92 - Sério e bonito!

        Os ânimos estavam alterados na sala de aula. Vivenciamos um tempo de olimpíadas, na escola. Uma turma solicitou: - “professora, precisamos fazer uma reunião”! Os meninos se defendiam; as meninas apresentavam suas queixas: os meninos não passavam a bola para elas, durante o jogo de queimada; só eles queriam jogar e pensavam que só eles sabiam jogar... eu ouvia como a palavra girava, de um a outro, mediando aqui e ali, mas deixando o espaço para a fala, que estava engasgada, principalmente em alguns. Um menino, emocionadíssimo, lágrimas caindo, grossas, disse: “ eu tentei passar a bola, mas as meninas ficavam paradas... então eu peguei mesmo quase todas e não passei mais pra elas... mas eu fiz isto porque queria que a nossa turma ganhasse, estava pensando no grupo...” e imediatamente uma menina respondeu: “mas ganhar não era o mais importante...!”. Claro! Estar junto era o mais importante. Sentirem-se acolhidas e parceiras, valoradas, era o mais importante. O grupo dos meninos tinha sua razão e motivos; o grupo das meninas também. Considerei oportuno o momento para fazer uma colocação sobre esta questão tão sutil, delicada, das diferenças entre os homens e as mulheres e, que já aparece, assim, desde que somos crianças; especialmente no modo de ver e sentir as coisas. E de que em algumas coisas, não se trata de ver quem tem razão, mas de escutar, falar sobre o que acontece (como estávamos fazendo), como cada um sente, pensa sobre um mesmo fato, para aprendermos uns com os outros e não para nos distanciarmos, condenarmos uns aos outros e sim, nos afastarmos dos rótulos de “melhor”, “mais inteligente”, “mais isto e mais aquilo”. E, aprendendo, encontrar o melhor jeito de conviver com estas diferenças; respeitar de fato; descobrir quando é possível ceder, acolher e fazer a vontade do outro, ou não... e acessar a isto que é o ideal e, ao mesmo tempo, o mais difícil: o equilíbrio, o caminho do meio. Ficou um silêncio na sala; um e outro falou mais alguma coisa, mas já não havia muito a dizer ou que sustentasse as queixas. Cada um parece que desejou ficar um pouco sozinho para pensar no que se passava dentro de si mesmo. São crianças inteligentes, potencializadas e senti que algo diferente entrou no contexto e que com certeza vai produzir efeitos diferentes no próximo encontro no jogo e quem sabe, na vida. E eu também precisei de um tempo de silêncio para processar o fato; porque mexe com as questões pessoais e porque é sério demais, bonito demais, responsabilidade grande demais participar e mediar coisas na vida de sujeitos que estão em processo de construção.

92 - Um lugar

A lua está ali
linda!
Dores,
alheias e inocentes
assombraram o dia
lembrando a injustiça,
a impotência
e estão lá
onde as deixei
e logo
vou reencontrá-las,
é certo.
Mas a lua, ali
tão linda,
apaixonada
suspensa de emoção
quase sem respirar
palpitante!
Flutuando de felicidade
me convoca
para ser egoísta
só por agora!
E vem me lembrar
de um momento!
De olhos que
estavam dentro
um do outro...
milésimos de segundos
roubados
do tempo e do
mundo!
Ali...
o meu repouso
meu sossego
meu lugar:
dentro do
teu olhar.



91 - Aliança (1)

