Capivara

       

     Assistia um filme... Era madrugada, umas 03h00, mais ou menos... de repente, um barulhão lá fora! Num primeiro momento, não dei muita importância, porque de quando em quando, acontece que as folhas das palmeiras caem e fazem barulho... Algo, porém, não estava de acordo; o barulho, desta vez, não era nada semelhante ao costumeiro. Fui espiar e vislumbrei, dentro da piscina, lá embaixo, algo enorme, movendo-se de lá para cá!
        Então fiquei assustada! Nisto, meu marido, que acordara com o barulhão, também observava o movimento na piscina:  
        - É um cachorro! – afirmou.
     Tranquilo, ele desceu. Eu fiquei observando e pensando em como iríamos tirar aquele cachorro enorme de dentro da piscina... Já pegamos gatos, gambás... animaizinhos pequenos que, acidentalmente caem na água; mas um cachorrão daquele tamanho, não!
        - Talvez tenhamos que chamar os bombeiros ou o pessoal do IBAMA! – falei, sem pensar.
        As árvores e as sombras da noite impediam uma boa visibilidade e não consegui acompanhar todos os movimentos lá embaixo... Não avistei mais o animal dentro da piscina e nem o meu marido! Eu estava curiosíssima! Aparentemente estava tudo calmo, mas não me atrevia a descer...
        Mais alguns minutos e meu marido retornou, rindo!
        - Não era um cachorro! Era uma capivara! – disse.
       Quando ele chegara lá embaixo, o animal já tinha conseguido sair da piscina e ficara por ali, parado, encarando o Toninho com tranquilidade, sem um pingo de assustamento ou constrangimento! Depois, calmamente, a sra ou o sr capivara desceu as escadas e jogou-se no laguinho; ficando somente com a cabeça de fora, curtindo e ainda encarando firmemente o dona da casa... Logo em seguida, sem despedidas, sumiu nas águas.
        O Toninho, meu marido, não sabendo o que fazer, abriu o portão da frente de casa...
        - Deixei o portão aberto para o caso da capivara sair do lago e querer voltar para a casa dela... – justificou e voltou a dormir.
        Eu perdi o final do filme que assistia e não dormi assim tão fácil, pensando na visitante e em como seriam as coisas se ela não quisesse ir embora...
      Na manhã seguinte, nem sinal da capivara! Concluímos, seguindo as marcas de suas patas, que ela tinha ido embora, sim; mas que não saíra pelo portão, não!  Voltara por onde entrara, por um vão na cerca que separa nossa casa da mata, ao redor. Toninho, então, consertou a cerca.
        Há algum tempo estamos observando o aparecimento de aves e outros animais estranhos ao nosso contexto. Acreditamos que estão vindo em busca de alimento e de um lugar seguro para ficar... isto sinaliza o quanto não estão bem, as coisas, no nosso meio ambiente. É triste.

        Isto aconteceu há poucos dias e eu continuo pensando no que aconteceria se ela não tivesse ido embora ou se voltasse, sozinha ou trazendo amigos e filhotes... como seria nossa convivência por aqui: família, gatos, lagartos, gambás, peixes e a capivara...

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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