Sereias e "coisas e loisas"

Acabei de tecer, no tricô, uma  roupinha de sereia para Maria Margot que está chegando. Ficou tão lindinha! Coincidiu que ao mesmo tempo, nos intervalos entre tantas outras “coisas e loisas”, continuo escrevendo historinhas para ela,  ainda com a personagem Aranhela, a rainha aranha, vivendo peripécias no lago, seu reino. Agora ela está envolvida com um peixe misterioso que chegou no lago, assustando e intrigando todos os súditos... não tinha pensado nisto, mas de repente imaginei que uma sereia poderia entrar na história! E fiquei cheia de contentamento, como ficam as crianças ao ganhar um doce, um presente, fazer uma descoberta! Terei que pensar em algumas reviravoltas na história para que a sereia possa entrar... mas isto me enche de expectativas! Estas possibilidades  infinitas que a gente pode criar e encontrar  no imaginário e, que muitas vezes não se pode no real, me fascinam! Eu me pergunto por que é tão fácil articular saídas e mudanças  no mundo das ideias; por que  ali, no papel tudo fica tão organizado, tão certinho e tão flexível às mudanças, mesmo às repentinas, inesperadas?... E de fato, vendo por este lado, é bastante compreensível que muitos de nós, adultos, por vezes nos enclausuremos neste imaginário, onde tudo é possível, onde é fácil dizer “sim” e “não”; mudar de ideia, de rumo e de vida; especialmente quando não conseguimos viabilizar saídas, respostas aos  impasses  e desafios que o cotidiano real apresenta. Na infância, este imaginário é muito importante, porque justamente serve de ferramenta para que o sujeito se fortaleça psíquica e emocionalmente à medida que vai entrando e acessando aos códigos do mundo adulto. Crianças lançadas precocemente  no real, assim como adultos com dificuldade de lidar com este real,  têm prejuízos singulares. Adentrando neste maravilhoso imaginário infantil, possibilito a mim mesma fazer alguns resgates bonitos, especiais! Por isto que lidar com crianças, estar com elas,  é fantástico! Mexe com a gente! Mexe com a nossa criança. Depende de como foi e está a “nossa criança”, é o acolhimento, o espaço e o lugar que daremos às crianças e suas demandas. Isto é bastante sério. Merece aprofundar e tratar para que nós adultos possamos nos reeducar no que é possível e educar as crianças sem os nossos ranços, medos, fragilidades e preconceitos. Embora não seja assim tão fácil e sem exigências ou trabalho, eu acho maravilhoso e um privilégio ter uma criança por perto! A gente tem oportunidade de “passar a limpo” algumas coisas e reconquistar o brilho dos olhos e o encantamento pela vida; reaprendendo com ela!

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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