      Chegamos no restaurante. Eu a vi com ele, sorria, feliz. Não sabia que estaríamos ali. Olhei pra ela. Linda como sempre, um pouco mais, nesta noite; o tempo agregou suavidade aos seus traços e gestos. Ele estava visivelmente emocionado e com olhar cúmplice, articulador da surpresa. Ela começou desconfiar do que se passava e ria muito, nervosa. O lugar era acolhedor, bonito e nesta noite, tinha cara de especial. Eu pensava em como as coisas são singulares na vida da gente; estávamos ali testemunhando uma aliança, envolvendo uma das pessoas mais importantes da nossa vida, de forma diferente da usual e de como tudo estava tranqüilo, adequado e bonito; o conteúdo essencial preservado e enaltecido.  Depois do jantar, o momento. Ele, olhos brilhantes, cheios de lágrimas, anunciou que estavam oficializando a união com as alianças; sentiam necessidade disto, de formalizar porque era sério e gostariam de que fosse para sempre. E ele queria que nós estivéssemos presentes, porque éramos importantes para eles, uma vez que ele já não tinha o pai e nem a mãe. Fôramos incumbidos de trazer as alianças e as entregamos e eles as trocaram com alegria e emoção, como todos os casais apaixonados que já passaram por isto, sentem. Trocar, fazer uma aliança com alguém é algo, mesmo, muito importante!  Imediatamente lembrei das palavras do meu avô Otto, anos atrás quando ela, minha filha, nasceu e ele falou: -“sabem o que me fizeram...? Me fizeram bisavô!...”. E pensei: - sabe o que me fizeram agora, vô? Oficialmente sogra! Estou profundamente feliz!



90 - Umas sementes lá de longe

      O sol acordou de supetão, espiou e, preguiçoso, puxou uma nuvem, cobriu-se e voltou a dormir mais um pouquinho... eu fiquei esperando, pacientemente... e então ele retornou. Mas vejo que não está muito disposto. Um pouco melancólico, de óculos escuros; mas produzindo efeitos! A passarada já está fazendo a maior algazarra ao redor! E o meu “muso inspirador” já acordou aqui dentro da minha cabeça, dos meus olhos, do meu coração e, como sempre, quando ele acorda, o sol, o ar, a alegria e tudo de bom se instaura e qualquer coisa se torna especial, fica bonito! Estes dias de chuva que persistem e se alternam com o sol, colocando limites numa porção de coisas e mantendo um clima geral de introspecção, em mim evocam muita saudade. Pequenas, gratas e intensas vivências, que trouxeram, depois, frutos deliciosos! ... Um dia de chuva numa manhã muito distante, a água em correria, ladeira abaixo, atropelando pedrinhas, borbulhando e eu, com as botas de borracha, bravas, lutando “contra a maré”, subindo a ladeira e chegando vitoriosa na escola... A sineta da escola chamando e a gente (eu e meus colegas) correndo pra fila, esbaforidos, de avental branco, olhos brilhantes, nos aprumando, cheios de desejo de “um não sei o quê” (talvez fosse o desejo de viver, de descobrir, de saber o que viria logo ali ou muito mais além...) ante o olhar austero da professora... A emoção desmedida nos desfiles de 7 de setembro, o coração aos saltos, mãos suadas, pernas travadas desfilando diante da multidão aglomerada nas calçadas... o som do hino Nacional e o som da fanfarra ecoando nos ouvidos e no coração, enchendo os olhos de lágrimas emocionadas e comandando o compasso dos passos! Saudade do porão da igreja, do grupo de jovens (JUPI), das reuniões secretas, do pão, dos sonhos, dos ideais místicos descobertos e partilhados... Das aulas na faculdade, da seriedade, do momento da grande abertura dos olhos para o social, fortalecendo o ideal... Dos sonhos de ser feliz sonhados nas tardes ensolaradas, nas noites frias e estreladas... da espera pelo amor que um dia chegaria para dar sentido e cor aos dias... Tão vivo, forte, ainda! Tão bom lembrar porque não está preso; está circulando livre e ainda produzindo reações e ações no presente. Da minha janela, agora, vejo que o sol realmente está introspectivo, hoje. Talvez esteja recordando, também. Imagino quantos dias e lembranças de hoje até o início dos tempos!!!

89 - Enlevo

Força e delicadeza
brisa e ventania
dia e noite
sol e lua
superfície e profundeza
homem e mulher
jeitos e conceitos
encontros e desencontros
de tão perto, de tão longe
distância de mundos
distância de um abraço
que por vezes enlaça!
De uma mão que toca,
de um olho que brilha
e que se revela inteiro
numa dança suave,
cheia de enlevo
por salões majestosos
que se alargam
e agigantam
perpassando dimensões
abrindo passagem
e fazendo mesuras
a tanta alegria!
Onde se espelham
fantasia, realidade e
mil coisinhas de nada,
plenas de felicidade!







