O Ermitão

Na madrugada, quebrando a magia do silêncio gigantesco, cachorros latem, perto e longe, hoje numa conversa de tom amigável. De vez em quando, no telhado, adivinho as passadas ritmadas dos gatinhos, que vigiam e, as apressadas dos gambás, que se arriscam atrás de comida ou de um pouco de adrenalina! Por vezes, neste abraço apertado da mata ao redor,  escuto  quando um galhinho seco ou semente cai de alguma árvore e vai rolando  telhado abaixo... às vezes parece que pingos de chuva também “caem”, aqui e ali, mas não está chovendo... há um zunido ininterrupto e suave que não sei se vem de fora, de insetos da mata ou se é uma cantiga dentro dos meus ouvidos, produzindo relaxamento e desejo de mergulhar, viajar nesta frequência...  Olhando pelas janelas que me rodeiam, vejo, num primeiro momento, só a escuridão, única e total. Não é, mesmo, momento de olhar para fora. É de olhar para dentro. E dentro está claro. Está o que eu tenho, gosto e o que eu preciso. O real. Minha história, minhas lembranças, meus pensamentos, meus sentimentos; meus medos, limitações e habilidades. Eu e eu. Um dia sonhei que finalmente ia conhecer minha alma gêmea. Era só olhar num espelho. Olhei, cheia de expectativas e quem estava do outro lado era eu mesma! Num primeiro momento foi um susto  e uma desilusão. Mas depois disto e até hoje, venho sossegando e compreendendo. Susto e desilusão são importantes, senão a gente não acorda; pensa que vive, mas só está sonhando que vive. 54= 5 + 4 = 9: O Ermitão, o que reflete, busca, olha para dentro. Ele se protege, com o manto, das luzes ofuscantes externas, para poder colocar e ver a luz dentro, da consciência. Novo ano de vida e o Ermitão para me acompanhar e inspirar...

Presente de sexta

A tarde de sexta-feira encerrou, na escola, de forma prazerosa. Nas minhas aulas, era dia de escolha dos livros de literatura para leitura no mês de Abril. Os alunos escolheram e  iniciaram a leitura, demonstrando interesse, curiosidade. Vinham me mostrar o livro escolhido, falar dele, a que coleção pertencia, do que se tratava... e gradativamente uma quietude se instaurou na sala, sempre mergulhada num falar e movimentar constante; cada um encontrando um jeito de estar com o seu livro; se envolvendo com ele... Uma delícia observar e muito mais, fazer parte disto, partilhar isto! Coloquei um CD com músicas clássicas gravadas somente ao som do piano, por uma amiga... Tudo de bom! Aconchegante. Um aluno até falou que estava dando um soninho gostoso nele... mas não era sono de chatice, era sono de relaxamento! Percebei que não estavam  só pensando ou interessados na leitura do “livro indispensável”, mas também nas “leituras extras”; o que me deixou mais orgulhosa deles ainda! Terminar a semana vendo-os com vontade de prosseguir “posso voltar a ler o meu livro agora que terminei o exercício?”...  e não de  “não vejo a hora que isto acabe  para ir embora” é muito especial! E me surpreenderam mais ainda, manifestando o desejo de concluir um trabalho iniciado num outro dia, de criação de personagem para posterior produção de narrativas individuais e coletivas... “professora, eu queria terminar de desenhar o meu personagem”.... “eu queria escrever a história do meu personagem”...  Tudo que faz uma professora feliz! Emocionou! Tocou fundo! Belo! Belo presente! Que eu curti muito!

Friozinho...

Chaleira chiando no fogão
anuncia o friozinho chegando...
Gostoso demais!!!
Chás de tantos cheiros e gostos
sopa fumegante e cheirosa...
olhos brilhantes, sem preguiça!
Gatinhos esparramados
no tapete...
Conversas que se espicham
num desejo de ficar junto!
Tão bom!
Tan bueno, además también
estar sola,
con la  música
un té, una manta...
con mis poetas favoritos
com mis escritos en español
(los intentos de escribir!
con muchos errores todavia)
muy feliz por estar estudiando
esta lengua que me encanta!
Me gusta tanto!
Mi corazón está en reposo
lleno de amor 
se alarga y llega a usted,
dándole un abrazo 
y sigue navegando por el cielo azul,
en busca del calor del sol...

