas deleites que enfeitavam a vida e pelos quais esperávamos pacientemente. Sinto saudades das passeatas pelas ruas de Ijuí, quando das vitórias do Inter! Eu, na janela, levando a bandeira vermelha, tu buzinando e os manos batendo tampas de panelas!!!! Ah! Que coisa boa!!! Éramos os donos do mundo porque o nosso time, o melhor time do mundo! Era um orgulho ir nas lojas e ouvir: Ah! Você é filha do “Schmitz do Samrsla” ou o “Schmitz da Casa dos Retalhos”. Isto me dizia que tu eras uma pessoa de bem. Que o meu pai era conhecido e querido, considerado por tantas pessoas na cidade!  Eu admirava, também a tua assinatura! Aquelas letras desenhadas. Eu acompanhava com admiração quando assinavas um documento, meu boletim, um cheque... e imaginava se um dia teria uma assinatura assim, tão bonita e difícil de fazer!    Lembro de como foste te organizando e melhorando nossa vida. E de repente podíamos ir à praia! E viajávamos de fusca e de Kombi, no verão! O carro cheio! Roupas novas! E na praia, tínhamos sorvete ou picolé garantido, todos os dias! Nem precisávamos pedir. Lembro dos carros que tivemos, de como tudo foi conquistado aos poucos... uma Rural, depois o Fusca, a kombi, a Belina,  e a “Catarina” (variant)... e outro fusca! Gosto de fusca até hoje! Fizemos viagens memoráveis de fusca, não é?!!! Lembro do meu debut e do meu casamento; dois momentos muito especiais em que você entrou comigo nos ambientes e do quanto ambos estávamos nervosos, mas juntos! E lembro que um dia socorreste minha filha, bebê, levando-a ao hospital, salvando-a, num momento em que eu não estava em casa... E do carinho que deste aos meus filhos.  Sempre admirei tua alegria, pai! Teu bom humor e esta tua habilidade de jogar, brincar com as palavras, criar expressões a partir de outras!  Claro que um dia eu descobri tua humanidade, tuas falhas, tuas fraquezas e deslizes. Claro que de muitas coisas eu não gostei. Coisas que foram duras e difíceis para mim; deixaram marcas.  A vida ensina que ninguém escapa de seu pai e sua mãe. Eu também marquei meus filhos. Porém, o tempo e a distância redimem, suavizam, minimizam... e, no nosso caso,  o que ficou é o afeto, a ternura; só o amor! Real ou imaginário, não importa... o que importa são os frutos que produziu: frutos amorosos.  Hoje te imaginei aí, no teu Rio Grande, o sol, que tu amas, entrando de manhãzinha pelas janelas,  portas e portões! Te envolvendo, refletido na tua careca e nos teus olhos sempre marejados d”água; “remoendo” todas estas coisas que nós sabemos que te ocupam... Mas fique tranqüilo! Nós, teus filhos, estamos bem. Teus filhos são homens de bem. Eu, tua filha sou uma mulher forte. Teus netos, todos, belos e batalhando pela vida, cheios de saúde, criativos, inteligentes! E teus bisnetos, preciosas promessas de futuro! O sol está brilhando, pai, dentro. Nunca deixou de brilhar, nem de aquecer. Estamos contigo. Te amo! Feliz aniversário! 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