88 - A chuva traz...

        O que mais, de repente, poderia ser mais importante, agora, do que me deixar levar pelas lembranças... ir por este rio suave, retrocedendo pelos caminhos onde andei, onde me deixei ficar, capturada pelo que havia, ocorria. Esta chuva mansa, que aplaca os impulsos, que aquieta, que induz fechar os olhos, ativa minha memória emocional-sensorial, a única que funciona. Eu sinto o cheiro da comida sendo cozida devagarinho no fogão de lenha e impregnando a cozinha de sabores excitantes, resultantes desta química maravilhosa a qual nunca consegui acessar: misturar ingredientes simples e fazer dali surgir uma refeição saborosa! Eu escuto o chiar da chaleira, que além de chiar, dança em cima da chapa do fogão, uma dança que encanta meu olhar de criança que contempla curiosa e acha graça! Eu vejo minha mãe alimentar o fogo com a lenha seca e quero espiar mais um pouco as chamas que se entrelaçam e se avivam, fascinada pela cor, pelo brilho, pela magia do fogo. Eu me vejo estendendo as mãos geladas sobre as panelas, buscando o calor para aquecê-las, cuidando para manter uma distância e não queimá-las... eu lembro do soninho que dava toda esta combinação: o cheiro da comida, o chiar da chaleira, o barulhinho da lenha queimando, o calor que invadia o meu corpo, as conversas enigmáticas dos adultos... e como tudo isto era aconchegante! E ainda está impregnado em mim. E como lugares, pessoas, encontros, sinais, hoje, ainda tornam-se únicos e especiais porque, de alguma forma, não só tornam presentes algo que marcou e definiu coisas em mim, como também são extensões, prolongamentos de uma felicidade de momento, única, que de quando em quando eu visito e me abraça fortemente.


87 - Impaciência

Freada brusca
buzinaço
esbravejamento
xingamento
só porque avancei
e não podia!
Meus Deus!
Que impaciência
insensibilidade!
Não foi nada demais
e eu nem queria.
Na verdade,
foi culpa de
um pensamento
de alegria
que me tomou
ao imaginar
que você passava
e me sorria!

86 - Sexta-feira

Sexta à noite
chegando...
que delícia!
Como se houvesse
um tempo
sem tempo
infinito...
à frente...
e o mundo
escancarasse
suas belezas,
mistérios,
sedutor e dadivoso
convidando para
mergulhos,
vôos deslumbrantes
e uma dança
de puro contentamento!
Mas, por que
já se vai assim
tão rápido e ansioso
fugindo
me deixando
num descompasso,
com os sapatos
na mão?

85 - Nome

Firme e bonito
o nome impresso!
As primeiras letras
altivas, fechadas
como muros, defesas.
As outras, abertas,
ternas, alegres
aconchegantes
por onde se pode
deslizar
sem machucar.

84 - Único

       Escolhia uma poesia do Pablo Neruda para trabalhar com os alunos. Encontrei uma que adoro, que fala:

“Eu te nomeei rainha.
Existem mais altas que tu, mais altas.
Mais puras que tu, mais puras.
Mais belas do que tu, mais belas.
Mas tu és a rainha...”.

       ... imediatamente, sinapses maravilhosas me trouxeram a fala da raposa com o Pequeno Príncipe:

“...se tu me cativas,
nós teremos necessidade um do outro.
Será para mim único no mundo.
E eu serei para ti única no mundo...”

       O trabalho, as reflexões com os alunos foram belíssimas a partir destes dois textos. E eu renovei meu encantamento com a poesia e com o trabalho! O que faz com que algo ou alguém se torne único entre tantos, se diferencie e se torne tão íntimo dos nossos sentimentos? Acho isto um mistério fantástico! A raposa explica:

“...Foi o tempo que perdeste com tua rosa
que a fez tão importante”...
e completa:
“tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas”...

