Antes do silêncio

       
      Hotel Vale das Pedras - Jaraguá do Sul- SC
         
         O deck do hotel estava silencioso e iluminado pela luz suave do dia que amanhecia. Poltronas, puffs, bancos dormiam e sonhavam com a festa, conversas, risos, encontros, esperas, expectativas e descansos do dia anterior; antes do silêncio.
        Assim silenciosos, também estão o quintal; a árvore majestosa e acolhedora,  as salas de aula, os corredores, os balanços, o palco, a caixa de areia; as varandas e a mata toda, ao redor; aguardando, em doce expectativa, que a alegria barulhenta, numa onda colorida e espiralada, atravesse e rompa a quietude instaurada.
Antes do silêncio, tinha música.  E a música convidou para a dança, para o jogo, o movimento ritmado, livre e inteiro do corpo. Antes do silêncio aconteceu um desencontro, que depois de uma conversa, acabou num abraço. Antes do silêncio houve distração, banalização de tantas coisas sérias; que depois foram redescobertas e valoradas. Antes do silêncio, houve uma espera, longa e espinhosa, que acabou num brilho de olho de mãos dadas com a alegria! Antes do silêncio aconteceram combinados; segredos partilhados; planos idealizados. Lágrimas rolaram; medos cresceram, inseguranças sanaram e belas ideias germinaram.  Antes do silêncio, a vida palpitava,  urgente,  vibrante,  impulsiva  e  amorosa!  A criançada brincava, reclamava, exigia, confiava e adormecia no ombro da gente... e, de repente cresceu! Antes do silêncio.
O silêncio é agora. Quando todos se foram e deixaram ali a saudade... E a saudade fala de cada um e destes jeitos diferentes e especiais de cada um. A saudade fala do carinho construído; do respeito conquistado. A saudade fala do que foi possível e do que não pode ser concretizado; das limitações e impotência diante do inusitado. A saudade fala das pequenas coisas vividas e que não pareciam importantes e que agora se percebe: eram essenciais.
         O silêncio, agora, fala disto que o coração está cheio e na memória dos sentidos, armazenado; disto que ficou de antes do silêncio, quando foi gestado no vivido esperado e  no inesperado: só benquerer!
        É o benquerer que fica, agora, no silêncio das ausências, das distâncias, das separações,  das despedidas e da saudade; alimentando os dias  e motivando novas auroras, novos horizontes, novas caminhadas.





 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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