Generosidade

 


Há uma ruazinha pequena que “desemboca” num mercado. Eu gosto muito de fazer compras neste mercado; quase toda semana estou lá... mas nunca havia percebido uma casa, quase na entrada do mesmo...

Hoje, a caminho das compras, eu passava pela casa novamente sem vê-la. Mas minha neta viu. E chamou:

- Vovó! Olha este cartaz, ali, na árvore desta casa!

Não perco nenhum chamamento da pequena. Sempre me encanto! Sempre vale a pena!  Então voltei e também vi.

- Legal, né vovó, que eles repartem as frutinhas deles!!!

  Meu coração ficou tomado de imensa ternura e tudo que consegui dizer, diante da singeleza, simplicidade e generosidade inusitada, foi:

- Que lindo, querida! – e segui em frente, emocionada, segurando sua mãozinha.

Mas isto pareceu tão pouco! Então, voltei e tirei uma foto. Para guardar o momento... Sabia que mais tarde, quando estivesse sozinha, desejaria retomar, debruçar, curtir e finalmente escrever sobre o fato, traduzindo sentimentos.   

E prossegui, caminhando leve! Porque uma coisa linda, destas, assegura e dá significado e sentido a tudo aquilo de bom, solidário e fraterno que acalento no meu interior e, que às vezes, esqueço, por causa das fraquezas e desalentos com a realidade. Fiz minhas compras com alegria! O dia, para mim, ficou bonito e especial, como há dias, após uma recente perda, não ficava.

        Desde o ocorrido, pela manhã, até agora, à noite;  olhei para a foto com crescente encantamento e desejo de compartilhar, sem, no entanto, encontrar as palavras que gostaria...  

Mas talvez deva ser assim: nada de palavras! Apenas deixar cada um vivenciar um momento de contemplação, reflexão e aprendizado; de escutar seu coração e encontrar com as metáforas internas que o fato suscita.

Escolhas

 


Tantos caminhos...

Tantos!

Estradas,

trilhas,

atalhos,

ruas abertas,

ruas mal iluminadas,

ruas inacabadas...

O que escolhi

me trouxe aqui.

E o que preteri,

onde teria me levado?

Escolher

é morrer

para renascer.

Ousar

 


Bom ser

como se é,

não limitado

pela ação do outro,

seu desejo

ou rejeição.

Bom experimentar

espaços, superfícies,

roupagens, personagens.

Bom descobrir talentos

gosto e sabores

que nunca aflorariam

se não ousássemos curiosar!

Reciprocidade

 


A reciprocidade

encurta

distâncias.

O barco

 


No barco

       embarco

       parto

       farto

       e abarco

       na partida

      comida

      idas

      vindas

      feridas

      e uma vida

      comprida

Encontro

       corpos

       expostos

       cobertos

       incertos

       lindos

       tortos...

       morada de gente.

O barco segue

        o vento

        seu sabor.

 As gentes

       seguem

       sua dor

O vento

        é livre

        dono de si

         não se importa

         com sentimento

         nem com o tempo.

O barco

         que se cuide.

A gentes

          que acordem.

Vento

 


O vento

acaricia e balança...

E sacode.

Há quem se arrepie,

quem dance,

quem chore!

 

Vento!

Para quantos “ontens”

ou quantos “amanhãs”

me empurras?

Reverência

 


Reverencio todos,

todas as criaturas

e a mim;

nossa fragilidade

e o que está latente

e é grande, bonito

em nós.

Ano Novo

 


Logo ali,

Mais uma curva

se completa, no tempo,

e um novo ano inicia...

Minha expectativa

para o encontro com 2021

é de empatia,

de um estreito abraço,

de “amor à primeira vista”!

E que o percurso seja assim:

tranquilo, bonito

de aparência e essência!

Com surpresas e inusitados

que possamos acolher

e enfrentar; compreender!

Com cuidados, boas novas

seguras que aquietem o coração;

acarinhem e curem feridas

e assegurem a vida, a saúde,

o ser e o ir e vir singular!

Que você seja você!

Que 2021 te contagie,

fortaleça, renove, anime

encha de esperança,

garra, saúde...

Com sonhos, olhos e coração

“encharcados” de belos horizontes!

Junto, meu carinho e abraço!


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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