O que fazer "ó Pátria amada"?


     Senti uma emoção forte, neste 7 de setembro, acompanhando imagens, pela TV, alusivas à data, ao  ver, em Brasília, assistindo aos desfiles, a presidente Dilma. Me emocionou ver uma mulher naquele lugar, usando a faixa presidencial. Eu amo  e me orgulho da minha pátria. Desde pequena. Do que lembro, isto começou na escola, embora não saiba precisar o que foi... mas lembro da emoção diante do Hino Nacional entoado à frente da bandeira subindo pelo mastro e pairando lá no alto, com a imensidão do céu como moldura... lembro do quanto meu coração palpitava forte, durante o desfile e que sempre chorava enquanto desfilava; por sentimentos fortes e presentes ainda hoje; quando acompanho os alunos no desfile simbólico que improvisamos, todos os anos com alunos e pais, nas cercanias da escola. Interessante que eu vejo, nos pequenos, o mesmo olhar encantado diante da bandeira tremulando no alto e, do hino, cantado pelos maiores. E me sinto tão implicada em oportunizar experiências assim, aos alunos! O que fazer pela “pátria amada”? Pelo “gigante pela própria natureza”? O que significa “brava gente, brasileira”? Ter orgulho de uma pátria ainda com tanta injustiça, corrupção, violência, descaso com a infância, saúde, educação e outras condições básicas? Sim! Ainda assim!  Porque, sem deixar o olhar crítico, posso colocar a mão na massa e trabalhar; fazer alguma coisa como tantos fizeram e fazem. Fazer a parte da gente não é dever nem obrigação, é o natural; em qualquer lugar.  O dever já é uma implicação maior, que vem da consciência. A obrigação, infelizmente, só existe por causa da infantilidade. Eu me decepciono com a  arrogância com que se aponta e critica  o outro, grupos, instituições, etc, em qualquer lugar,  mas agora falo do nosso país. Me decepciono com a arrogância e não com a crítica. Algo que eu mesma já tive,  experimentei. Por vezes a gente se coloca num lugar de saber que se torna cego, egóico e opressor. Depois a gente aprende que se não coloca este saber para produzir mudanças, "concretudes" no cotidiano; ele só serve para encher a cabeça de idéias, conceitos, preconceitos, inquietudes, revolta, soberba e solidão. Responsabilidade, ética, honestidade, senso de justiça e de coletividade; a realidade da vida  mostra que se constrói “de pequeno”; observando os adultos e imitando. Seria tão bom se  os adultos tomassem consciência disto! Neste sentido, estou vivenciando uma experiência singular, com os alunos. Todos querem ser o ajudante do dia. Então resolvi escolher o líder da semana. Toda sexta fazemos a eleição (secreta) para a próxima semana. Aqueles que querem ser líder, vão à frente e falam o motivo, por que querem ser líder.  Gente! Que  retrato da realidade!!! Nossa! E com crianças de 7, 8, 9 anos. Nas primeiras vezes, houve até promessa de distribuição de suco e de brigadeiro na hora do lanche! Então fomos conversando... eles vivenciando e observando o quanto é difícil  cumprir promessas feitas sem pensar;  como é fácil criticar quando não se está envolvido, como é preciso pensar antes de prometer ou se comprometer com algo... Agora, é tão bonitinho e emocionante vê-los aprendendo a se articular com a palavra, organizar as idéias, pensando no  grupo e não somente em si mesmos e no prazer de estar num lugar privilegiado. Com o passar do tempo, acrescentei um detalhe, um desafio; que pensassem bem e só se candidatassem aqueles que se sentissem capazes de cumprir, de fazer aquilo que eles mesmos propõe e acham que é bom e que deveria acontecer na nossa sala; porque teriam que ser o exemplo, os primeiros a fazer! Incrível que o número de candidatos diminuiu; aquele frenesi em ser candidato e líder baixou em 50 %. E tem aqueles que sempre se candidatam! É lindo! E o que aparece nos discursos é algo assim: “eu quero ser líder para ajudar a professora”; “para entregar agendas e trabalhos”; “para ajudar os colegas que precisam”; “para ver um jeito de providenciar lanche para aqueles que não trouxeram”, “para falar com a professora sobre coisas que não estão bem na sala”; “para falar com a diretora sobre coisas que a gente quer ou que não estão legais”; “para ajudar a fazer silêncio na sala, na hora de estudar e que precisa”, “para que a nossa sala fique melhor...”. E nem preciso pedir; a cada discurso, todos aplaudem.  Gostam de votar. E acontece também de um candidato nem votar nele mesmo; votar num colega! Eu adoro este movimento e vejo que eles também. Eu acredito que sim, mas mesmo assim me pergunto: será que isto fará  diferença  e ajudará a produzir um outro perfil de brasileiro, de político, de patriota, “ó pátria amada”?






































































 

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