Mães


Coisa mais linda o livro “Se as coisas fossem mães”, da Silvia Orthof! De uma delicadeza sem par. Cada vez, algo diferente, uma compreensão maior ou melhor. Atiça a imaginação como  fogo! Os alunos viajam e eu também... e imagino que Se as palavras fossem mães, seriam mães poetas, o tempo todo enlaçando os filhos com significantes curativos e esperançosos... Se os abraços fossem mães, seriam mães acolhedoras e boas ouvintes e  ninguém ficaria abandonado; nem a solidão,  rancor, tristeza ou maldade teriam espaço para crescer nos corações.

De repente...


De repente
perdi a paciência.
Por momentos
agonizei e morri
colocada num lugar
que não é meu.
Cancei de
envelhecer preocupações
e repetições;
justificar ante
interpretações equivocadas,
melindres e expectativas
alheias e desbotadas.
Ah! Descompromisso!
Tempo sem tempo,
hora sem hora
viajando em arco-íris
brilhantes e coloridos
entre o céu e a terra...
E por trilhas maravilhosas
de horizontes desconhecidos
ou lá da montanha quase esquecida
mágica, sussurrante!


Emergir


Passeavam
na solidão da madrugada;
no céu,  a lua
eu, na insônia.
Encontro.
Essências e
intensidades
cúmplices e silenciosas
no seu fazer,
ela de provocar
inspirar.
Eu,  sentir
escrever.
Hoje sorriu
solidária.
Sabia que eu voltaria,
que o encanto
não morreu!
Represado
entre entulhos,
emerge, frágil
feridas abertas
mas ainda
apaixonado!

Mergulho


Mergulhar
e pegar um peixe!
Era o tudo
na manhã
transbordando
azul
e luz.

Celebração!


Balões, arco-iris,
gelatinas coloridas
bate palminhas!
Emoção, alegria!
Há exatamente 1 ano
vimos, pela primeira vez
o rostinho doce da Maria!
Engatinhando de lá pra cá
sorrindo, olha só!
Esconde-esconde
pela casa inteira,
cansando a vovó!
Quanta coisa!
Ah!  A flor!
Oh! O au-au!
Pipi!!! A Pã!!!!
Historinhas...
“Menina bonita
do laço de fita”,
"O   mágico  de Oz"...
- “Sai daí bruxa feia”!
Princesas e coelhinhas!
É Maria crescendo
olhar curioso
cheio de brilho,
encantamento, vida!
Feliz aniversário,
querida! 
                 1981: Lilian (1o aninho) papai Antonio e mamãe Maisa

                     2012: Lilian grávida de Maria Margor, segurando seu vestidinho de 1o ano e a mãe Maisa

                        2013: Maria Margot (1o aninho, com o mesmo vestidinho da mamãe) papai Leco e mamãe Lilian

Jeitos do afeto


O afeto, o amor faz demandas duras, por vezes. Em alguns momentos a gente precisa externar estes sentimentos com firmeza e não com doçura, como parecem sugerir. Pensei nisto, novamente, hoje, ajudando segurar e imobilizar minha neta, para que pudessem coletar seu sangue, para exames de rotina, agora que completa 1 aninho. Foi duro ouvir seu chorinho, os olhinhos fitando a mim e a sua mãe, interrogando sobre esta atitude nossa, sobre esta dor que assistíamos ela passar. Como se nos perguntasse: o que está acontecendo? Por que estão ajudando estas pessoas me “judiarem”? Naqueles momentos, um filme passou. Lembrei das inúmeras vezes em que passei por esta mesma cena: em hospitais, em ambulatórios, em laboratórios; quando meus filhos eram pequenos e nas vezes (raras) em que tive que, às pressas, levar ao pronto socorro, alunos por algum acidente ocorrido na escola e ficar ali, neste papel de “sustentar a dor” (para um curativo mais profundo;  uma anestesia para fazer pontos) necessária, até a chegada dos pais. Quanto a gente precisa ser forte nesta vida! Como o desejo de proteger, de minimizar ou livrar da dor, o próximo, é intensa! Como dói a impotência diante do sofrimento de um filho, de um ser que a gente ama! A maturidade nos presenteia com descobertas importantes: o verdadeiro amor é consciente; feito de afeto e limite. Às vezes o  amor mais verdadeiro e genuíno está expresso num “não” e o mais absoluto abandono, num “sim”. E o “menos” é “mais”. E o demais banaliza.  E a falta enriquece. Respeitar é bonito, mas dói. Deixar a porta aberta é o melhor presente: para ir e para voltar. Sentar e conversar. Sustentar e suportar choro e riso.  Acolher e silenciar. 

Para que o sonho não acabe...



Para Maria, 
nossa pequenina "Dorothy": 
História em versos...
Para que o sonho  de encontrar,  além do arco-íris um lugar sem maldade, só de alegria, continue sendo alimentado, sonhado e, quem sabe encontrado!
                                      Da vovó! 


História encantadora,
cheia de emoção e
belas melodias
é esta: “O Maravilhoso Feiticeiro de Oz”!
A pequena Dorothy
numa fazenda, em Kansas vivia;
sonhava encontrar um lugar,
além do arco-iris,
sem maldade, só de alegria!
               
Numa tempestade, 
desaparece seu amigo
um cãozinho levado.
Quando o encontra, ofegante
a casinha, que servia de abrigo
é levada por um tornado,
a Oz, uma terra distante.

Eles caem bem em cima
de uma bruxa má
matando-a, que azar!
Mas os moradores vibram!.
Dorothy descobre
que para sair de lá,
o Feiticeiro de Oz
precisa encontrar.

Pega os sapatinhos  de rubi
da bruxa feia e malvada
e sai à procura do mágico
pela estrada amarela, quadriculada.

Encontra, num campo dourado
um espantalho descontente
humilhado pelo corvo debochado
por não ser inteligente

Um pouco mais para o lado
imobilizado, sem ação
um homem de lata, enferrujado
sonhando com um coração.

Rugindo, vem o rei da selva, fazendo alarde,
a cara de mau provocando confusão!
Mas isto era só disfarce do covarde!
Na verdade, era muito doce o leão!

Eles seguem a menina;
até o feiticeiro escondido
lá na cidade verde: Esmeralda.
Cada um tem um pedido
mas antes de mais nada
recebem a missão de  destruir
outra bruxa malvada!

E eles resolvem com louvor!
O Mágico, bom na ilusão
(na verdade um enganador,
que também não era dali),
a todos vem atender:
ao homem de lata, dá um relógio
em forma de coração
ao  espantalho, um diploma de saber;
e uma medalha de bravura, ao leão!

Para ele e Dorothy
constrói um balão!
Porém, foge novamente o cãozinho!
Ela e os amigos vão procurá-lo
e o mágico parte sozinho.
Encontram o cão e uma boa bruxa
que o segredo vai  falando:
os sapatinhos vermelhos
são mágicos! Puxa!
Vão levá-la para casa, voando,!
Assim, Dorothy volta feliz, a cantar:
"Não há lugar como o nosso lar!".

Desertos no cotidiano


            Imagem da internet

O deserto da dor
é longo, árido;
maltrata e alucina
povoado de fantasmas,
ilusionistas,
armadilhas sutis
que atordoam
e atormentam a
alma, quando
está desavisada.
Benditos oásis!
Quando os verdes
e o sol
enchem tudo de luz!
E tudo, por um momento,
canta! E a alma se reencontra!
Se reconhece!
Se deleita com a beleza,
com o bem!
Respira. Fortalece. Apazigua.
Desertos e suas criaturas
cumprem seu papel.
A alma aprende.
A dor treina o amor.


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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