Grande saudade...


Quando ouço esta música  sinto-me como que lançada ao vento e ao tempo; buscando-me e perdendo-me de mim mesma ... assim como folhas varridas nos dias de ventania, ou como nuvens que viajam rápidas pelo céu, compondo e decompondo figuras incessantemente... uma viajante solitária neste universo, ancorando aqui e ali, atando e desatando laços incessantemente; com a certeza de que cada laço é uma marca deixada na porta por onde entrei e passei. Não fiquei. Porque assim é o viver: passagens. E eu gostaria de ter ficado em alguns lugares, se não para sempre, pelo menos por um tempo maior. Porque era bom e eu sabia que era bom. No ritmo da vida, os caminhos e as portas se abrem e se fecham incessantemente enquanto, numa  gangorra ou numa roda gigante,  se sobe e desce, sobe e desce, sobe e desce, incessantemente... fico em dúvida se a gangorra ou roda mudam de lugar também, ou se é o cenário que vai mudando e a cada subida e descida se vê coisas diferentes... ou se a cada subida e descida a gente é que fica diferente,  com o olhar mais apurado ou apagado e vê as mesmas coisas de outro jeito, outro ângulo... Vou ficando mais velha e mais consciente deste movimento e de que o conhecido e o desconhecido se conhecem e estão se encontrando o tempo todo; assim como o que passou e o está por vir, também. E que tudo parece um reencontro. E eu me reconheço e me reconstruo a partir destes sons, risos, choros, falas emoções, sentimentos, toques, partilhas, fatos que reencontro e ecoam em uníssono e incessantemente, em cada coisa, em cada encontro, fora e dentro. Uma gigante, profunda e serena saudade...

Final de tarde de domingo...

Domingo. Fim de tarde.
Ninho vazio.
Vazio dos ruídos, das presenças
dos risos e das singularidades.
Vazio do vivido e também
do idealizado  e do que
poderia ter sido.
Algo escapou. Não deu para segurar.
Foi embora. Desmisturou-se.
A quietude da noite que chega
me abraça forte! 
Eu me entrego e choro.
Choro esta falta. 
Uma falta que não é falta.
É sobra!
De tanto afeto! Tanto bem querer!
Minhas partes que não estão comigo,
que se afastaram ou desmembraram,
independentes, livres,
no final de domingo, fazem falta!
Amanhã, segunda, não mais.
Segunda é outro mundo
a vida se descola, segue e cria,
no tempo presente!
Domingo, não.
No domingo, tudo se atualiza
num tempo sem tempo
que mistura o ontem, o hoje e os sonhos!
No finzinho do domingo,
tudo se separa outra vez
e sou sempre surpreendida,
sacudida e envolvida
pela esta falta, esta saudade,
nostalgia e esta ausência
do que já foi,
do que  nunca foi e
do  que jamais será!
Enquanto escrevo, a noite cresce
e adulta, afrouxa o abraço,
me deixa sozinha
sob minhas próprias pernas
segurando e sustentando
os meus sentimentos.
São só meus!
Sinto o perfume e a energia
da segunda, que já está ali na esquina...
e vou me reerguendo,
resgatando a força
compreendendo que a falta
não é falta
é sobra de amor!
Que preciso endereçar.

Jeitos...

Ter amigos por perto...
observar e partilhar 
suas especialidades...
Bom demais!
Um deleite!
Entre meus amigos, 
há uma que é especialista
no vestir-se e no vestir ambientes.
Quanta delicadeza,
sensibilidade na disposição
de um vaso, de uma flor!
Na dobradura de uma toalha,
na disposição de um lenço
sobre uma mesa, uma cadeira,
um quadro...
O jeito como combina cores
e como dobra panos e rendas
fazendo-os cair intencionalmente,
produzindo ondulações macias
suaves, ternas...
cheias de graça
movimento,
vida!
Vida no adorno!
Vida no ambiente!
Que se impregna de doçura
feminilidade, sedução.
Não sei fazer.
Mas sei sentir, perceber,
admirar.

