Bailarina


    Gatineau,  Canadá -
   Mosaïcanada  mosaicultura: a arte de criar desenhos e esculturas com flores e plantas  variadas. 

Bailarina!
Com o vento
gira no movimento;
com a música
revira sentimentos!
Equilibra peso,
palavra na ponta da língua
desconforto na ponta do pé.
Baila alinhada,
comportada;
nada fora do lugar,
nenhunzinho "cabeloflor" sequer.
É flor bailarina!
Dança, gira,
revira, equilibra
e revela 
sensibilidade
 talento,
 amor
à música,
à dança
à natureza mulher,
à vida:
esta borboleta dançante
em metamorfose constante,
despetalando-se
cotidianamente em flor:
bem-me-quer
malmequer...


Maternagem em flor



Parque Jacques Cartier, em Gatineau, Quebéc, Canadá

O outono iniciava
mas foi um restinho de primavera
que festejou em meus olhos,
aquecendo a manhã geladinha:
uma explosão de flores!
Não em canteiros;
mas em esculturas!
Esculturas de flores!
De repente, a vida descansou,
meu olhar quedou
o joelho dobrou...
- “É a Te Fiti, vovó!” – diria Margot...
Do meu mais íntimo
brotou um soluço
que, incontido,
virou correnteza
de emoção, de lágrima...
Era ela, sim!
Plasmada em flores,
bela! Sorrindo para mim!
O eterno feminino!
A Grande Mãe Natureza!
Doce! De olhos cerrados
vasculhando minha alma,
com uma delicadeza de doer...
Mãe amorosa!
        Grande Mãe!
        Provendo com amanheceres,
sol, água, possibilidades!
Com a fertilidade da terra,
com os talentos individuais,
com as singularidades!
Me deixei envolver,
abraçar e ali ficar...
entregue e esquecida de mim;
mergulhada nesta maternagem
que me liga aqui, lá e a ti!
Ai que cansaço,
irmãos de ventre,
que me deu ali!
Das querelas,
das injustiças,
do medo,
das asperezas e engodos.
Depois do cansaço,
o silêncio do vazio...
Ali, então, ela semeou!
E, de lá para cá
meu desejo é sair por aí
esculpindo, com abraços,
um sem fim de belezuras !



Resgate surpreendente


       


                   Não sei dizer quantas vezes isto já se repetiu, aqui, em frente de casa: o abandono de animais, gatos e cachorros recém nascidos ou com poucos dias de vida. Já salvamos a vida de muitos. Adotamos alguns e encaminhamos outros, depois de cuidados, a lares e abrigos. Não temos condições de ficar com todos que aparecem. É muito triste este descarte. Covarde.

        No sábado passado,  apareceram dois gatinhos pretos, bebezinhos. Um, bastante ativo e chorão; outro, tranquilo e dorminhoco.
        Trouxemos para dentro de casa; demos leitinho com conta-gotas, acarinhamos e aplicamos “reikinho”, como diz a netinha Maria Margot. A primeira noite não foi nada boa. O Chorão não sossegou. Mas seguimos a rotina, alimentando, cuidando.
        A segunda-feira amanheceu com os miados de uma gata adulta, pelas redondezas. A suspeita foi a de que era a mãe dos gatinhos, procurando por eles!  Mais tarde, chegou a notícia de que também havia um gatinho abandonado, miando embaixo da rampa, na escola, ao lado de nossa casa... e que quando foram resgatá-lo, não o encontraram mais.  A hipótese era a de que a mãe viera buscá-lo. Será?!
        Acendeu uma esperança! Se fora isto, então era provável que a gata viesse em busca dos que estavam conosco. Retiramos os gatinhos de dentro de casa e os deixamos à vista, no quintal, dentro de uma caixa. Ficamos escondidos, vigiando. Eu tinha preocupação; moramos no abraço de uma floresta; outros animais poderiam vir atacar os pequeninos... felizmente, isto não aconteceu!
        Na segunda, à tarde, a mãe apareceu! Também preta. Ela entrou em nosso quintal e miava desesperadamente; mas não aproximou-se dos filhotes. Foi embora. Naquela noite, depois de alimentá-los, nos arriscamos deixar os dois filhotinhos fora de casa; acreditando que a gata só viria pegá-los se não estivéssemos perto. Dormi pouco, apreensiva, escutando o Chorão.
        Logo cedo, na terça,  vimos que um deles, o Tranquilo, não estava na caixa!  E que o Chorão, chorava ainda mais desconsolado! Que barbaridade! Mas por que a gata não levara os dois filhotes? Durante o resto do dia, o Chorão ganhou muito colinho, “reikinho”, papinha e cuidados especiais de todo mundo. Aquietou um pouco. À noite, resolvemos dar uma última chance à gata mãe e deixamos, novamente o Chorão do lado de fora, na caixinha... Perto da meia noite, não escutando mais os miados,  fomos averiguar... ele não estava mais na caixa! Então ela viera!!!! A mãe gata! Linda! Veio atrás e fez o resgate dos filhotes perdidos!!!! Demais!!!
        Que coisa! O que teria acontecido? Os vizinhos próximos não sabiam do que se tratava. De onde vieram os gatinhos? Quem tentou separar esta mãe e seus filhotes? E como esta gata veio atrás? Que amor e grande paciência moveu esta mãe para resgatar os filhos!!! Haveria outros gatinhos espalhados pelas redondezas? Mas, e se não foi a gata, quem pegou os filhotes? Por vezes este pensamento me assalta... porém as evidências apontam para o resgate e meu coração, apesar do “batalhar das antíteses”, lá na mente, está sossegado!
        E eu gosto de imaginar esta “mãezona”, heroína, solitária e enlouquecida de dor... mas corajosa! Procurando suas crias... investigando cada canto, cada cheiro, cada miado... desafiando obstáculos; enfrentando a maldade e a má vontade humana; virando “mundos e fundos” para recuperar seus filhotes! Para estar com seus filhotes, apesar da adversidade e daqueles que se julgaram no direito de separá-los!!!! Já estávamos nos apegando aos gatinhos, fazendo planos para integrá-los aos nossos outros gatos... mas nada pode ser melhor para eles do que estar com sua mãe! Ainda mais uma mãe destas! Vida longa ao Chorão, ao Tranquilo e sua mãe guerreira!

      


Minha foto
2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

Arquivo do blog