Lua


O vidro da janela deixava entrar uma luz tênue que se destacava na escuridão do quarto. Olhei para fora e encontrei com a escuridão silenciosa da mata... percebi que aquela luz, suave como uma carícia, vinha do alto e, com um pouco de esforço e contorcionismo, consegui ver, por entre tantos troncos, galhos e folhas, de 0nde vinha... Lá em cima estava ela, a lua! Linda, quietinha. No seu passeio noturno olhando tranqüila para tudo que se mostrava e exibia sem pudor e, espiando cúmplice, intimidades, inclusive as da alma. Quantos segredos e tesouros abriga nos seus contornos e essência...  Ah! Que bom  descansar no seu abraço! Viajar, na magia do seu encanto, para bem longe das mazelas, do desalento e das impotências. Ancorar nas portas e janelas das possibilidades, abertas e arejadas.

"Vim buscar um abraço"


Embaixo da parreira, na beira do lago rodeado de verdes e de helicônias vermelhas, conversava com um amigo, ex-colega. Tão bom! E tinha chimarrão! Ele enriquecia a interação e fazia as “costuras” entre uma conversa e outra (de forma única), como tem feito há tantas e tantas gerações... A nossa era uma conversa de sintonia e de partilha; que começou pelo sentimento de pesar e solidário com os pais e familiares dos jovens envolvidos na tragédia de SM\RS. Este assunto nos levou a andar pelo campo onde estão nossos filhos; falar do quanto nos ocupamos com eles e sobre as inquietudes e delícias que povoam o nosso cotidiano na lidança com eles... Isto nos conduziu ao campo do nosso ofício, o trabalho nas escolas; do quanto gostamos deste fazer e desta escolha! Adentramos no campo da lidança com nossos pais; nesta inversão de lugares que ambos experimentamos (eu mais do que ele): de filhos que antes eram cuidados, para filhos que agora cuidam, se ocupam dos pais, idosos... Prosseguimos pelo campo dos ideais, partilhando sonhos, planos, projetos sociais onde ele tem maior experiência, uma vez que sempre foi um articulador implicado com sua comunidade. E chegamos no campo da espiritualidade, da fé como cada um a concebe; da oração e sua importância no nosso dia-a-dia; do bem que ela nos faz no sentido de serenar, compreender, aceitar, encontrar forças, abrir os olhos e a mente; ter paciência, amor e compaixão e, de como nos faz bem rezar pelo outro, especialmente por aqueles que amamos! Interrompemos a conversa por causa da hora! Deixamos um “resto” para um outro dia, que não sabemos quando. Mas isto não importa, pois os laços de amizade mais dia, menos dia, aproximam outra vez os amigos. Nos despedimos com um abraço e então ele falou: “eu vim por isto. Sonhei contigo e vim buscar este abraço”!  Eu fiquei pensando no quanto isto é importante e precioso. Talvez um abraço não esteja na lista das necessidades, prioridades ou essencialidades da vida atual. Talvez muitos não necessitem de abraços; não gostem, não deem e não recebam e está tudo bem. Talvez, abraços estejam banalizados, desvalorizados, mal interpretados. Para mim, um abraço é uma casa. Desumano não ter uma casa, um lugar para voltar, abrigar, descansar, refugiar, reabastecer... Desumano não ter ali, alguém que nos cuide, acolha como somos e com quem possamos contar. Um momento de profunda alegria ou de tristeza e extremado desespero, só um abraço compreende, valora e cura. Neste contexto de injustiças, falcatruas, “jeitinhos”, egoísmo, hipocrisias e muita solidão; nestes dias de tanta dor, questionamentos, inconformidade e críticas,  vamos doar abraços! Não  dói. Só faz bem. Na verdade, é tudo de bom! Dar e receber. Bom precisar e ganhar um abraço! Doloroso precisar, pedir e não ter escuta. Ou não ter coragem de pedir ou de dar.


Falta


Falta!
Falta algo
falta alguém
falta um.
Falta:
privação
ausência
carência.
Pode ser
erro.
Sinto falta.
Estou em falta.
Na falta
busco
não encontro,
enfraqueço
engulo.
Em falta,
faço de conta,
esqueço
desintegro na culpa,
assumo ou anulo.
Dor que mais dói,
a falta.
Mais ensina
e mais cobra.
Falta...
buraco fundo
sem fundo!
Contornado de levezas
e suavidades
forjadas pelo tempo
que, sem anestésico,
transforma dor
em paciência
saber
e amor.

