Tatuagem

 


Quando ela abriu...

Surpresa!

Nasceu tatuada!

Tão verde, tão linda! Única.

- Como foi isto, folhinha?

- Coisas de uma lagartinha!

- Ah!

 

 

 

Recorte

        


    Estacionei o carro na garagem do supermercado. Percorri o infindável (na verdade, uma quadra toda) corredor do andar térreo até a entrada principal. Passei pela porta automática e cheguei na rua, lá do outro lado.  O dia estava lindo! Aguardei na faixa e quando o sinal abriu, atravessei a avenida supermovimentada e fui até o banco. E ali, desperdicei o “miolinho”, a melhor parte da manhã luminosa esperando minha vez, na fila preferencial. Chato e cansativo, mas necessário.  Fiz um esforço para continuar enxergando a beleza do dia.

        Voltei para o supermercado. Agora, para fazer compras no 1º andar. Gosto de subir e descer pela rampa, mas naquele dia, particularmente, estava cansada e resolvi aproveitar a escada rolante. Não havia movimento, porém, um funcionário do supermercado chegou primeiro. Passou a minha frente empurrando uma fila de carrinhos abandonados, pelos clientes, na garagem. Abri espaço para ele e fomos, os dois, subindo sem pressa, tranquilamente... até que surgiu, a passos largos, atrás de nós, um senhor apressado que começou a forçar passagem, impaciente. Apertando-se entre uma das laterais da escada e os carrinhos do supermercado, finalmente nos ultrapassou, rude e grosseiramente, sibilando:

        - Ninguém merece uma coisa destas!  

        E seguiu, movendo lábios e braços, numa conversa com ele mesmo. Não nos dirigiu, sequer, um olhar. Tampouco as palavras ásperas foram dirigidas a nós. Ele não nos viu! E foi isto que mexeu comigo! A indiferença. Ele não viu uma senhora, um moço e uma fila de carrinhos subindo a sua frente, na escada rolante. Ele viu apenas obstáculos a sua passagem. Obstáculos que ele não merecia.

        Aconteceu no início da semana. Mas não foi a primeira vez que presenciei ou vivenciei algo assim... Fiquei refletindo todos estes dias porque foi fundo. Eu não conhecia aquele homem; nem ao moço do supermercado. E nem eles a mim. Mas eu e o rapaz conseguimos nos perceber e partilhar o espaço, mínima e cordialmente.

        Que assustador e que dó, gente!

        Dó por esta terrível indiferença e falta de empatia que se alastra e abafa, descolore e inviabiliza, ainda, os encontros, as cores do dia e os chamados do horizonte.

 


Prece

 


 





PAI NOSSO!

PAI de todos e de cada um:

olha, cuida, abençoa e inspira

estes queridos especiais

e todos e tantos outros pais!

Saúde, olhar, escuta, 

paciência, delicadeza

e muito benquerer

a cada um,

no exercício cotidiano

da sua paternidade.

PAI NOSSO!

E como está 

o meu velhinho,

que partiu há um tempinho?

Saudade dele!

Do seu humor

e singularidade.

Ah! PAI! Gosto de imaginá-lo aí,

bem feliz, CONTIGO,

espiando e lendo o que se passa, 

aqui embaixo;

olhar brilhante, curioso,

fazendo graça 

e torcendo por nós, seus queridos!


Minha foto
2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

Arquivo do blog