Originalidade

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- “Eu acho que se todo mundo tivesse coragem de falar, as coisas poderiam mudar e as pessoas deixariam de fumar e beber”... “eu perguntei para minha mãe por que as pessoas falsificam coisas... mas ela não soube responder”... Ai que fofos!  Por alguns momentos, no nosso dia de encontro, a aula é deles. Depois é nossa.  Quando no tempo deles, fico de lado, só observando e cuidando do tempo (para não ficar sem tempo!) “babando” de orgulho e desejando que houvesse uma janela para o mundo, afim de que todos pudessem partilhar comigo. Hoje, no 5º ano, como de nosso costume, dois alunos estavam à frente do grupo, apresentando o  assunto escolhidos por eles para expor aos colegas: drogas e falsificação. Eu não teria sugerido estas temáticas a eles! Fiquei surpresa, com expectativa para ver como conduziriam o pensamento, o que teria destaque nas suas falas. Vencendo o natural nervosismo, certa “vergonha” diante de um “grande público”, os dois, um menino e uma menina, tomaram a palavra e bem articulados com ela, seguiram apresentando e argumentando com emoção e propriedade, em favor de suas impressões e “certezas”, questionamentos e experiências; ordenando a participação dos colegas que ouviam e também queriam fazer seus relatos; sustentando seus braços erguidos, para não perder a vez. A turma ainda não participou do programa PROERD, mas  quando o programa chegar na escola, os instrutores serão surpreendidos! Na interlocução, em relação às drogas,  focaram o uso do cigarro e da bebida e, em relação à falsificação, a adulteração de CDs (jogos, música) calçados e brinquedos. São crianças, falaram do seu mundo, do que vivenciam, escutam, sofrem, acompanham, observam, leem, assistem. O que não é pouco para a idade deles.  As crianças não estão sendo poupadas de nada, infelizmente. Acho que nunca foram. Se eu não oportunizasse estes momentos de expressão, também não saberia  sobre isto que eles armazenam, elaboram e constroem, a partir do que observam a nosso respeito e a respeito do mundo que  entregamos a eles. A sala de aula, com sua enorme listagem de programas e conteúdos exigentes e repetitivos, nem sempre abre espaço para o “novo, o pulsante, o vivo”, a não ser que a gente priorize e incursione pelas ruas paralelas e transversais, que eu adoro! Ouvi, depositária da confiança deles,  muitos relatos emocionados sobre coisas vividas e sobretudo, de alguns fantasmas que perseguem alguns, sobre o medo de perder pessoas queridas por causa do cigarro e da bebida ou, de sofrer as conseqüências advindas do uso da bebida, nas relações cotidianas e no trânsito. Queriam saber, com insistência, os motivos que levam alguém a falsificar coisas! Tantas coisas passaram pela minha cabeça... recordações, meus próprios medos e fantasmas nascidos lá na infância... vontade de proteger, de garantir que não existem e não existirão perigos e sofrimentos, nem maus exemplos, nem violência e nem injustiça; ou que não perderão nenhum de seus queridos para as drogas e nem para a bandidagem, corrupção... Encerramos a parte deles com muitos aplausos e com estas pérolas de fato; pensamentos importantes que germinam dentro deles: “importante, né Maisa, é a gente pensar com a própria cabeça”!... “a gente precisa ter coragem de falar estas coisas, daí elas podem melhorar”... “a gente também pode falar estas coisas para os pais e ajudar”... “tem que ir falando, mesmo que não escutem... até que escutem!”... “é bom e é preciso cuidar, se informar, antes de comprar alguma coisa em algum lugar”... “ melhor comprar o original, o falsificado logo estraga ou estraga os aparelhos”...  Toda semana, este privilégio de rever e renovar o olhar! Que coisa! Sintonia bonita a de hoje! Mesmo sem combinar, os dois alunos trouxeram assuntos afins e que ficaram, certamente, suscitando sentimentos e pensamentos, como em mim. Depois disto? Fomos fazer poesia! Então fiquei pensando que a originalidade é o belo, a saúde, a felicidade e que a adulteração, a falsificação da nossa originalidade ou das originalidades alheias enfraquece, estraga, produz dor. Precisamos das “bengalas” da “ilusão” ou das “vantagens”? Nós não nos temos, uns aos outros? Por que então não nos buscamos? 

Sem pressa


Desceram, falantes e faceiros, a rampa. Cada um levando sua cadeira e em “fila indiana”, por minha solicitação; como prevenção aos descuidos, esbarrões e implicâncias de percurso entre os mais afoitos e impulsivos. Nos instalamos, então, no quintal, em cima do palco, “nascido ao pé do morro”, beirando e tocando, suavemente, a floresta vizinha. A tarde estava luminosa, verde e azul por todos os lados.  Num círculo, nos pusemos a atualizar o passeio a Curitiba, mais especificamente ao MON (realizado na quarta). Demanda  uma entrega sincera o ouvir as observações de cada um. Não dá para ter pressa. Esta, aliás, foi a única coisa que a turma nomeou como algo negativo, na visita ao museu: a pressa da guia. “Não dava pra gente  aproveitar, era tudo muito rápido!”. Foi o que eu achei também, embora entendesse a pressa da guia. Mas eles estão acostumados a olhar de fato, curtir, aprofundar, interagir. E isto era o que estava acontecendo, ali, naquela “sala de aula” imensa e cheia de encantos que é o quintal da escola. Expressaram interesse em saber mais sobre Oscar Niemayer e suas obras. Lembraram com precisão as informações da guia sobre as obras de Escher e partilharam suas próprias impressões; minúcias, sutilezas, sensações. Quanto mais palavras, mais palavras! Um sem fim de palavras invadindo a palavra do outro, porque uma coisa puxava a outra, a lembrança da outra e ficava difícil esperar a vez! Mas, enfim, depois do conhecimento socializado no grupo, fomos à prática. Escritores de si mesmos, os alunos andaram pelo quintal, observando, buscando inspiração no universo  privilegiado de natureza... De volta à sala de aula formal, a expressão escrita: um tal de transformar pensamentos e sentimentos em desenhos, prosa ou poesia! Traços lindos! Objetivos ou subjetivos, coloridos ou sem cor alguma; com muitos ou poucos detalhes; ocupando lugar e espaço, com confiança. Prosas ou poesias gestadas entre sussurros, sorrisos, “gracinhas” e silêncios; “olhadelas” para o desenho e para além das janelas de vidro, confirmando algum traço, alguma ideia, emoção não traduzida. A leitura destes trabalhos sempre é um momento de delicadeza intensa e de grande comoção. Por vezes, preciso sair da sala, respirar, tomar água, rir, chorar ou partilhar com algum colega. É quando renovo os votos deste casamento com meu trabalho. Quando repito a mim mesma: é por isto que estou aqui há mais de trinta anos. É por isto que o amor não morreu; renovou e me renova! A poesia de um deles, hoje, falou assim, num momento do seu curso: “quando eu descobri o amor \ é como se  uma flor \ abrisse dentro de mim \ eu fiquei  mais feliz”... Ah! Tão bonito! E dito por quem foi dito, aumenta seu valor e o meu encanto! E se não fosse, eu diria: o quintal é mágico!