O dia e a hora


O mundo acabar de acordo com um anúncio, data marcada? Não  acredito muito nesta possibilidade de um final apoteótico, apreciado das arquibancadas ou dos esconderijos. Acredito mais no que vejo acontecer, no inesperado de um momento aparentemente qualquer, mas muito especial para quem o está vivendo. Meu querido cunhado não sabia que aquele seria o último chimarrão da sua vida, antes de sair de casa para buscar o filho na escola e um assassino de aluguel, friamente e por motivo fútil, com quatro tiros, subtraí-lo da família, de nós! Os jovens faceiros, cheios de vida e ânsia de viver, que se enfeitavam em suas casas para os encontros, show e diversão que aconteceriam numa festa, na boate Kiss, no sábado que passou, em Santa Maria, também não sabiam que estavam se preparando para sua última festa e que a vida seria ceifada, de modo tão dramático e por falta de cuidados simples... o pai ou a mãe de cada um deles sequer imaginou, antes que saíssem de casa, que aquela seria a última vez que veria seu filho, sua filha com vida... e aqueles pais que moram em outras cidades e quem sabe há quanto tempo não viam ou não falavam com o filho, a filha... (por um longo tempo, tive dois filhos muito longe de casa e sei muito bem falar dos sobressaltos, dos medos e fantasmas que assolam a cabeça e o coração de pai e mãe, mesmo sabendo que “os filhos são do mundo”)... assim tantos acidentes, tantos imprevistos provocando estes hiatos e silêncios dolorosos na vida de todos nós... Muitos, todos os dias, recebem um aviso, um papel com uma sentença de morte, por causa de uma doença; mas mesmo assim, há o inesperado; sempre contrariando as expectativas, os diagnósticos e prognósticos. Fez, faz, faria diferença saber? O dia e a hora de morrer? Por vezes eu penso: será este o último texto que escrevo? Última vez que vejo meus filhos, minha neta, este ou aquele? Último dia? Último amanhecer? Última vez que escuto as minhas músicas preferidas? Que me emociono diante dos alunos, da magia da noite, dos verdes, do encanto da chuva, de um olhar, de um abraço, dos encontros e trocas? E junto, me pergunto: faz diferença saber? Ach0 que na intensidade, sim! Na intensidade do meu olhar, do meu afeto, da minha palavra, do meu abraço, da minha atenção ao outro... estar inteira ali onde estou, consciente de que quero dar o meu melhor, mesmo quando isto não sai bem como eu desejo! Só isto.  Por outro lado, a gente não pode dizer que a vida não nos dá chances de mudar, fazer diferente, cuidar mais das coisas, dos afetos, da própria vida. A busca pelo prazer imediato e permanente está banalizando e escondendo a beleza do viver. Se a gente presta atenção, percebe que de fato, só é preciso cuidar. Cuidar da vida, para que quando a morte chegue (e ela vai chegar, não tem jeito), não fique a sensação de que algo não foi vivido, não foi cuidado; de que não se fez o que tinha que ser feito: viver bem! Isto significa e implica em cuidados básicos: higiene, boa alimentação, respeito consigo e com o outro, atenção, proteção e afeto. As religiões dizem que todos nós temos a nossa hora, mas que ninguém sabe qual é; algumas ainda dizem que 50 % do que nos acontece, incluindo a morte, está relacionado ao carma e que não há nada a fazer em relação a isto; mas que os outros 50 % acontecem por acidente, ou seja, por falta de cuidado, atenção. Não precisavam acontecer e nem do jeito e hora em que acontecem. Mas isto não consola, não tira, não apaga a dor. O dia seguinte à perda, chega carregado de nossa impotência, desespero, culpa, raiva, indignação, medo, fragilidade ... Acho que a gente tem que se indignar, SIM! Indignar com a falta de cuidado, tanto na vida pessoal, quando na coletiva, onde o básico não acontece ou acontece pela metade: o simples cumprimento das leis! Elas estão aí justamente para garantir os cuidados essenciais para com a VIDA! Impressionante o ser humano! Ao mesmo tempo que todos os noticiários estampam que centenas de famílias, uma cidade, um estado, um país, lamentam e choram, hoje, esta perda injustificável de tantos jovens, filhos queridos; eles também registram que uma mãe deixou seu bebê, que não estava bem, sozinho na sala e foi dormir. Ele morreu e ela o jogou, dentro de um saco, no lixo... Ela tinha mais filhos, todos mal cuidados, vivendo precariamente. Eles nos mostram também, todos os dias, homens e mulheres, jovens, desperdiçando e desrespeitando sua vida e a dos outros com as drogas, as bebidas, a bandidagem e a ignorância em todos os níveis. Extremamente mexida com tudo isto, solidária com tantos pais, mães e irmãos que perderam ou estão na iminência de perder um querido, de forma súbita e “sem sentido”, penso, imagino, tentando articular uma saída para minha dor, minha indignação; uma saída para esta dor dos outros e minimizar ou evitar dores futuras: cada um cuidando com carinho da sua vida, suas responsabilidades, seu trabalho e implicações; respeitando o outro e as leis e... pronto! Tão pouco! E já seria um paraíso! Será que a gente não quer, não merece ou não sabe fazer?

