Novamente

                                                                                                         
Devagarinho,
salamandras
agitam-se
acaloradas
intensas!
Revolvem as cinzas,
as entranhas
o frio escondido...
e o fogo revive!
Meu amor vive!
Abrindo janelas
elevando-se
saudando o sol
e a liberdade!
Meu amor vive!
Ah! Ressurge
na roda luminosa
do dia
cheio de urgências
e de saudades.
Meu amor vive
e eu recomeço.
Ele pulsa e chama
e eu vou!
Remendo, costuro,
colo, junto pedaços,
acarinho meus estilhaços...
Inteira e novamente.

Todos os dias

Teu sorriso
minha alegria!
Teu olhar
minha leitura;
tua ausência
meu vazio;
tua presença
o meu presente!
Tua tristeza
minha dor;
tua felicidade
minha esperança;
teu carinho
minha respiração;
tua palavra
meu contorno:
- esta sou eu!



Autumno


Fim de “autumno”,
outono.
Últimas folhas
amareladas,
murchas,
torcidas
cansadas
bem vividas,
desprendem-se...
Olhos fechados,
entregues ao prazer
desta vertigem...
O “sabor do vento”
que antes
coreografava
seu bailado, lá em cima
nos braços das árvores,
agora embala
seus corpos inertes
rolando-as
de lá para cá;
numa carícia final.
O outono
se despede
desnudo e melancólico
encolhendo-se,
antecipando as noites
e chorando saudades fundas
do calor e do viço dos dias...

Rosas


Faceiras ao sol
cheias de viço,
brilho, curiosidade;
desejosas!
Musas!
Belas e cheirosas
derramando-se
em excessos de
doçuras e perfumes,
arrancando suspiros...
Ingênuas rosas!
Expondo-se
assim!
Formigas têm fome
e as "daninhas"
fingem que dormem.
O mundo não é
este jardim.



Dança



Danço
minha vida
seguindo a
melodia do tempo
que se dilui e regenera
no compasso das
estações, da brisa
e das emoções.
Aprendi ficar na
ponta dos pés
para abraçar,
beijar, segredar;
alcançar a flor mais
escondida,
o fruto mais doce;
espiar no horizonte
a alternância
do sol e da lua
e, a chegada
de quem vem
matar saudade.
Aprendo equilibrar
peso, perdas e dor,
sutilizar os movimentos
de alegria e de amor.
Quanto mais suave e sutil,
mais preciso, fundo
o passo, toque, o movimento;
mais apaixonante,
a dança!





História cheia de histórias!

     
      O mundo e o cotidiano estão cheios de histórias! Belas histórias, fantásticas histórias, doces, anônimas, medianas, deploráveis, terríveis, histórias. Histórias de princesas, de reis,  de bruxas; de heróis, de enamorados, de sobrevivência, de luta, de massacres, de gente comum, destruições,  vitórias,  conquistas, transformações;  de visionários, de miséria, de terror, de ignorância, de  corruptos, de injustiça e de fraternidade, de decadência e de superação, altruísmos; histórias de fé. Histórias pessoais, de povos e civilizações... História dos outros, história nossa, história minha. Adoro histórias e  tenho minhas preferidas; que adoro ler, ouvir e contar. Crianças também adoram! Na escola, toda semana temos  um contador de história, o prof Daniel, encantando, desafiando e estimulando nossa imaginação e reflexão com suas histórias. Na última sexta, em sala de aula, recebemos a visita de um contador de histórias diferentes:  na verdade, um historiador local: o sr Isaque  de Borba Corrêa, que veio conversar conosco sobre a escravatura aqui, na nossa região, ilustrando e aprofundando o estudo que fizemos sobre este conteúdo. Foi uma manhã interessantíssima! O seu conhecimento e a forma como se deslocava, com tranqüilidade, no tempo\espaço, de 1500 (época do descobrimento do Brasil) até hoje, indo e vindo, impressionou os alunos! Muitos tiveram a necessidade de perguntar, várias vezes, quantos anos ele tinha e se ele estivera presente neste ou naquele episódio da História do Brasil!!! Vejam só! Isto que a data de nascimento dele estava no quadro! Eu observava suas fisionomias centradas no convidado; olhos brilhantes demonstrando o quanto estavam admirando e “viajando no tempo”... E, eu quase tinha certeza de que na cabecinha deles, naquele momento, aquele homem que sabia tantas coisas e que estava contando tudo aquilo pra gente, como se tivesse vivido ou presenciado cada uma delas: só podia ser muito "antigo" para saber tanto (embora sua aparência dissesse o contrário. É que criança sempre vê, em primeiro lugar a essência!)! Na verdade, de certa forma, é como se ele tivesse vivido mesmo, pois um ancestral seu veio, de Portugal  para o Brasil, junto com a família Real, em 1808 e mais tarde,  o trisavô ganhou a autorização de D. Pedro I para fundar a vila Nossa Senhora do Bom Sucesso, que deu origem ao nosso município. 
    Um parênteses: eu compreendia profundamente o êxtase dos alunos, bebendo aquele conhecimento... Por alguns instantes, viajei no tempo, transportada ao meu tempo de estudante universitária, na UNIJUÍ, assistindo as aulas dos professores do meu curso de Letras: Deonísio da Silva e João Wanderley Geraldi e as palestras dos professores Dinarte Belato e Mario Osório Marques, que não foram meus professores, mas cujas palestras, sempre que pude, assisti. Todos eles, fantásticos e cativantes na forma de expressar o seu conhecimento! E, com isto e por isto, marcando, tão profundamente, muitos de nós. 
   Voltando ao presente: na despedida,  nosso historiador deixou uma mensagem, simples e séria, que, embora não sendo nova,  é de profunda sabedoria e grande aplicação no contexto pessoal e, especialmente, sócio-político atual:  estudem bastante, sejam curiosos! Todos devem se interessar e conhecer a História, independente de sua profissão e não somente os historiadores. É preciso conhecer a História, o passado,  para não repetir os erros do passado...”.           
    Depois de atualizar e socializar impressões e aprendizados, referentes ao encontro com os alunos, fiquei só, com minhas reflexões... meus sentimentos... 


Gulosa!

A chuva é tanta...
persistente
e mansa
chovendo estas
cantigas
que aquietam
e aproximam dos
sonhos e
coisas de dentro.
A sede era tanta
que, gulosa,
a flor
bebeu o que podia
e muito mais!
Agora,
transborda,
feliz,
entregue
e mansa.


Reciprocidade

    Imagem de Pâmela
Na casa,
o lago
os peixes
a garça
o céu
eu.
O cuidado
com o lago
e com os peixinhos
trouxe a garça,
que de longe, vem
alimentar o corpo.
Isto, alimenta meu olhar
e minha alma.
A garça,  sacia a fome
e, agradecida,
voa sua coreografia
no palco azul,
acima das árvores.
Minha gratidão,
expresso numa oração,
soprando-a
aos quatro cantos:
amo!

















 Imagem de Pâmela


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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