"Pegadinhas"

De quando em quando, o real assola, toma, invade, com toda sua crueza e objetividade. Esmagador. Bordado de grosserias, mesquinharias, fofocas, hipocrisias, manipulações, interesses, más palavras, enganos, distorções, injustiças,  mal entendidos... Para suportar ou vencer, parece que só endurecendo também, ou fugindo, ou se entregando, desistindo... Mas isto é uma “pegadinha”!  Da vida! Se a gente se segura, agüenta um “pouco mais além da conta”, percebe! Pena é quando a gente percebe depois que não se agüentou e agiu equivocadamente; caindo na pegadinha.  A vida tem destas coisas! Manda uns fantasmas assombrar a gente de quando em quando, querendo saber a quantas anda o nosso centramento, tolerância, maturidade, generosidade; ética e resistência. Ahhh! E quando nos veem caídos, os fantasmas vão embora rindo; porque era isto mesmo que eles queriam! Aí vemos que a “coisa” não era tão grande, tão feia, nem tão sem remédio ou sem saída... E vemos que o real também tem outro lado! Solidário! Colorido de paciência, acolhimento, respeito, gentileza, partilha, companheirismo, gratidão, amizade, amor! O que renova e fortalece o interior e as relações! E com isto,  recupera-se a alegria, resgata-se  a poesia!

Muita coragem!

“É preciso muita coragem para escolher ser feliz”. Mais ou menos assim foi a frase que me disse um ex colega de escola. Veio me ver, depois de muito, muito tempo distante, em minha sala de aula, para partilhar algumas coisas importantes que acontecem com ele. Foram duas coisas bonitas neste encontro: este lembrar de mim para confiar coisas especiais para ele e a frase que disse, justificando com ela, as suas escolhas recentes. Um “mundo” de questões, interrogações, exclamações e reticências vão surgindo enquanto sigo o eco destas palavras dentro de mim... Coisa bonita, isto! Este “ser feliz” envolve, realmente, um infinito de coisas, imaginárias e reais... Às vezes, é pensando nelas que se é feliz; ou é pensando nelas que se reencontra com o que nos deixa feliz ou, ao contrário, pensando nelas é que se perde o tempo de ser feliz! E o que é ser feliz? O que é para um, não é para o outro. Mas a coragem é preciso! Meu Deus! Sem coragem, nem levanto da cama! Quanto mais todo o resto!!!

Sereias e "coisas e loisas"