Casa "alvoroçada"


Vida e presença
têm movimento
som, feitos e efeitos,
coisas arrumadas
que são bagunçadas
e outra vez ordenadas
num sem fim
constante
gratificante!
Casa "alvoroçada"!
Cama desarrumada
colcha mal dobrada
toalha mal pendurada
tênis e meias
num canto esquecidos...
Pia com louça empilhada
mesa cheia de farelos
pratos, copos e xícaras
recém usados
num sem fim de agrados!
Filhos em casa!
Ai que bom!!!
Longas conversas
ao pé do ouvido
sérias e tolas,
atualizando o vivido...
Risos, abraços,
questionamentos e broncas,
mistura de pensamentos
e sentimentos...
O novo sempre aparece e,
a possibilidade de
aprender, mudar!
E o que é impossível
resolver? Respeitar
acolher...
Nem tudo certo,
nem tudo como
cada um quer...
Mas os laços se acarinham
gerando energia e força
neste exercício
corajoso de
se permitir tocar...
Forjam cumplicidade.
Em algum momento,
o esperado
ou inesperado hiato:
hora de ir embora!
Silêncio... e nele,
um  vazio
do qual se ocupa
a saudade
e onde se dilui a dor
materna e sem nome...
Que devagarinho
aprende e se refaz,
mergulhando nisto
que urge aprofundar:
a atemporalidade
do amor!

Banho de chuva


Cachoeiras
despencando pelas calhas,
gotas ininterruptas
saltando dos telhados e
estalando nas calçadas,
faceiras, saltitantes!
Pingos grossos,
espelhando-se e
formando círculos
nas poças d’água
no lago
na piscina azul...
numa dança fascinante!
Um rodopiar, unir e dissolver
incessante...
Água que vem do céu,
cristalina e macia
envolvendo
e deslizando pelo corpo
numa carícia refrescante!
Banho de chuva!
Magia transformando
tudo em alegria!
A criança emerge
do adulto enrijecido...
privilégio!
De volta à fantasia!
Só criança para
deleitar nesta festa
chupar picolé
comer pipoca
saborear pirulito!
Deslizar na calçada
andar na ponta do pé
e rodopiar,
borboletear!
Rir do nada
abraçar o momento
inteiro, fundo,
com o tudo ali!

Palavra


Minhas palavras
quero que sigam,
encontrem seus destinos
desatreladas de mim.
Tomam vida sempre
por mérito de
quem as inspira;
assim como a beleza
está em quem a possui
não em quem a descreve!
Assim o amor
estava em mim
mas não sabia
até que me chamou
e ouvir foi
minha cura
entre tantas existências
e dissonâncias.
Assim que
a palavra sozinha
é oca
mas enlaçada
é fértil.
E me encanta
enquanto canta
dentro de mim
e se articula fora,
enamorada de
seu conteúdo e
ansiosa para
cumprir seu curso.
E chegando lá
me faz  feliz aqui.