       Eu não sei se é só isto. O mistério continua e eu acho delicioso observar, sentir e pensar sobre isto. Estas coisas internas nossas, singulares e únicas! Até o momento, o melhor exemplo para definir o que eu sinto sobre isto, é mesmo o girassol. Algo dentro de nós se mobiliza e elegemos algumas coisas e pessoas e para elas nos voltamos. E elas, de fato, são como um sol na nossa vida! Tocam, despertam, iluminam, aquecem, sensibilizam, alegram, motivam, inspiram.

83 - Mãe

              Sempre quis ser mãe. Desde pequena. Brincava com minhas bonecas e, muito antes de pensar num namorado, eu pensava num filho e escolhia nomes... lembrar disto, é trazer presente momentos muito intensos, uma saudade funda que mistura a menina que eu era e a mulher que hoje eu sou e eu penso em como o tempo passou rápido desde aquele primeiro dia, quando o sonho foi instaurado, até este, quando o sonho se concretizou de forma ainda mais bonita do que o sonhado (o que é inusitado, geralmente o sonho sempre é mais bonito)... como pode?! Algo que parecia tão distante, tão envolto em mistério, de repente, já aconteceu e já passou e os filhos já cresceram e se tornaram adultos e agora sonham e vivem suas vidas independentes de mim, tão melhores e mais articulados do que eu na vida, no mundo; mundo que muitas vezes não reconheço como meu! E quanta coisa aconteceu neste meio entre aquele antes e este depois, que é o agora... Em alguns momentos, eu sinto um desejo de poder voltar no tempo e fazer algo aqui e ali diferente; pensando que este diferente poderia, de alguma forma, marcar estes meus filhos de outro jeito e que por causa disto, as coisas fossem menos difíceis para eles em alguns aspectos. Esta é a sina de mãe: a gente se “acha”; acha que sabe e que pode; e vivemos todos os dias, a vida inteira, descobrindo o quanto somos impotentes! E temos que arcar com as falhas e limitações. Eu sou feliz com os filhos que eu tenho! De fato, presentes! Presentes presentes. E com cada um, um percurso, uma vida; que não chegou pronta; fomos construindo. Ainda estamos. E este é um laço, de aço ("aço elástico"!), que se mantém pela ternura, respeito, olho no olho! Ele nutre. Eu me sinto nutrida por este amor recíproco!

82- Girassol

expectativa

cheiros
perfumes
os outros
risos
palavras

silêncio

um abraço
uma corrente
brilho
leveza
felicidade

corte

ruptura
vazio
nada
estilhaços

respirar
refazer
recomeçar
continuar.

o girassol
e a fonte:
o sol.

por vezes
o dia demora
chegar.

81 - Conversar

CONVERSAR
VER
VERSAR
AR
COM...
Com o outro!
Tão bom!
Tão raro.
Saudade de abrir
o pensamento
o sentimento
colocar luz
entendimento
ar, arejar!
Olhar e ver
um dentro do
olho do outro
o mundo do outro.
Trocar
se perceber
transformar
ficar feliz.

80 - ... é para todos!

O dia acordou devagarinho
eu espiei encantada!
Vi como a luz da lua
foi se despedindo
lentamente,
doce e apaixonada
da noite,
dando lugar, com
antecipada saudade,
à luz do sol menino
que chegou faceiro
curiosíssimo,
cheio de disposição!
Um dia lindo
chegando para todos
aqui, ali e lá e aí...
(este o valor maior!)
E também pra’s
gralhas azuis
que descobriram

a bananeira escondida!
Elas chegaram há alguns dias

e se revezam no alarido
e na divisão das
bananas maduras
bem aqui ao lado
da minha janela!