Acabei de tecer, no tricô, uma  roupinha de sereia para Maria Margot que está chegando. Ficou tão lindinha! Coincidiu que ao mesmo tempo, nos intervalos entre tantas outras “coisas e loisas”, continuo escrevendo historinhas para ela,  ainda com a personagem Aranhela, a rainha aranha, vivendo peripécias no lago, seu reino. Agora ela está envolvida com um peixe misterioso que chegou no lago, assustando e intrigando todos os súditos... não tinha pensado nisto, mas de repente imaginei que uma sereia poderia entrar na história! E fiquei cheia de contentamento, como ficam as crianças ao ganhar um doce, um presente, fazer uma descoberta! Terei que pensar em algumas reviravoltas na história para que a sereia possa entrar... mas isto me enche de expectativas! Estas possibilidades  infinitas que a gente pode criar e encontrar  no imaginário e, que muitas vezes não se pode no real, me fascinam! Eu me pergunto por que é tão fácil articular saídas e mudanças  no mundo das ideias; por que  ali, no papel tudo fica tão organizado, tão certinho e tão flexível às mudanças, mesmo às repentinas, inesperadas?... E de fato, vendo por este lado, é bastante compreensível que muitos de nós, adultos, por vezes nos enclausuremos neste imaginário, onde tudo é possível, onde é fácil dizer “sim” e “não”; mudar de ideia, de rumo e de vida; especialmente quando não conseguimos viabilizar saídas, respostas aos  impasses  e desafios que o cotidiano real apresenta. Na infância, este imaginário é muito importante, porque justamente serve de ferramenta para que o sujeito se fortaleça psíquica e emocionalmente à medida que vai entrando e acessando aos códigos do mundo adulto. Crianças lançadas precocemente  no real, assim como adultos com dificuldade de lidar com este real,  têm prejuízos singulares. Adentrando neste maravilhoso imaginário infantil, possibilito a mim mesma fazer alguns resgates bonitos, especiais! Por isto que lidar com crianças, estar com elas,  é fantástico! Mexe com a gente! Mexe com a nossa criança. Depende de como foi e está a “nossa criança”, é o acolhimento, o espaço e o lugar que daremos às crianças e suas demandas. Isto é bastante sério. Merece aprofundar e tratar para que nós adultos possamos nos reeducar no que é possível e educar as crianças sem os nossos ranços, medos, fragilidades e preconceitos. Embora não seja assim tão fácil e sem exigências ou trabalho, eu acho maravilhoso e um privilégio ter uma criança por perto! A gente tem oportunidade de “passar a limpo” algumas coisas e reconquistar o brilho dos olhos e o encantamento pela vida; reaprendendo com ela!

No coração e não na vida

                          

Hoje o dia foi de saudade grande e insuportável. Uma amiga compartilhou esta mensagem, numa rede social, no final da noite:
Dolorosamente bonito! E era para mim, como ela disse que era para ela! E não há nada que possa fazer a não ser, de fato, aprender. Como tantas outras coisas. Interessante que uma saudade puxa outra... Saudade de pessoas, lugares, momentos, sensações, fases de uma mesma vida e de outra vida! Está tudo ali... no coração e não mais na nossa vida, não mais no agora! Estão ali transformadas em lembranças... vivas! E quando se inquietam e reclamam  o espaço que não têm mais, dói... dói... dói... como é que pode?! Algo não estar mais e contudo, estar? Aprendo que preciso respirar e respirar no momento em que ficam extremamente agudas e ir acarinhando, acarinhando até que voltem a se acomodar e a me sorrir, suaves e dizer: está tudo bem! Aí preciso escrever e escrever e escrever... para recolocar tudo no seu lugar: saudade no lugar de saudade, o que não é mais no lugar do que não é mais e o agora no lugar do agora e, para atualizar e dar um lugar, um significado aos sentimentos que surgem depois disto, alguns novos, outros renovados. Um aprender sobre a compreensão, o respeito e o amor, enquanto a roda gira... Quem sabe um dia, sabedoria.





Desencontro marcado

Desencontro marcado
adiantado ou
atrasado,
sempre inesperado:
o amor que
que não segue
a mesma estrada
mas a paralela.
Mas do mesmo jeito:
belo, fundo
e "frutuoso"!

Felicidade

Felicidade,
um espaço
pequenos espaços
entre os muros do cotidiano
intensos, vibrantes
e fugazes...
como crianças
desobedientes.
De repente está ali
entre uma árvore e outra
por onde se entrevê
o sol, o céu, os azuis,
as estrelas, a lua...
Às vezes está lá na
expectativa do encontro
quando o coração
espera algo que nunca será
porque nada é como se sonha
nem acontece como se quer.
E sempre está aqui, 
no momento bem vivido!
Dentro da gente são como
as folhas varridas
no chão do outono...
perambulam,
nos labirintos do coração,
como doces esperas,
lembranças e ternuras
saudades infinitas,
alegrias sutis,
fantasias e realidades
misturadas...
que alentam
alimentam o seguir em frente.

Chuva













Pingos de chuva caem suavemente
abrindo caminho por entre
árvores e folhas
fazendo um barulhinho
peculiar e tímido
como se não quisessem assustar
a manhã que acorda
silenciosa e hesitante
depois de tantos e tantos
dias de sol exuberante
alaridos sem censura
e calor invasivo.
Acontece um hiato, agora.
Bendito. Acolhedor,
silencioso e discreto.
De entrega. 

