Sol


De repente,
o SOL
deve estar nascendo, aí,
no horizonte fecundo,
sob os olhos
do primeiro olhar:
poeta da manhã!
Tomara!
Ai! Saudade do sol!
Da  luz;
de sentir
o seu calorzinho;
ver seus reflexos
e  brilho
na água,
nos verdes,
nas criaturas...

Nossos lados

A chuva mansa
acarinha com cuidado
o solo
e a Primavera
que chegou ontem,
cheia de bagagens
e projetos, ainda em
botão ou no ventre...
Na serenata da madrugada
cantou minha nota chave,
abriu minha fortaleza...
Que encontro comigo mesma!
Produziu quietude
deu voz às coisas de dentro...
que não falam;
sussurram, recitam!
Deixou-me pensando
neste cuidado,
que nem sempre
dou conta de ter
e que  poucos têm,
com a bagagem
e com os ouvidos
do outro.
Então amanheceu
e  vieram os
trovões, relâmpagos
fazendo barulho!
E a enxurrada...
deixando sulcos na terra,
botões sem futuro
verdes caídos
perfumes extraviados...
A impulsividade
marcando sem  pensar...
O casal de tucanos,
no galho que não alcanço,
contempla e espera...
Depois da explosão,
saciada e de súbito:
a chuva para!
Um silêncio fundo
ecoa na floresta...
- Ah! O que foi
esta  destemperança?
O casal voa.
Folhas cansadas,
deslizam os excessos:
gotas coloridas
que se desprendem
sem pressa, atentas...
Quem viu? Escutou?
Aprendeu?
Quem vai olhar,
curar as feridas?
Assim, também,
os nossos lados:
extremados.

Pequena ou grande?


Faceira
cheia de graça...
Irmã formiga
vai e vem
destemida!
No seu mundo
sem estrelismos
vai, quase desapercebida,
feliz, cumprindo sua sina!
O que é grande,
o que é pequeno,
forte e fraco?
Muito e pouco?
Ah! Querida!
Nem sabe
mas, capturando
meu olhar
libertou-me de
tantas certezas,
que corro o risco de
estar mais leve
e atrevida,
carregando
minhas preciosidades!


O aulão e a escada


Aula no sábado!  Coisa rara, mas um exercício que fazemos, de quando em quando, na escola. Observo meus alunos, animados, falantes, trabalhando; sem desconforto ou chateação. Não vieram todos; mas os presentes, aproveitam!
Antigamente, ou seja, no meu tempo, não tínhamos uma agenda cheias de afazeres e  eram normais as aulas aos sábados! Assim como as férias longas, três meses: Dezembro, Janeiro e Fevereiro. A gente não enjoava de tanto brincar, passear pela casa dos parentes e de ficar à toa, de bobeira, nas tardes quentes do verão!!! Piscina, televisão e praia eram jóias raras e preciosas.  Privilégio de poucos. Mas a gente tinha tanta outra coisa para fazer, inventar!
Eu sempre passava uns dias na casa da tia Olga! Adorava! Recebia todos os mimos e ainda havia os discos e a vitrola, que a tia deixava eu mexericar e ouvir! Eram sempre os mesmos, mas que mal tinha; o que a gente gosta não cansa de repetir: eram trilhas sonoras de filmes famosos sobre o “velho oeste”! E havia, ainda, as “Selecções do Reader's Digest”; que eu amava! Lia e relia a cada período de férias. Meu mundo se abria! 
E o melhor: a escada lá de casa! Lugar onde eu me debruçava, via, percebia e interpretava o mundo. “Lagarteava” na escada, comigo mesma e aprendia sobre singularidade e sobre solidão preenchida. Eu lia. E a cada frase, refletia, intervalando minhas emoções. Eu escrevia; cada dia mais apaixonada por este encontro de letras, palavras e emoções! Lembro com exatidão do formato das nuvens; do “chorão alemão que foi crescendo e florindo, junto comigo; do contorno das árvores ao redor e dos pássaros recortando o céu. Ali nasceu meu fascínio pelas pessoas e meu encanto pelas diferenças e semelhanças, observando o que se passava e passava pela rua e ao redor de mim... aprendi a me colocar no lugar do outro, tentando adivinhar seu destino, interpretar seu ritmo, ler sua história  na expressão do olhar, postura... Ali chorei minhas inquietudes, minhas emoções, minhas bobeiras e frustrações na passagem da infância para a adolescência e desta, para a juventude... Acho que foi ali, que me descobri, finalmente, ser diferenciado e autônomo; contatando com minha solidão indecifrável e com minha amiga inseparável: a escrita. 
Que ponte foi esta que se estabeleceu entre o aulão de hoje  e a escada de tantos ontens? 
Deve ser por causa desta sensação prazerosa, que a despeito de tudo, sinto, na realização do meu trabalho, parceiro irremediável da leitura e da escrita. A vovó de hoje, continua se encontrando, encantando e apaixonando pelas letras, palavras e pelo que observa fora de si, como a menina de ontem. Eu sou aquela garota e não me separei da minha essência: eu a reencontro todos os dias e acredito que crescemos, nos humanizamos e embelezamos!

