Investigação noturna

         


    Irresistível este amor bandido do gambá pelas galinhas, especialmente pela Brigite! Ela vem sobrevivendo a ele, ao contrário da Magali, Lola e Chochô; que lutaram, é verdade, mas sucumbiram. Brigite foi a primeira que chegou ao galinheiro e pelo jeito, será a última. Sobrevivendo, ela se fortalece, mas percebo que está cansada. De lutar e de ficar sozinha. Sente falta das companheiras e da companhia.
         O ataque, à noite passada, foi terrível. Acordamos com o seu cacarejar forte, desesperador! Era lá do outro lado da casa, mas parecia que estava ali, ao nosso lado. Ela tinha certeza que ouviríamos! Confiança construída.
O vovô saltou, impulsivamente da cama, sem colocar agasalho e calçados nos pés. Atravessou o escuro e se jogou no frio da noite, para dentro do galinheiro, de uma altura de 1,50 cm... Considerável, no escuro. Embora conhecesse o terreno, como a palma da mão; a emoção poderia atrapalhar suas percepções... Mas ele foi preciso!
         O gambá estava com “a boca na botija”. O embate foi épico! Isto testemunharam as bananeiras, o coqueiro, o vento, as roupas no varal, em cima do galinheiro e a vítima, encolhida, paralisada junto à cerca. O “herói” sexagenário e vencedor, após alguns minutos, emergiu das sobras da noite... Teve  misericórdia para com o agressor vencido, afugentando-o para dentro da mata. E encaminhou Brigite, sã e salva, aos seus “aposentos”, dentro do galinheiro. Ela tremia, apavorada! Ele limpou-se e, tranquilamente, voltou para o sono interrompido.
         Quando o dia clareou o cenário, vimos os estragos: penas para todo lado e a Brigite... Ops!!! Sem rabo! O gambá arrancara o seu rabo de penas!!!! Oh! Que lástima! Era tão lindo!!!!
         A notícia espalhou... houveram comentários entre os familiares, via internet e uma visita, pela manhã. À noite, a pequena chegou, lupa em punho; muito séria:
         - “Vamos investigar, vovô! Vamos achar o rastro deste gambá e falar com ele”!
         - Se vocês o encontrarem, o que vai fazer? – curiosa, esta vó!
         - “Vou dizer pra ele: - Pare de pegar nossas galinhas! E vou perguntar por que ele tirou o rabo de penas da Brigite! Olha só... agora ela ficou sem rabinho e está com frio, coitadinha! ... Vovó! Vovó! Vovó!!!! Acho que eu sei por que ele pegou o rabo de penas”!!!
         - É? ... Por quê?
         - “É porque ele tem um rabo muito feio! Acho que queria enfeitar com as penas da Brigite”!
         Detalhes acertados, os dois detetives mergulharam na noite fria, atrás do gambá; de bota, toca, cachecol, chapéu, casacos e muita coragem. Para iluminar suas intenções, a lanterninha antiga...
         Uma eternidade depois, retornaram. Serviço feito mas não feito.
         - “Não encontramos o gambá, vovó! Estava muito escuro. Muito frio. Acho que ele não vai sair de casa, hoje... Mas eu falei pra Brigite: - se ele aparecer, grita que a gente vem te salvar”! Hoje eu estou aqui e vou ajudar!
         Depois, preparando-se para dormir, numa conversa “entre meninas”:
         - Você foi muito corajosa andando lá fora, atrás do gambá... mas também... com estas botas!
       -  “É ... a gente investigou bastante... mas eu não caminhei, vovó, eu fiquei no colo do vovô!





 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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