Gratidão


Tudo tão perfeito!
Grata pela beleza que posso ver!
Pela emoção que posso sentir!
Grata por tanto benquerer!
Pelos sorrisos, abraços!
Grata por todos!
Pelas partes de cada um
que carrego no coração
e nas lembranças !
O amor é tão grande e maior
que todo resto esfumaça,
sem valor!
Grata pelo presente
de ter visto, sempre,
o melhor de cada um!
Grata por esta elasticidade
que sai de mim e me conecta
com o infinito todo!
Grata pela neblina que some
do meu olhar e posso ver...
Grata por ter seguido, sempre,
meu coração, mesmo arrebentada!
Grata pelo aprendizado
de esquecer e perdoar
o que não importa
e o que machuca.
Grata por nunca me sentir massa!
Grata por esta dor grande
que me unifica.
Pela solidão
que me aproxima de tudo!
Grata pela fênix
que me acompanha!
Grata por toda escuridão
que depois clareou o caminho!
Grata por todas as despedidas
que me desmancharam
para renascer melhor
no dia seguinte!
Que me trouxeram audição!
Neste isolamento,
como compreendo o movimento
da folha que cai no seu tempo...
Como compreendo a unidade,
olhando nos olhos de todos
e de tudo que amo!
Todos bem aqui ao meu lado,
mesmo distantes!

Valor


Final de tarde...
Retardatário,
um raio de sol
arrastava-se, solitário,
para atrás dos morros,
descolorindo o horizonte...
Uma última olhadinha
para trás e... viu!
O lago! E dentro,
papiros verdinhos,
cabisbaixos,
abatidos!
Ágil e preciso,
escorregando
por entre ramos,
galhos e frestas
seu abraço de luz
foi até lá,
nos verdes esquecidos!
Retardou a noite,
mas  aqueceu e
reanimou a vida
naquele momento
único e precioso!
Surreal...

Espinho


Dor funda
a de espinho
cravado;
que não defende,
ataca!
 Vindo, calculado,
do lado
não esperado.


Páscoa real

        
Nossas uvas também estão se reinventando! Tivemos uvas no verão e agora, no outono!!!

           A primeira Páscoa da minha vida vivida nesta condição de isolamento, especialmente dos familiares. Todos os dias eu me questiono sobre quando conseguirei traduzir como tudo isto está repercutindo e o que está produzindo dentro de mim... Observo que alguns estão mais rápidos e expressando-se pela raiva, pela impaciência, pânico, má educação, queixume, arrogância, provocação e rebeldia... outros pela generosidade, empatia, partilha, criatividade, bom humor, escuta, esperança... Isto me encanta: generosidade e esperança!

        Lidar com nossos sentimentos, pensamentos, tantas informações e polarizações é um processo cotidiano moroso, doloroso, inquietante, cercado de incógnitas, mas também grandioso! Considero oportuno para o redimensionamento da nossa relação com o espaço, com as coisas, com o outro e conosco mesmos, com quem somos, de fato. Saímos da rotina. Da “zona de conforto”. Uma possibilidade de “reinvenção” se anuncia.
        Neste domingo de Páscoa, acordei com a sensação de estar ainda dentro do sepulcro, em expectativa, esperando a Páscoa, a minha ressurreição! Curiosa para encontrar com o “meu novo”! Porque meu desejo é ressurgir, ao final desta experiência, como um ser humano melhor! Desejo estendido a todos!

A cor mais linda do dia


Todo dia,
uma aquarela deslumbrante
de cores
saúda e acompanha meu dia!
Vai alternando em tons, beleza e intensidade
conforme o contexto:
se frio, chuva, nublado, sol, calor,
desilusões, desafios, dores,
conquistas, encontros, surpresas...
Há, no entanto, um momento,
a hora mais bonita,
que redime e agiganta meu coração,
é quando chega a Maria!
Ela é a cor mais linda do meu dia!

Feliz aniversário, querida Maria!

Onde estão os meus?




Sinto-me estranha,
esgotada e ferida
com as polarizações.
Pisar. Enaltecer.
Não me encaixo;
meu olho não incendeia,
meu coração não palpita.
Onde estão os meus?

A escuta e o tempo


A escuta perguntou
pro tempo
qual o tempo que
o tempo tem.
O tempo
respondeu pra escuta,
que o tempo
que o tempo tem,
é o tempo que a escuta dá;
e que o tempo que a escuta dá,
é o tempo que
o tempo tem...

Mar...



Quem não tem saudades do mar?
Eu tenho!
Tinha saudades mesmo antes conhecê-lo,
quando apenas o intuía...
Me tomam as metáforas fundas,
de tantos ontens,
histórias sem fim
que as ondas espalham,
sem pudor, nem receio,
enquanto se espreguiçam nas areias...
Respingos vêm a mim!
São sussurros,
brilhos, saudades...
contadas e cantadas pelo vento,
horizonte, pedras,
verdes tranquilos, areia e águas...
Ah! Paciência, escuta e deleite
tenho para sentir e traduzir
este baú infinito de memórias!
Falta-me, incontáveis vezes,
maestria...

I love you



 - “I love you, vovó”!
Gotinhas diárias,
hoje virtuais,
que pingam em meus ouvidos!
Antídoto de maior efeito,
há quase oito anos!


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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