Sementes e brotos

   Imagem da internet

A maternidade 
estabeleceu uma
doce intimidade entre nós:
as estações e eu!
Quando meus filhos
nasceram,
a primavera adentrou
meu olhar, minha casa,
meu tempo e meus
jardins internos!
Eu me senti forte,
árvore, raiz, terra!
A infância deles foi 
um verão ensolarado! 
Calor, energia, vontades,
adaptações, mudanças,
curiosidades, descobertas,
aprendizados inflamáveis!
A adolescência e juventude:
o tempo do outono;
quando, de repente, estavam
mais altos e corajosos
do que eu!
Com outros timbres,
escolhas! Amadurecendo.
O inverno chegou 
quando foram embora
gestar suas vidas,
seus sonhos,
sua coragem,
suas sementes...
Os dias alongaram
em doce espera;
cumplicidade
benquerer...
Até que a primavera
chegou novamente!
E trouxe uma primeira flor,
uma netinha!
E tudo recomeçou.
Um novo ciclo!
Outras alegrias eclodem!
Vamos seguindo,
redescobrindo esperanças,
chamando os bons ventos
alimentando bons sentimentos...
Cuidando das sementes
e dos brotinhos...


Avenida "empoetada"



Ah, coisa linda!
Uma avenida que leva ao mar...
Uma avenida “empoetada”!
Poetas que se encontram nas esquinas,
pode?!
Todos os dias,
na preguiça das manhãs,
no bulício das tardes,
no apaixonamento das noites!
Sim, sempre ali,
desempoeirando versos!
Dia sim, alguns não,
chego bem pertinho, sedenta.
E reverencio!
Eles sorriem! Me delicio! Ah!
Queridos escutadores
de alma...

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho.
Tinha uma pedra,
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tinha uma pedra.”

Todos esses que aí estão
atravancando meu caminho
eles passarão
eu passarinho!”

Depois desta escuta,
alma curativada;
segui, hoje, o meu caminho...
E um pouco mais à frente ,
logo, logo ali,
de sopetão,
o mar me abraçou!
Quando abri olhos,
um presente:
ele me ofertou
um novo horizonte!
Ah! Meus poetas...
Sem poesia,
seria "só mais um dia''


Poeira

De repente,
o real:
viva,
sozinha
e única.
Poeira de vida
virada e revirada,
rolando pelas eras
e tempos...
varrida pelos ventos;
atropelada,
ora embalada
pela dança
dos dias,
dos encontros
e desencontros...
Ah! Dói...
não passos em falso,
mas perder um ritmo.
Não espinhos e asperezas,
mas a exclusão
em coreografias...
Ah! Poeira desimportante!
Fora do ritmo,  
mas feliz ignorante
entre sinfonias
de sóis, luas,
respirações,
marés
e poesia...
Servem para quê,
as nomenclaturas
se tudo é poeira mergulhada
num oceano de
pulsações, delírios, miragens...
raras ancoragens?!
Se tudo vira poeira,
menos a sensação
ora aqui, ora ali,
de sintonia
de olhar 
e de mãos?!!!



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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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