Ijuí

Parabéns IJUÍ, pelo seu dia!
Gosto de voltar e rever!
Andar pelas ruas
reencontrando com 
o conhecido
e me surpreendendo!
Tanto com o novo,
transformações bonitas 
do tempo e da ação do homem;
quanto com aquilo que não muda,
apenas se organiza de outro jeito
ou se perpetua do mesmo jeito.
Amo! Sou filha! Amo e respeito!
Amo e guardo vivências,
aprendizados e valores...
Amo e torço para cresça, prospere,
produza muitos bens para o BEM
dos seus filhos
e que estes filhos sejam 
e produzam BEM para 
a comunidade
o país
o planeta!
Ali, ou em qualquer lugar 
onde estejam, 
neste mundão
de meu Deus,
PARABÉNS   IJUIENSES!!!!

Professora


Há algum tempo,
o silêncio acena,
ganha espaço
cada vez mais próximo.
Me presenteia com asas!
E viajo pelos
compartimentos
dentro de mim;
acarinhando
registros deste
meu agridoce ofício;
presente nos
meus guardados:
nos olhos,
ouvidos,
meu coração impulsivo!
Eu, profe mocinha,
profe  mamãe
e agora, profe vovó!
Guardados em baús, caixas,
envelopes, potinhos
máquina do tempo, bilhetinhos...
E me comovo!
Um longo cotidiano...
Uma roda!
Uma dança!
Amo a roda!
Entre grandes
e pequenos;
os bem nutridos
e os sofridos;
do centro e da periferia.
Ideal, luta,
greve, estudo, poesia.
Lembro de tudo!
Dos olhos e das falas;
do que pude e não pude;
da solidão, dor e dureza
e de todo encantamento,
sonho, encontro, injustiça,
troca e sutileza!
O silêncio me fala
desta teimosia amorosa:
permanecer por acreditar!
Aprender esperanças,
sonhar futuros
caminhar junto!
Me apaixonar
sempre e novamente!
Pés no chão.
Coração alado,
em escarcéu!

A essência da Feira
















O silêncio
aprofunda,
esclarece,
fortalece,
organiza.
Mergulhei no silêncio
das salas
antes do burburinho.
Fotografei  a beleza plástica,
para comprovar depois:
- eu vi isto!
E no silêncio,
capturei as sutilezas
de cada traço.
Reverenciei
tudo que estava ali!
Tinham alma!
Então, eu não tive palavras!
Me fiz silêncio
e escutei singularidades
que elevaram meu coração
que chorou e cantou:
- sei  o porquê estou aqui!

Alternâncias e continuidade

O  tempo
traz  o  dia  e
traz  a  noite!
A  chuva
o  frio  e  o  calor!
Alterna  primaveras
com  desafios,
retrocessos,
trabalho, abraços  e  dor!
O  tempo  traz
novidades
avanços,
preocupações
e  saudades!
O  tempo  aproxima
e  afasta...
Entre  o  ontem,
hoje  e  o  amanhã,
o  bebê  vira  vovô,
a  lagarta, borboleta,
o  sonho  realidade
e  o  aprendizado: amor!






Árvore genealógica

“Passa  tempo
tic – tac
tic –tac
passa, hora.”...
O  tempo  passa
a  vida
se  renova
e  suas  criaturas,
cada  uma  com
sua  singularidade
seu  tempo
e  seu  ciclo,
também!
Somos  semente
e  bebê,
criança
jovem,
adulto,
idoso
e  nova  semente
no  filho,
no  neto,  bisneto...
Numa  história  sem  fim...
Linda  árvore!
Gerações  e  gerações
de  frutos! Belos  frutos!
Que  precisam  de  cuidados
e  muito  amor!





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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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