Meu nome


 Primeiro veio num sonho.
Depois virou espera...
Até que veio de verdade!
Veio pequenina,
produzindo grandezas.
Depois veio no choro,
na descoberta dos sentidos!
Veio no abraço,
veio no riso!
No brilho,
na cumplicidade do olhar!
Veio nas cantigas
e veio na fala, ah!
- Vovó!
Daí, veio engatinhando...
depois a passos trôpegos,
e depois correndo, pulando
subindo e descendo:
- sou corajosa, vovó!
Veio escutar história,
inventar história,
fazer pinturinha,
rabisquinhos!
Veio brincar de casinha
de mamãe e filhinha;
assistir filmes,
modelar, fazer maquetes,
ajudar na cozinha!
Veio fazer confidência,
partilhar a vida
rezar pra Mamãe do céu
fazer reikinho!
Veio pegar carona pra escola,
se enfeitar para o balé!
Veio andar de motoca,
mexer na água,
na terra; ajudar o vovô!                                                            
Veio passear,
fazer castelo na areia!
tomar chá,
ganhar um colo
fazer um soninho:
- no teu ombro, vovó!
E agora!!!
Encantando-se
com isto que me encanta,
começa a vir pela escrita!
Falou pra mãe:
- vou treinar até conseguir
escrever o nome da vovó!
Esta escrita linda!
Veio e me enleva,
enlaça e cativa!
Faz meu nome parecer poesia!
E eu convoco letras,
busco palavras...
onde foram?
Ah! Ali estão elas...
Ainda pura emoção,
gratidão e alegria                                                                                    
brotando da alma...       



Estar

Ali,

lindas!
Florescendo
sua beleza!
Entregues ao prazer
de ser 
e estar.

À procura




Não leva meu caderno!
Está cheio
do meu filho, do seu
benquerer vindo
me acarinhar,
desde lá, de tão longe...
Um presente
onde registro
meu presente!
Por favor, moço,
não leva!
Está cheio do ontem!
Da luz do sábado,
do brilho das ondas
e do voo sincronizado
dos parapentes
e dos aviões
imitando pássaros
no alto dos morros;
espiando o mar,
a vida em círculos,
lá embaixo...
Está cheio desta
manhã de domingo
quando, na esquina,
flagrei o encontro dos poetas
e, na praia,
dos azuis com o horizonte...
Moço... não leva!
Está cheio de mim
diluída em cada palavra
que desejou e tentou
traduzir meu olhar!
Ah! Bem assim...
Eu pedi!
Ele não ouviu!
Nem minha fala,
nem minha alma!
Cego de pressa e indiferença
arrancou, de mim,
pedaços.... Aaaaaiiii! Que dor!
Mais ainda porque
não lhe serve!
Só tem sentido,
só cabe em mim...
Por favor!
Se encontrarem um caderno
espiral, com bordas floridas,
meu nome no rosto,
pálido de medo, jogado por aí,
chorando baixinho... é meu!
Procuro, sonho, espero!
Quero-o de volta,
como estiver!
Troco por benquerer.



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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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