Morrer e viver

Sensações e vivências de morte e de vida estão mesmo, como dizem os mestres, “uma nas pegadas da outra”, alternando-se no cotidiano, em movimentos circulares, por vezes em espiral... No meu sentir, a morte sempre olha para trás; lembra, pondera, reflete, duvida, compara, tem culpa, tem frio, é retraída. A vida sempre olha para frente, apaixonada, impetuosa, sem medo, contempla, brinca, ama por amar, não se culpa e não se arrepende, é quente, espontânea. Tão intensas, as duas! Tão fortes, dentro! Por longo tempo tive medo das duas, de viver e de morrer; ao mesmo tempo em que sempre quis muito às duas. Agora, eu apenas as observo, de dentro de meu silêncio, agradecida! Se não houvesse a morte, não haveriam os outros nascimentos, as mudanças; a renovação da vida.  Se uma possibilidade não morre, impossibilita outra. Mas se a vida não brota, a escuridão e o frio embotam e inviabilizam todos os conteúdos. Transitar entre estes extremos, em equilíbrio, é o desafio. A pulsão de morte é tão forte quanto a pulsão de vida. Morrer não é só amargar  o tempo inteiro; assim como  viver não é só princípio de prazer o tempo todo. Deve haver um conforto  no meio do caminho...  E o que dizer da fênix, que se deixa morrer para depois ressuscitar mais forte e bela? Duas faces de uma mesma moeda.

Oração de amor

  
 
Oh, Mãe!
Eu peço que o dia do meu amado
seja muito especial!
Que haja sol e que o sol doure
os caminhos por onde ele andar!
Que o céu esteja muito azul,
que a natureza esteja em festa e alegria e,
  encha os olhos dele com infinitas belezas
e os  ouvidos dele
com suaves melodias!
Que o calor do sol o abrace suavemente
e que ele se sinta  acolhido
amado, festejado, feliz!
Onde, como e com quem estiver.
Mas se houver chuva,
que ela seja mansa e doce,
inspirando sabedoria,
sensibilidade e conhecimento a ele.
Quando o meu amado chega
e entra pela porta
o sol entra com ele!
Tudo se ilumina, dentro e fora!
Tudo se expande, brilha
 aquece!
A voz e o riso do meu amado
preenchem os espaços todos
e não existe um som mais lindo!
Os olhos do meu amado...
São profundos e belos
estão em todos os lugares!
O meu amado é um oásis,
inspiração,
é um presente lindo!
Cuida bem dele,
querida Mãe!

Mistério maravilhoso!


Minha filhote com sua filhote na barriga!
Coisa mais linda!
Meu coração mergulha e flutua
neste mistério tão simples
e tão complexo...
Ele maravilhoso
eu maravilhada!

Generosidade

Depois que se vence a resistência,
o coração  sossega
e a generosidade genuína  emerge.
E ela é fértil!
Agrega e produz
luz, liberdade.

Movimento
















Sonhar, idealizar, desejar,
renascer (depois de morrer),
para o novo,
um novo sonho,
um novo querer
é movimento interno,
incessante,  infinito, incansável...
Desejo de viver,
se realizar, ser feliz!
Se um sonho acaba
a gente sonha outro e outro e outro...
Às vezes é o mesmo sonho que volta,
de um jeito diferente!
            

Junto (2)




E somos, de repente
uma mistura de notas melódicas,
de pautas e claves
criando inusitados!

Feminino


Delicadezas,
e questões
e melindres
e anseios
e reticências
na flor da pele!
Saltos e mergulhos
apaixonados  e intensos!
Mulheres!
Eterno e misterioso feminino.

Depois

Quando não há palavras
não há riso
o olhar não fixa.

Desencontro de olhar
de direção:
solidão
solidões.

Almas errantes
machucadas
sedentas de pouso
buscando alento.

Depois do pranto
o encontro
a cura
o canto.

