Lendo o mundo por aí...

  



        Embaixo do parreiral, um mundo maravilhoso de tipos, cores, formas, cheiros e cuidados. O vovô, patriarca que deu início ao parreiral, ia mostrando os tipos de uva ali cultivados. Ele sabia qual já estava no ponto para colher e degustar! Mostrava, com orgulho, toda a organização do lugar para cultivar as uvas com segurança: a colocação das estruturas da estufa para cobrir e proteger cada canteiro; os canais de irrigação para garantir a água necessária; a limpeza do local para facilitar a locomoção e visitação; a necessidade de todos os dias supervisionar o parreiral, para não deixar que nada aconteça com os cachos... Cada canteiro, uma espécie que ele apresentava com admiração. Houve uma, em especial, que chamou a minha atenção: a uva bananinha! Grãos verdes, compridos, parecendo uma banana pequenina! Doces. Eu nunca tinha visto e fiquei encantada com o formato e o tamanho! Gente! Cachos compridos, pesados... incrível que a parreira possa sustentá-los! O vovô fez questão de mostrar-me algo raro que ali acontecera. Fomos até o canteiro de uma espécie de uva rosé, com cachos bonitos, grãos generosos. O que acontecera ali? Imaginem só! Um ramo, danadinho, ligado ao tronco, produziu três cachos do mesmo tamanho, mas de cor diferente dos outros: três cachos verdes em meio aos rosés! Ah! Como pode?! Ele, acostumado com as uvas e aquele universo, estava surpreso, emocionado! Imaginem eu, completamente leiga, vendo aquilo... bonito demais! Principalmente flagrar os olhos brilhantes e o tom amoroso com que se referia ao trabalho familiar, em equipe: a ele, cabia acompanhar os visitantes; o filho era quem, agora, estava no comando do negócio e os netos, aprendizes atentos, colhiam as uvas para os clientes, pesavam e cobravam. Saí de lá não só com uma cesta generosa de uvas; saí acrescida e feliz! Amo encontrar estes universos diferentes do meu. O cotidiano está cheio de cenários inusitados e de singulares histórias de vida. É só parar, olhar, ler ou escutar. Emoção e aprendizado estão sempre garantidos.

 

 

 

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2023, 14o aniversário do Blog! O meu desejo, por estes tempos, é de um pouco de calma, um pouco de paciência, um pouco de doçura, de maciez, por favor! Deixar chover, dentro! Regar a alma, o coração, as proximidades, os laços, os afetos, a ternura! Um pouco de silêncio, por favor! Para prestar atenção, relaxar o corpo, afrouxar os braços para que eles se moldem num abraço!

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