Construção


     

   Um dia distante, com mais árvores, menos asfalto e condomínios; um grupo de alunos, crianças de 4 e 5 anos, subia e explorava o morro, em frente à escola. No topo, depois de suada e aventureira caminhada, um menino contemplou longamente o horizonte, cheio de verdes e o vale, lá em baixo, com meia dúzia de casinhas... chamou o seu amigo e com seriedade, segredou:
- “Puxa, Marco Aurélio! Olha só... como o Brasil é grande!”
Num dia destes, bem atual; com muita floresta dizimada, passarada extraviada; estrada asfaltada, cheia de perigos e pardais robotizados; uma vovó atravessou a fronteira de um estado para o outro (SC\RS), por uns dias. A netinha, já no dia seguinte, ligou:
- “Vovó, por que você viajou? Quando você vai voltar?... Vovó, você pode voltar para o Brasil? Olha só... quando você quiser, você pode voltar para o Brasil, viu, vovó!!!!”
Eu adoro isto! Esta beleza! Este olhar profundo e encantado que se debruça sobre a vida, observa, investiga e vai organizando as informações, percepções, conceitos, valores... devagarinho e com uma espontaneidade e lógica comovente e desconcertante!

E eu me preocupo com isto! Com os modelos, os exemplos, as intervenções, a pressa, o desrespeito, a impaciência, a ignorância, o egoísmo e a arrogância adulta diante do tempo de construção dos pequenos e dos diferentes.






 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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