Solidão

                        www.youtube.com/watch?v=y3fRP3e2aEY  - João Chagas Leite
                        

Funda
e doída
a solidão disfarçada
entre tantos
e ninguém.
A conversa vazia,
fumaça
que ninguém guarda.
Olhares que
não se ocupam.
Cabeças
que tramam.
Corações
fechados.
Fastio do
faz-de-conta;
ansiando o
faz-de-verdade,
a solidão preenchida.

Assustador


Assustador!
Não só a violência,
o preconceito, a ignorância,
o suborno e a injustiça.
Assustador é o desencontro.
A incapacidade de ouvir
e compreender.
A cegueira
na defesa do que se crê
endurece e fecha
frestas, portas e janelas
enchendo tudo de farpas
e espinhos que ferem
e impedem  encontros
toques, abraços e sossegos...
Isto me enche de pavor
e de  fantasmas!
E eu tento fugir deles,
querem me roubar a esperança.

Regresso



         As coxilhas  e planícies          
bordadas de terra lavrada
recortadas e semeadas,
em quadros e curvas,
em todos os tons
de verdes e marrons,
clareavam  junto com o dia
e, de todos os lados e
do horizonte claro,
braços abertos
suspirando espera,
funda saudade,
me abraçavam
silenciosas...
Como se fossem um livro
mergulhei,
reencontrando
pedaços de história
ecoando em correria
com o minuano indiscreto
e com as lembranças
carregaditas
de tudo que foi e não foi
do que parecia mas não era
do que era e eu não reconheci...
com o que na luz ou no escuro
certo ou errado
vivi...
“Aurora precursora”,
volto pra casa
mas não fico!
Minha alma, ainda errante,
lá entre os morros,
o céu e o mar
busca compreender
seu maior
significante.


Teimosia



A vida não está para acontecer
a vida aconteceu.
Passou.
Não sei onde fiquei parada.
Gastei meus sonhos
num tempo de entrelinhas,
metáforas mal formuladas
versos e palavras escritas
mas não ditas.
Porém,
inexplicavelmente teimosa
a fênix, em cinzas,
na manhã que chega macia,
vai se reconstituindo
diante das nuvens
vestidas de cor-de-rosa,
dançarinas  adivinhas
de chuva, no céu
e, das gotículas
que se acumulam no parabrisa
e juntas,
córrego ágil e faceiro,
deslizam pela montanha russa
do vidro, da emoção,
chamando,
acarinhando e avivando
minhas esperanças
e minha respiração.

Sem amor?


Quando o amor se ausenta
(amor se ausenta?
tira férias?
descansa?
distrai-se?)
tudo fica sem graça
tropeçando nas dificuldades
enredando nos medos
e limitações.
Por isto,
o poeta do NT fala que
“sem amor, nada sou”
e outros poetas
no tempo 
e no espaço
vêm dizendo isto
com suas palavras...

O real e os fantasmas


Por vezes, o real assola, toma, invade com toda sua crueza e objetividade... esmagador. Para suportar ou vencer, parece que só endurecendo, ou fugindo, ou se entregando ou desistindo... Uma pegadinha! Da vida. Ela tem destas coisas... manda uns fantasmas assombrar nossa fragilidade! Fugir não resolve porque os desencontros são cada vez maiores e as distâncias cada vez mais intransponíveis; assim como a compreensão. Desistir, renunciar, melhor dizendo, por vezes, é o caminho, porque os enfrentamentos, no sentido de bater de frente, quase sempre, consomem energia,  não levam a lugar nenhum, porque somos egoístas e só vemos o nosso lado. Os enfrentamos esvaziam, enfraquecem. E, endurecer é muito duro! Vou aprendendo e me encontrando melhor, no entanto, na entrega.  Deixar penetrar bem fundo, até cair totalmente, para então começar um caminho de volta. Passo a passo, esquina por esquina; nó por nó. Vendo todos os lados. Na verdade, aprendendo a valorizar o meu lado. O do outro, estou sempre vendo e me enchendo de culpas. Suportar e ultrapassar a “pegadinha” “é que são elas”; é curar a doença! A doença instaura quando o olhar fica na superfície, quando o coração fixa no supérfluo e a mente interpreta equivocadamente. Aí dói. Quando a gente sai da superfície, fixa na essência e interpreta corretamente, afugenta os fantasmas (que na verdade, “eram de nada”) e o dia volta brilhar, com suas levezas e carinhos.