Gratidão


Tocada, a alma
se desnuda.
E desnuda
é pura gratidão!
Pelo ínfimo,
pelo “menor”,
que vai
compondo o todo!
E pelo  todo,
o “grande”,
com seus traçados
e significados.
Que dor
quando o interesse
ignorante e cego
suplanta
todo gesto, anterior,
de respeito
de cuidado
e de amor.
A alma desnuda
é pura gratidão.

Puro amor!

Arte


         
                 Obra de Escher
A tarde fria de ontem, quarta-feira, passamos (turma do 5º ano do Quintal e nós, seus professores) partilhando o “calor” das descobertas, admiração, encantamento e questionamentos, no MON (Museu Oscar Niemeyer), em Curitiba, visitando o museu e a  exposição  “A Magia de Escher”,  do artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher. Escher (informação reforçada por nossa guia, no MON) ficou conhecido e famoso mundialmente por “representar construções impossíveis, preenchimentos regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses, padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes”. Sua obra é marcante por “gerar imagens com impressionante efeitos de ilusão de ótica, com notável qualidade técnica, respeitando as regras geométricas do desenho e da perspectiva”.  Momentos maravilhosos e singulares, foram estes, de aprendizado e alimento para a alma e a curiosidade! O ser humano é realmente fantástico nesta sua capacidade de elaborar  e expressar suas percepções de mundo! Imperdível a visitação a estes lugares onde estão expostas! Nos encontramos ali, crianças e adultos, contemplando... com nossos olhos e alma, cativados por aquelas obras de arte - de subjetiva beleza; desafiando nossa imaginação e compreensão a respeito da representação da ideia, do sentimento de um outro, semelhante e diferente de nós - acolhidas dentro de uma outra grande obra de arte (o museu), criada, ali, por Niemeyer. Gosto muito de algumas citações deste arquiteto, sobre o seu traço, especialmente desta que transcrevo e que está lá, impressa, para meu contentamento: “Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo - o Universo curvo de Einstein”. Que coisa mais linda! SIM à flexibilidade, à liberdade de ser e expressar! Depois de um encontro destes, o cotidiano fica mais bonito e nós, mais voltados às sutilezas, sensibilidades, à contemplação; com vontade renovada de viver, trabalhar; tocados no desejo de encontrar, produzir e expressar sob o ângulo da nossa singularidade.