Isto me recorda a situação de muitos animais e entre eles, as aves; extintos, ameaçados de extinção ou “quase ameaçados”, como a gralha azul; todos vítimas destes que acreditam que o “sol nasce só para eles” e devastam, desmatam, poluem, destroem sem pensar nas consequências. A lenda da gralha azul é bonita, mais ainda o seu trabalho solidário: “Era madrugada, o sol não demoraria a nascer e a gralha ainda estava acomodada no galho amigo onde dormira à noite, quando ouviu a batida aguda do machado e o gemido surdo do pinheiro. Lá estava o machadeiro golpeando a árvore para transformá-la em tábuas. Quantos anos levou a natureza para que o pinheiro atingisse aquele porte majestoso e agora, em poucas horas, estaria estendido no solo, desgalhado e pronto para entrar na serralheria do grotão. A gralha acordou. As pancadas repetidas pareciam repercutir em seu coração. Num momento de desespero e simpatia, partiu em vôo vertical, subiu muito além das nuvens para não ouvir mais os estertores do pinheiro amigo. Lá nas alturas, escutou uma voz cheia de ternura: - Ainda bem que as aves se revoltam com as dores alheias. A gralha subiu ainda mais, na imensidão. Novamente a mesma voz a ela se dirigiu: - Volte avezinha bondosa, vai novamente para os pinheirais. De hoje em diante, Eu a vestirei de azul, da cor deste céu e, ao voltar ao Paraná, você vai ser minha ajudante, vai plantar os pinheirais. O pinheiro é o símbolo da fraternidade”.







79 - Alimento

    Caminhava pela areia, sentindo as conchinhas partirem-se ante minhas pisadas, o que era uma delícia!. A manhã estava radiante! Sem espaço para nada além de beleza e alegria! O pequeno grupo de alunos não corria e não se “atirava” numa exploração sem cuidado do ambiente, especialmente das rochas convidativas; como seria de se esperar das crianças! Estavam tranqüilos e observavam, sim, o ambiente, com grande interesse e atenção... um deles, deitou-se sobre uma rocha, abraçando-a e ali ficou por longos momentos, em silêncio... será que estava “sentindo” a rocha? Outro, sentou-se numa pedra e quedou o olhar no horizonte, parecendo emocionado com algo que não traduziu com palavras. Aproximei-me dele e sem falar, ficamos experimentando a areia repleta de conchinhas, erguendo bem alto um punhado dela e soltando ao chão, como se fosse “chuvinha”... com outro, escolhemos e recolhemos as maiores conchinhas que encontramos para levar pra escola e trabalhar conceitos lógico-matemáticos... Ao mesmo tempo, eu observava o movimento dos demais, junto aos outros professores, integrados no espaço, rindo, felizes, tirando fotos, conversando coisas... um deles, cumprimentando a quem passava, educado e gentil! Adiante, vi pessoas se banhando, tomando sol; outras caminhando; outras ainda, pescando e lá bem distante, os prédios, o trânsito, o cotidiano de uma sexta-feira... e nós ali, passeando, numa saída rápida da escola... Eu pensei: isto alimenta o meu mundo! E o meu olhar dava conta, junto com minha compreensão, desta existência de “mundos” diferentes que se tocam a todo instante, muitas vezes sem se compreender, algumas vezes conseguindo somente se ferir e algumas outras, conseguindo interagir, partilhar, ver e sentir juntos!

78 - Gentileza

     Escutei que vão restaurar os murais do profeta Gentileza, no Rio. Fiquei feliz! Sentindo como se o lamento da belíssima canção da Marisa Monte, “apagaram tudo / pintaram tudo de cinza / só ficou no muro / tristeza e tinta fresca / nós que passamos apressados / pelas ruas da cidade / merecemos ler as letras / e as palavras de Gentileza...” e de outros tantos, encontrasse eco, reconhecimento e espaço; quando tanta coisa insignificante ganha destaque e valor. Que coisa bonita e profunda esta redescoberta do lugar da gentileza! É de se pensar seriamente sobre por que esta sociedade tão “intelectualizada, letrada”, que valora e cobra tanto o estudo, cursos, diplomas, especializações, etc...produz indivíduos tão grosseiros, mal educados e insensíveis para com o semelhante e para com o meio ambiente. Ah! ... se pudéssemos restaurar a gentileza no coração, no gesto, na palavra e, não somente nos murais...


Minha foto
2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

Arquivo do blog