Asfalto

Sob o asfalto,
a terra agoniza;
sem ar,
sem sol,
sem verdejar
sem frutificar.
Escuto seu lamento.
Agora escuto.
De repente, vejo
num curto e rasteiro
lampejo.
O asfalto
amordaçou
pedaços de vida.
A urgência de caminhos,
a rapidez,
a praticidade
e a comodidade
conquistadas,
sufocaram
ânsia de sentimentos,
liberdade de pensamentos
e carência de movimentos.
O asfalto
acinzentou caminhos,
avançou calçadas,
subiu morros,
interligou o mundo
e fabricou outros muros.
As distâncias, agora,
são outras.

 


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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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