Sementes

Sementes...
Adoro!
Fascinam...
Mágicas,
têm, dentro de si,
todos os registros 
de como devem ser....
e nada vai ser diferente disto...
já está lá.... 
Apesar disto,
deste poder todo que têm,
são frágeis e dependentes
do sol, da água, da terra,
dos  cuidados  e do
coração que as recebe.
Em muitos "solos"
e condições adversas,
sobrevivem, 
porque há nelas
uma força de outra ordem.
Muitas vezes, cuidei
com extremo carinho 
não germinaram!
Algumas vezes
apenas deixei ali,
sem muitos cuidados,
e a semente germinou
e me encheu de felicidade
quando floresceu!
Algumas, observo,
escolhem o lugar
onde querem germinar
e mesmo que lhe dificultemos
o espaço e as  condições
elas  brotam!
E  se espalham!
Querem viver!
Lutam e se alojam 
tomam de assalto
nossos jardins
nossas vidas
e ali enraízam!
Belas!

Muita saudade!

Eu sinto muitas saudades! De quase tudo. Há muito deixei de planejar a longo prazo; o máximo é por uma semana, acostumada que estou com os planejamentos semanais para a escola! Tenho aprendido e curtido muito viver o presente, “sem expectativas”; embora o item “expectativas” seja, ainda, bastante difícil, pois as expectativas brotam, independentes e livrar-me delas dá um trabalho enorme... Mas o que não consigo, de fato, é deixar de ter muitas saudades. De quase tudo!  Por isto, para mim é dificílimo, também, assimilar a ideia de que tudo passa; porque para mim, tudo está sempre presente; transformado, diferente, mas sempre presente... assim que, experimento muita saudade! De todos os tipos, formas, cores, intensidade, profundidade, duração e conseqüências. Conheço as mais dramáticas, tipo saudade “surto”, saudade “pânico”, saudade “insuportável”; saudade “anoréxica”; saudade “impotente” (dos filhos), saudade “inconfessável” e, as mais tranqüilas: saudade “que um telefonema resolve”, saudade “que um e-mail transforma”; saudade “que um bom papo cura”... e, as mais românticas: saudades de “momentos”; saudades de “uma música”; saudade de uma “brisa”; saudade de um “abraço”, saudade de “uma conversa, saudade de “um luar, de madrugada”; saudade de “um instante num lugar especial e distante” .....saudade de um estar junto despojado”; saudade de um “momento cúmplice e inteiro”; saudade de “uma emoção sublime”... saudade de coisas, objetos, lugares. Saudade de animais, plantas, altares! Saudade de gente, amigos, colegas, amores, familiares! Saudade do vivido, do sonhado, do perdido... e agora, esta nova saudade!!! Saudade já grande, mas de tão poucos dias! Quatro... quatro dias de não ver Maria! Culpa da gripe! Veio me ensinar sobre esta saudade, tão nova e já enraizadinha... saudade da minha netinha!

Momento


Tudo é momento
intenso.
Nos intervalos
quase me perco
tentando
juntar um e outro.
Mas contínuo
só a respiração,
o pensamento,
o sentimento.

Maria


Maria...
Maria pequena,
suave!
“Tonchinha” Maria
bolinho de gente!
Enroladinha nas
mantilhas
feito flor que
vai se abrindo
lentamente,
cada dia mais um pouquinho
delicada e contente!
Maria!
O que está vendo
aí, no lado de lá
do soninho gostoso,
que provoca estes
biquinhos de choro e
risinhos sutis?!
... esta carinha de plenitude
fragilidade e entrega
que desarma,
desmonta a gente
que não sabe o que
fazer com o que sente?!
Maria, amor!
Olha você,
tão pequenininha
ocupando
grandes  espaços
no coração,
nos braços!
E nos abraços
que se ressignificam!
Maria vida!
Pura essência
do belo, do bom,
do sublime, do real.
Vinda a  nós,
resgata e redime!

"Como a gente"...