A neve e a escola

Eu vi a neve uma única vez e com meus olhos de criança. E  era aniversário do meu pai! Estava na primeira série. Era meu primeiro ano na escola, no Ruizinho. A escola e a neve chegaram no mesmo ano e aquele foi, sem dúvida, o ano mais significativo da minha vida, por causa da descoberta da leitura e da escrita. De repente, o dia amanheceu branquinho e não era novidade somente para as crianças. Era também para a maioria dos adultos. Que fenômeno!  Provocou uma mudança nos hábitos, alterou a rotina daquele dia. Mas eu fui à escola! Não sei o que motivou meus pais me levarem para a escola, neste dia! Na verdade, eles e mais duas famílias: estávamos três alunos e a professora, em sala de aula, naquela manhã. Nem a professora sabia muito bem o que fazer, parece. Ela estava diferente. Eu lembro que a rotina também foi diferente. Nós não conseguíamos sair das janelas, que eram muito altas. “Entroxados” de roupas de inverno, subimos nas classes encostadas (acho que pela professora) na parede e grudamos nossos rostos no vidro, espiando (com olhos que não abriam mais por falta de espaço) o “lá fora”, a neve! Ela cobrira todo o gramado e as grossas árvores. Nada do verde! Onde fora? Era lindo e era assustador... a falta de cor! Não lembro de sentir frio. Ao contrário. Lembro deste dia como algo cheio de quenturas e coisas aconchegantes, mágicas! Talvez porque oportunizou uma aproximação maior com a professora, que nos deu uma atenção extra, especial! Por um dia, éramos os únicos, especiais para ela. E isto era muito bom! Estávamos ali, os quatro, próximos como náufragos; ilhados naquela imensa sala de aula, cercados por todo aquele extraordinário milagre branco! Doce momento de intimidade que poderíamos ou deveríamos estar partilhando com os familiares, mas não, estávamos ali... por quê? A professora, com certeza, por dever ou por não se permitir faltar. E eu e meus dois colegas? Aparentemente, devido ao grande senso de responsabilidade de nossos pais. No decorrer da vida profissional, anos mais tarde, encontrei muita dificuldade em me permitir faltar ao trabalho e, quando faltei, por motivo de absoluta falta de condição física, a culpa assombrou. O que o inconsciente registrou naquele  dia em que eu vi a neve, neste sentido?... Muito clara é a recordação dos rostos grudados à janela, cujo vidro embaçava a todo instante, com a nossa respiração. Então aproveitávamos para desenhar, fazer rabiscos (era muito divertido!) até que o vapor sumia e a neve surgia aos nossos olhos, outra vez, desconhecida e sedutora, lá fora! A professora, num ímpeto de alegria e ousadia,  decidiu nos levar ao pátio. Deus! Que era isto de pisar numa grama verde transformada em gelo?! De repente, parecia que éramos personagens saídos dos livros de histórias que aprendíamos amar! E brincamos, fazendo bolinhas de neve, jogando-as para lá e para cá... fizemos até um boneco de neve! Assim como víamos nos livros de histórias! Um dia mágico, este em que “caiu” neve, em Ijuí. Mágico! Acho que porque eu o vivi, em parte, na escola; que sempre foi um lugar de coisas boas para mim. Um lugar onde encontrei os livros, as histórias, os contos de fada, as letras e as palavras e, a professora acolhedora. A sensação que eu tenho, ao lembrar, é de que ali comecei a viver: quando comecei a escrever a minha história e ler a vida ao meu redor. Na escola.  

Alquimia II


                                                                                                Imagem da internet
Misturas de lá e de cá
o que é que dá?
Alquimia no dia-a-dia!

Minha fome
com tua simpatia?
A mais deliciosa
ambrosia!

Desejo e resistência?
Uma grande teimosia!

Indiferença e insistência?
Pura antipatia!

Contos de fada,
cantorias, trocas
e encontros?
Doce magia!

Tua generosidade
com minha sensibilidade?
Silenciosa harmonia!

Céu azul e criança brincando?
Só alegria!

Areia, árvore,
amigos, água e quintal?
Muita folia!

Imagens e palavras?
Gostosa parceria!

Estrela, lua cheia,
teu olhar e o mar?
Poesia! Poesia!

Aspereza, desconfiança
mentiras e desrespeito?
Pavorosa ventania.

Saudade, sonho,
coração acelerado
afeto, sutilezas?
Apaixonantes melodias!

Amor, entrega
doação e paixão?
Gera vida, cria!

Gente, natureza
dor e beleza?
Vida nossa
de todo dia!

Meu contorno
e minha singularidade
no teu abraço?
Eu queria!


Alquimia I

Misturas de elementos, reagentes, fusão, transformação, alquimia, química. “Desde o momento que vocês acordam, até o final do dia, estão em contato com a química”! E é verdade! Em Pomerode, ontem, com os alunos, visitando a EKOTEX química e, estas foram as palavras iniciais do nosso anfitrião, pai de um aluno. Que universo fantástico, diferente! Tudo medido, pesado, mensurado, exato. E mesmo assim, cheio de magia, mistério, poesia! Experiência fabulosa para os alunos, na infância; sendo cativados\encantados para a ciência, a pesquisa; à investigar as propriedades dos elementos e sua transformação em outras formas...  experiências ricas e para toda vida! O conhecimento é maravilhoso! Aprender é muito bom; ainda mais quando se tem oportunidade e liberdade (desde muito cedo) para inquirir, falar, trocar, tocar; tempo e respeito para processar e elaborar.


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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