Enfeites


A madrugada,
enfeitada com a lua
linda e brilhante,
olhar suave
e enamorado
envolvendo
as águas do lago,
a floresta silenciosa
e nuvens curiosas;
lembrou-me que o dia,
que logo acordaria, 
seria especial!  
Tudo que amo respira! Vive!
Colore, enfeita a vida!


Um momento, uma música (5)


Um momento, uma música
uma música, um sentimento
um sentimento, uma alegria,
uma dor... experiências 
de todo e qualquer amor!
Turbilhões, vendavais,
calmarias e sutilezas
magia e beleza
traduzidas em sons
nas pautas e notas
que se organizam
e atravessam o tempo 
no movimento
no contratempo
dos sentimentos!


Metamorfoses



Nada acaba, tudo dura e se transforma”, escutei e assenti com profundeza; porque tenho esta sensação de que “as coisas não passam”; estão sempre junto com a gente, de um jeito ou de outro, ancoradas em algum lugar, em nós e, transformadas em tantas coisas! Algumas em saudades, que de vez em quando ficam urgentes e reclamam atenção, um  retorno, uma palavra, um abraço. Outras, viram somente recordações bem resolvidas; só marcas na linha do tempo. Umas a gente esconde, ignora, nega, renega (!); mas elas são teimosas e vibram e pulsam, urgentes e rebeldes e se transformam em sintomas se não abrimos o caminho, ao menos para se expressarem. Há as que transformam-se em feridas, que ora sangram, doem, inquietas; ora silenciam  atrás de uma melancolia, de mágoas sem palavras... algumas destas, por vezes, transformam-se em medos, em fantasmas; impedindo avanços e outras felicidades. Tem umas que de tão fortes, impulsionam para outros lugares, para grandes aprendizados e conquistas, para um novo magnífico! E outras, pousam e permanecem irremediáveis nas almofadas mais bonitas do templo coração e de lá sorriem o tempo todo, jorrando ternura  e alimentando o desejo de viver e de experimentar;  de ver, de sentir e de "estar com" nas especificidades da realidade, assim como  nas sutilezas dos sentimentos, das percepções e das energias!

Aranhas

As aranhas, sua aparência e suas “longas pernas” sempre produziram efeitos terríveis no meu imaginário. Convivendo com pessoas tranqüilas na interação com os aracnídeos e, decidindo enfrentar o assunto e as diversas “formas”, através de pesquisas e trabalhos com os alunos, aprendi coisas interessantes sobre elas, a ponto de experimentar certa admiração, embora a visão delas, num primeiro momento, ainda “me paralise” e ainda olhe embaixo da cama, do travesseiro, das cobertas e lençóis, antes de dormir, porque moro no meio do mato, “tenho que tomar cuidado”(!)... mas já me recupero logo do susto,  respiro e consigo deixar as meninas “cabeludas” (nem todas são, mas para mim, sim!) irem embora, em muitos momentos. Considero isto um grande avanço na lidança com os meus medos. Com a chegada cada dia mais próxima da minha primeira neta, fiquei com vontade, além de comprar roupinhas e fazer tricô, de iniciar a biblioteca dela, comprando livrinhos de histórias, para que os livros possam fazer parte do seu mundo e do seu interesse desde cedo (concorrendo, ao menos, com justeza, com os outros brinquedos, vídeos, filminhos, jogos e modismos). Junto com desejo de ler e contar histórias  veio o desejo de escrever histórias para ela!  Sem pensar na competência, apenas no desejo. E o primeiro personagem que veio a minha imaginação foi o de uma aranha! Com tanta outra coisa que podia vir, veio a ideia de uma aranha! E não pude tirar isto da cabeça. A história, em tese, já ficou pronta; mas já reescrevi quatro vezes e a personagem principal, ARANHELA, uma "doce" e curiosa aranha amarela já viveu uma porção de aventuras que eu deletei. Ontem, finalmente eu a coroei rainha do lago e gostei! Acho que agora vou sossegar e passar para o tio ilustrar. 


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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