"Em todos os lugares, o que mais nos fascinava eram as pessoas, que com sua bondade e sua natural forma de ser, demonstravam ser gente como a gente”...  trecho de um relato de Heloisa Schürmann que li, visitando, com  um grupo de alunos, o museu do Instituto Kat Schürmann, que fica na praia do Ribeiro (Bombinhas, SC); em meio a Mata Atlântica e próximo a praias, costões rochosos e manguezais. Bonito ler e ver os relatos e imagens das viagens desta família conhecendo o mundo, encontrando com tantas e tantas curiosidades e maravilhas. Além disto, muito rica a experiência e vivências de ações educativas num local privilegiado e de grande sensibilização ambiental, compromissadas com a manutenção da qualidade dos ambientes marinho e costeiro. O aprendizado que se oportuniza e se adquire com estas atividades fora da sala de aula, interagindo com ambientes, pessoas e as infinitas singularidades e possibilidades de ver, organizar e cuidar da vida, é fantástico!  Eu fiquei particularmente tocada com  os relatos, especialmente com algumas expressões como esta com que inicio o texto: “o que mais nos fascinava eram as pessoas”. Algumas alunas também ficaram tocadas com “escritos”.  Elas encontraram textos que a menina Kat produzia durante as aulas que recebia da mãe, à bordo do veleiro e me chamaram, encantadas! Identificaram-se com a Kat, garota como elas, que escrevia, em alto mar, em lugares distantes, sobre coisas que elas, aqui e agora, também escrevem; com o mesmo desejo, confiança e liberdade para expressar os sentimentos e pensamentos... fiquei pensando em como isto é bonito e profundo! “Gente como a gente”... Aqui, ali, lá... nas grandes e pequenas cidades, ilhas, lugares quentes e extremamente gelados; em culturas, línguas e letras diferentes  e atrás das formas, jeitos, cores e expressões, homens e mulheres com ânsias, inquietudes, sonhos, desejos, dores e alegrias como a gente... igual e diferente, ao mesmo tempo... Nossa humanidade sem fronteiras.















... revestido de mistério e milagre!

Diante das coisas mais bonitas e significativas, singular para cada um,  a gente perde a palavra. O silêncio contemplativo e reverente se impõe espontâneamente. O olho “bate”, o coração acolhe e responde, a alma se eleva! A gente se sente “uno” com o universo e todas as suas criaturas. Diante dos espetáculos do sol e da lua, da infinitude do mar, do céu, das belezas das criaturas que vou encontrando e descobrindo, na natureza, eu me calo! Mergulho num mundo de percepções que só bem depois consigo organizar e transformar em palavras escritas, primeiro. A música produz efeitos tão sutis que  palavras ainda precisam ser criadas para expressar, onde, de fato me leva no campo das sensações... e eu me calo! Diante de quem eu amo, eu me calo!  Eu sinto! E, a tantos jeitos diferentes de amar, tantos jeitos diferentes de sentir! E vejo que, depois, quando consigo escrever, me repito e me repito e me repito! Mas o sentir sempre é novo! Sempre novo! Sempre renovado! Diante deste “milagre” que é a vida da gente se prolongando na vida de uma outra criaturinha, eu me calo! Um espermatozóide que fecundou um óvulo; células que se multiplicaram e formaram um novo ser?! Assim tão simples? Imagina!!! Observar as orelhinhas, dedinhos... os cílios, os cabelos... o nariz! As unhas! O sorriso, o choro, o coração batendo... Tudo tão perfeito! Como pode?! Que ordem, que sincronia, que obediência a uma “lei” que dispõe e organiza num campo invisível, mas perceptível... com tanta inteligência, tanta estética e tanto amor! E não só isto! Um ser que sente, pensa, age, elabora, expressa de forma única no meio de tantos e tantos semelhantes! E mais! Que produz e provoca, na gente, também emoções, sensações e respostas ímpares... sempre um sendo “mistério” desafiador e encantador para o outro decifrar... Eu me alterno, diante disto, entre “me sentir” pequena e grande! E, no meio desta alternância, feliz! Encantada! Apaixonada!