Soninho



Emoção especial esta de ninar um bebê... grande, profunda, doce, unificadora... Eu adoro! Sou mãe, sou avó. A pequena dorme e eu não penso outra coisa mais significativa do que observar e proteger seu sono. A fragilidade do ser humano dormindo é profundamente tocante; mais ainda, de um bebê! A fragilidade do bebê faz com que eu, adulta, sinta-me grande e forte; em responsabilidade e cumplicidade com o universo e com as divindades, cuidando de uma criaturinha sua... Dizem  que o sono é uma entrega (de confiança)  muito grande para uma espécie de morte... Mas eu sei que a qualquer momento, ela abrirá os olhos, vai me reconhecer e vou dizer a ela, como disse tantas vezes aos meus filhos (num tempo cronológico distante, mas recente na memória sensorial e dos afetos),  com meus olhos e minha voz: “estou aqui, fique tranqüila, minha querida”...


Criança


Todos os dias o sol nasce
a natureza se veste
de muitos coloridos!
Todos os dias
uma nova oportunidade
de bem viver
bem querer
ter bonitos encontros
criar, descobrir, aprender!
Produzir felicidade!
Aproveita os momentos
curte as amizades
vivendo bem
todas e cada uma das fases!
Agora, é ser CRIANÇA!
Receber cuidados,
brincar, estudar
sonhar, imaginar
correr, pular, dormir!
Acordar e outra vez
Aprender, pensar
sentir, cantar, rir e brincar!
Semear saúde!
Descobrir a arte, a beleza,
construir respeito, carinho
por ti e por tudo
que partilha espaço contigo
no universo, na natureza!

Tomar sol



Mais um dia amanhece.
O frescor da brisa
que vem da mata,
ainda escura,
delicioso e jovial
revigorante (!)
fala do novo
chama para brincar
subir nas árvores
deslizar pelas trilhas
juntar conchas...
ver bem longe
ver bem dentro!
O peso do velho
e do igual
em prontidão:
cansado,
de boné “em punho”
para cobrir  o sol.
Hoje não!
Hoje vou tomar sol!

Uma escola? O QUINTAL!



O  QUINTAL  está sempre florido!
Cada canto com um canto
florido de  sorrisos, conversas,
movimento, pinturas, cores,
cantoria, brincadeira...
Mãos e pernas
cabeças e corações
bocas e olhos...
de todos os tamanhos
todas as idades
inteiros e integrados
cheios, plenos
de singularidades...
O  QUINTAL  é um campo!
Um campo de terra fértil
que acolhe sementes delicadas
rega e cuida em cumplicidade
com o sol e a chuva,
o arco-íris e os Contos de fada,
as Letras e os Números,
as ciências e os afetos:
o tempo de processar
e o ritmo de caminhar!
E depois se enternece,
vendo desabrochar
no deslizar das manhãs
e tardes laboriosas,
entre risos, choros,
resistências e afagos:
a beleza singular de cada um!
Cada um,
um sujeito forte e belo
no seu limite e
no seu potencial;
incomparável a qualquer outro.
Único!
Desabrochando
no seu lugar ao sol!
E neste lugar,
se organizando,
pensando e criando
hipóteses e arte!
Curiosando a vida
buscando respostas!
Articulando a palavra
e a ação;
estabelecendo laços,
estendendo as mãos!
O QUINTAL é paciente
acompanha e não prende
olha, ampara e acredita
na semente potencial de cada um
e encaminha pra vida!
A vida real
de trabalho
de escolhas
solidariedade;
de luta e persistência
escuta e de
olhar atento!
Olhar que olha e vê!
Olha e se implica
olha e se coloca
olha e valora;
olha e dignifica!
Olha, respeita e produz!
Assim é o  QUINTAL 
um canteiro
cotidiano de
de muito labor,
exercício de amor,
colheita de flor
de todo aroma
e de toda cor
(QM de  BC - SC)


Minha foto
2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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