Ao mestre com carinho (To sir with love)


Este filme, esta melodia, adoro! Desde a primeira vez marcou fundo e aquela emoção tão intensa e  ímpar, nunca mais me abandonou.  Ficou dentro, mexendo, estimulando, inquietando,  teimando, alimentando uma chama sempre viva, sempre rebelde, sempre forte; mesmo nos momentos mais desesperançados. Sempre foi maior e mais bela  do que eu mesma, minhas limitações, meus medos, preconceitos e as frustrações, decepções e desencontros. Sempre sinalizando um horizonte bonito, lá na frente! Sempre! Dignificando meus dias e tecendo uma rede sensível, mas forte, de realidade, cidadania, benquerer e respeito pela vida e suas criaturas, em todas as suas manifestações.

Orquìdeas

Tão belas
belas!
Pra lá, pra cá
ali, lá, adiante!
Ao sol, ao léu,
à lua,  aos verdes,
aos vasos, 
aos misteriosos
  olhos das florestas,
aos beija-flores e ao céu!
Uma e mais
outra!
Um sem fim de
beleza! Beleza!
Tanta...
É tanta
pessoa orquídea
nesta vida!

Cascas

As cascas
são tão frágeis...
Basta um sopro
um vento norte
e elas desabam.

Infância

Infância... Mundo rico! De incessante movimento! Descobertas deslumbrantes! Associações desconcertantes: pura inteligência! Pensamento mutante... ir e vir, retomar e voltar; abandonar e mais adiante voltar e prosseguir de onde parou... memória fantástica! Franqueza desconcertante! Entrega absoluta ao momento presente.
- “Tu “iu”, Dindo, desenhá coisas lá no céu”?
- Sabe que dia é hoje, dindo? Hoje é dia de sol!
- Tu mentirô, vó!
- Vó... não fica tiste. Eu ti amo!
- Quer um suquinho para acompanhar, Margot?
- Não! Qué pa tomar!
- A boboleta foi lá po céu, junto com o Bin e a Liza...
- Vó! Vamu bincá di maquiage? Posso pegá o blush? Passá o gloss?! Só um poquinho... Eu que passo, tá,  vó!
   - Vamu bincá di ecolinha? Eu sou a pofe... quianças, atás di mim...  Ai, ai, ai... não podi bigá, viu? Não pódi modê! Já ti falei! Agora tem qui pensá um poquinho.... olha pra mim! Olha pra mim... não podi modê, faz dodói no coleguinha... Agora vamu fazê tabalinhos... pega a cola... vamu colá? Recota um sol, vovó! Hora di lanchá! Vamu fazê um lanchinho, vovó!... agora, senta aqui nu chão, vó... vamu conversá? Agora conta historinha... Não! Não esta, vó! É esta aqui, da menina do laço de fita! Ah!  Rasgô o livro... ah! Não faz mal, né, vó...  Eu conto a historinha, tá, vó! Ota historinha... Era uma vez, uma buxa malvada... agora eu vô passiá com a Bombom... tu faz comidinha pa genti, vovó?... A mamãe foi tabalhá, ela já volta... não pecisa chorar! O papai também... ele vai no mecado, compá carninha, suco de uva, água di coco! Não quero comê, vovó, comi na  ecola, a minha “bariga” tá bem cheinha!!!! Quero colinho, vovó... e o meu bibi... canta, vovó"! 
E assim vai a conversa! Até chegar o soninho, no ombro, no colinho, no sofá ou na caminha... Tudo a ver com tudo! O brilho do olho, a fala, o braço, a mão, o pé,  a boneca, o lanche, a escola, o papai, a mamãe, o livro de historinha... os sentimentos sendo atualizados o tempo todo, falando de si e do outro (quando ainda é de si mesma); num sem fim de palavras e gestos, saracoteios, corridinhas, sacolejos, choros e risos,  caras e bocas! 
Será que ela respira entre uma e outra coisa? De onde tanta energia? 
Esta dinâmica, esta riqueza de detalhes e de inusitados; estes encadeamentos de palavras e gestos tão cheios de encantos, de ingenuidade e deliciosa espontaneidade, nunca mais! É só da infância! É só da criança! 

Coelhinho

- Um coelhinho "pa" mim, vovó?!!!!
- Sim, o dindo Gui fez...
- É "di" ovo, vovó?
- Sim... O corpinho é de ovo. As orelhinhas, o rabinho, narizinho e barbichas, de cenoura! 
- E os olhinhos?
- Os olhinhos são de uva passa!!!!!
- É bom vovó?
- Sim! Uma delícia! Vamos experimentar, pra ver?!!!
- Eu "comu" o ovinho e a uva passa. "Tu come as cenourinha", tá bom, vovó?!

Criança

Este é o tempo
de ser criança!
Tempo de ser
feliz com o gato,
o cachorro e o
passarinho!
Brincar de pega-pega,
esconde-esconde,
de roda, de bola; pular corda,
de papai-mamãe e filhinho!
Estudar, pesquisar
fazer experiência
com água, terra, papel colorido
tinta e canudinho!
Aprender com os colegas, na escola:
ler, escrever e calcular;
entender os mapas, 
cuidar das plantas e do planeta. 
Conhecer a história,
outras línguas,
conversar, ouvir e filosofar!
Aprender com os pais,
professores e avós,
as coisas sérias e importantes
da vida: respeitar, agradecer,
trabalhar e se cuidar!
Semear amigos!
Desenhar tantas coisas bonitas...
casa, nuvem, flor, avião,
arco-íris, peixes e o mar
sol, lua, borboleta, coração,
bonecos, árvore e carrinhos...
Ouvir e criar histórias
“curiosar”, fazer rimas,
adivinhas, piquenique e
catar conchinha!
Depois, a vida continua!
Agora, é ser criança!


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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