Tesouros


Saudade!
Saudade!
Súbita!
Funda!
Irremediável!
Do que escapou
escorregou
das mãos, dos olhos!
E foi embora
não deu para segurar
e não volta
de jeito nenhum!
Rostos, risos,
falas, momentos
músicas,
sentimentos...
Agora já são de outros jeitos
estão em outros lugares...
Saudade daquele jeito!
Um jeito que está vivo
ainda... lá, num outro tempo
mas vivo! Naquela exata
esquina do tempo;
daquele mesmo jeito!
Eternamente do mesmo jeito
produzindo saudade,
intensa!
Tesouros!

"Passagem"

Gosto da palavra PÁSCOA. Há muito, muito tempo atrás, quando aprendi que significa “passagem”, passei a gostar ainda mais dela, por isto. Durante a semana que passou, com os alunos conversei bastante sobre o termo “passagem”. Compreenderam bem o significado; partilhamos experiências e depois fizeram relatos escritos de “passagens” experimentadas e a alegria resultante das mesmas! Além de bom, é bonito vivenciar uma “passagem”, vislumbrar a luz lá na saída do túnel e, evidentemente, sair! Também é bom escutar sobre as pequenas e grandes passagens que amigos e desconhecidos fazem. Anima, fortalece!  A vida se transforma, enriquece quando a gente descobre que pode mudar. Mas é preciso coragem, força extra, muito luto para fazer uma “passagem”; mais fácil é comprar ou preparar uma cesta com ovos e doces. O que também tem importância, tem simbologia, tem afeto. Se tem afeto, por que não? De repente é só o que se pode fazer, num momento da vida... Agora, fazer “passagem”, mesmo e de fato, enfrentando todos os riscos, dores, “mortes”, a maré, conceitos e preconceitos, dogmas, a solidão, os medos, os comodismos, a oposição e resistência externa e, principalmente a interna... ah! Quanta força, quanta coragem precisa forjar...

Feira

Uma delícia, a feira!  Geralmente vou para levar meu pai, que adora comprar (e já faz isto há anos),  uma linguiça especial, de fato, muito boa; para o “aperitivo” antes do churrasco ou para o cachorro-quente. Eu gosto de ver  o burburinho, o colorido e a alegria no encontro dos feirantes com os clientes habituais; como se cumprimentam e conversam, celebrando a parceria! As pessoas se encontram, apertam as mãos (mas apertam mesmo), se abraçam, se olham e param para conversar! Atualizam uma porção de coisas, ali, em pé, na frente ou entre as barracas... Me encanta sentir o cheiro dos temperos e das frutas que parecem recém colhidas, lindas, frescas, saudáveis! Hummmm, o cheirinho delas... é mais perfume do que cheiro, com certeza!!! Dá vontade de levar tudo! No supermercado não encontro com este cheiroperfume”. Na feira parece que o brócolis é mais brócolis; a cebolinha mais cebolina, verdinhos! “Faceirinhos” (por vezes “quase” vejo um sorriso!!!)! E os pêssegos, as maçãs, as ameixas! Hoje, junto com outras coisas, comprei um pão que adoro, de fubá e, em troca ganhei um discurso efusivo e espontâneo de feliz Páscoa!  De braços abertos, dentro da sua barraca, o feirante me desejou uma porção de coisas boas!!!  As pessoas dizem muitas, muitas coisas umas às outras, mas  há jeitos e jeitos de dizer e o que dizer e, por causa disto, umas “calam” fundo, outras dissipam-se ao vento...  A feira e o que ali acontece e circula, do jeito que acontece e circula é algo bom, aconchegante. Natural. Simples.  Algo a ver com a gente, comigo, que gosto de proximidade. Tão bom, que a energia fica por ali, mesmo depois que todos “levantam acampamento”  e a feira vira uma rua qualquer da cidade. Quando a gente passa por ali é a feira que a gente lembra e "vê". Estão construindo, numa das esquinas da "rua da feira", o Teatro Municipal. Na minha cabeça, tudo a ver!

