A praça, a aula e "livros à mancheia"



   Um dia, pelos idos de 1870, Castro Alves poetou: A praça! A praça é do povo, como o céu é do condor”!
Hoje, novamente, eu estive na praça; eu povo, eu cidadã, eu professora, eu mulher, mãe, avó, na Praça da República! Bem ali, onde, em anos longínquos, estive muitas e muitas vezes organizada com meus pares; erguendo voz e bandeira, com respeito e educação, pelo direito e respeito à educação.  
Neste breve retorno à Ijuí, RS, agora, não planejara, mas este reencontro político e amoroso, na praça, em torno da educação aconteceu e fiquei feliz!!! Não sou mais aquela jovem e idealista professora. Agora sou uma senhora professora aposentada... mas ainda vibro! Ainda idealista! Ainda apaixonada por este fazer trabalhoso que valoro profundamente! Eu e tantos! Por isto, tenho coisas a dizer! Partilhar! Defender! Coisas a escutar, conversar! A luta continua. O trabalho continua. O estudo continua. É incessante.
Gostei e vibrei muito, todo tempo em que estive ali, na "praça do povo", na manhã cinzenta e friorenta, vendo e ouvindo professores e alunos. Um grupo significativo, não pela quantidade, mas por estar ali. Vi paixão nos discursos acalorados dos jovens! Vi serenidade e maturidade nos discursos aprofundados e tranquilos dos mais velhos: “a conscientização precisa passar pela reflexão”. Isto demanda paciência e tempo. Por isto o valor da História, da Sociologia, da Filosofia; do ensinar\aprender\exercitar pensamento e leitura: a dos livros, a da realidade passada e presente e a do outro. Por isto o valor do observar, questionar, investigar, refletir, analisar, associar, estudar, trocar. Aquele que pensa, reflete; não “engole”, simples e passivamente o que escuta, seja de A, B ou C. Há muita gente “pegando” frases, pensamentos aqui e ali e defendendo, apontando como verdades ou mentiras, espalhando sem ir a fundo, sem conhecer de fato. Muita gente falando de educação sem ser\entender\trabalhar com educação. E o assunto é sério! Seríssimo! Educação é base. Requer cuidado, carinho, respeito. Dar escuta e valor a quem entende, estuda, pesquisa.
Lembrei de outros versos do mesmo poeta: “Oh! Bendito o que semeia livros, livros à mancheia e manda o povo pensar”... E, esperançosa e grata pelo (re)encontro cívico; por esta aula na praça, atravessei a rua, entrei na livraria e comprei! Comprei “armas”, as mais sofisticadas e poderosas: os livros! Comprei livros! Livros para mim, para minha neta, para meus alunos!

Ler! Ler e pensar! E cabeça pensante, investigante e coração pulsante, sem medo, fortalecer: vontade de trabalhar, desejo de aprender e fazer melhor, justeza, bem comum, cidadania; educação de qualidade para todos: visíveis e “invisibilizados”; benquerer, respeito às conquistas do povo; respeito à vida, às diferenças e à liberdade.

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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