Paixão

Gosto tanto, na madrugada, como nesta,  de olhar a lua quando está reinando sozinha, no silêncio e na escuridão... quando se deixa ver em toda sua beleza! Eu a observo escondida, procurando não invadir o seu encontro amoroso com a noite e suas criaturas! Adoro a forma como envolve a tudo e como entra pelas janelas e todo e qualquer espaço, interagindo e reproduzindo as formas através de uma luz que é literalmente doce, apaixonante, desarmante! Diante dela, deste efeito, eu me emociono, eu me rendo, eu me calo... inebriada de êxtase! E eu me sinto parte desta magia e ali o desejo, a alegria, a espera e o encanto  se alimentam e se renovam!  Mesmo sabendo que naquele mesmo momento, neste universo de “meu deus”, a antítese, também envolvente, gesta, espalha e produz, com o mesmo ardor, injustiça, crime, violência, secura, frio, pó... E a vida segue e  nós seguimos “tocados”, identificados, em cada momento ou por longos momentos,  com um destes lados. É “sexta-feira santa” e me acostumei  a ver este dia como especial, intenso! Um dia, como a história e a fé relatam, de extremos; como, de resto, são todos os nossos dias: extremos de uma  mesma paixão.

Cantoria, logo cedo

Que acontece neste dia? O sol nem apareceu ainda e tão cedo as cigarras e os grilos e as aracuãs já fazem tamanho alvoroço por aqui ... o que há? A noite de despede e por entre as árvores vejo que o céu está encoberto; o azul e os brilhos do dia com preguiça de acordar... será que vai chover? De repente, faz-se um longo silêncio... escuto um galo cantando... muito longe...  e só ele agora rompendo o silêncio...  ele chama o dia! Fazia muito tempo que não ouvia este canto e ele, ao mesmo tempo que está no contexto, não parece ser mais do contexto. Quem ainda escuta o canto do galo? Ele ignora os despertadores e a correria... canta suave seu canto triste e espichado... acho que sabe que tem pouca escuta, mas canta assim mesmo. É seu ofício. As pessoas nas suas casas, abrem suas janelas, escovam seus dentes, engolem o café e saem pra vida mecânica, esbaforidas, sem prestar muita atenção ao que se passa, os carros já se movimentam... mas o galo, as aves (e um quero-quero entrou no cenário, agora...), os insetos  estão atentos. Eles sabem.  A rotina, hoje, é outra. O dia nasce diferente. Singular. O que ele quer nos contar? 

Cúmplices


Perfeito
delicado
harmonioso,
os dois
os cachorros
o ninho
o amor,
o silêncio preenchido,
a cumplicidade
explícita,
a sintonia forte...
Sossego, quietude.
Tudo.

Rara flor

Uma flor
rara,
de uma só vez,
foi  meu amor
por você.

Momento

Coração com asas,
viajante!
Sem  sossego e sem pouso,
errante!
Estilhaçado e capenga,
teimoso!
Impulsivo e apaixonado,
curioso!
Irremediavelmente.

Agrados

Gostamos tanto! Fazem bem, custam pouco, custam nada! Palavra boa, gesto afetuoso, atitude respeitosa, estender a mão, escrever uma palavra, chorar junto, abrir a porta (...), confiar, estender os braços... anima, cura, fortalece, salva! Ninguém dá o que não tem. Alguns têm, mas  não conseguem dar, se dar! Pagar, comprar, fugir, plantar muros é melhor, mais fácil do que se dar, dar de si, seu tempo, espaço e afeto.  No agrado tem entrega, diluição, generosidade, renúncia ao centro  só para ver e fazer o outro feliz!  E quem suporta ver o outro feliz? Principalmente quando não está feliz? Algo que se pode aprender amadurecendo, abandonando de vez a infância ou com os animais, especialmente com os gatos. Observo-os encantada!... Um está dormindo ou paradinho, na preguiça e lá vem o outro e começa lamber, alisar, por iniciativa, por prazer... tão lindo, tão simples, tão necessário e tão bom!


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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